Fé marca a data de Corpus Christi
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Clarice Graupe Daronco

A Igreja Católica comemorou ontem, dia 3 de junho, o Corpus Christi. Em casa, sozinho, com a família, virtualmente ou na comunidade, a igreja católica convidou todos os fiéis para a celebração da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, popularmente conhecido como ‘Dia de Corpus Christi’. A celebração solene é uma das mais antigas do catolicismo em todo o mundo. Foi instituída pelo papa Urbano IV, em 1264, para ser celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
Respeitando as orientações sanitárias impostas devido à Covid-19, cada Diocese e comunidades paroquiais elaboraram orientações próprias para que todos os fiéis tivessem a oportunidade de celebrar dignamente o dia solene e favorecer a solidariedade com os mais empobrecidos. Devido à pandemia de Covid-19, o povo catarinense vive um tempo diferenciado, mas que não os impede de expressar a fé no Cristo Ressuscitado.
Em Timbó, na Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, neste ano, devido a pandemia da Covid-19, não teve a tradicional procissão sobre os tapetes confeccionados pelos fiéis. Foi realizada apenas a celebração da Santa Missa no período da manhã e após a Santa Missa, o Santíssimo Sacramento ficou exposto na Igreja Matriz, até o final do dia, para adoração dos fiéis.
Já em Indaial, foi realizada na Igreja Matriz Santa Inês uma programação diferente. A direção da Igreja destaca que este ano devido à pandemia não foi permitido decorar os tapetes de Corpus Christi nas ruas da cidade, somente no pátio da igreja. Dentro da programação aconteceu a Santa Missa às 8h sendo que a capacidade permitida de pessoas é de apenas 25% da capacidade total da igreja. Após a missa o padre João Bachmann passou nas comunidades com o Santíssimo Sacramento abençoando a cidade e as casas. Durante o dia o Santíssimo Sacramento passou pelas capelas: Santa Rita, Sagrada Família, Nossa Senhora Aparecida, Santo Estanislau, São João Batista, Santa Terezinha e São Bonifácio.
A importância da data
Em entrevista à redação do JMV, o padre da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, José Cardoso Bressanini, fala sobre o Dia de Corpus Christi.
Segundo ele, a data comemorativa do Corpus Christi se dá sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, em alusão ao dia santo em que Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia. A festa foi instituída pelo papa Urbano IV, no dia 8 de setembro de 1264.
O padre conta que “a festa do Santíssimo Corpo e Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo nos remete ao século XIII, tendo sua origem em Bolsena na Itália. Certa vez, na referida cidade, quando o padre Pedro de Praga celebrou uma missa, na cripta de Santa Cristina, aconteceu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Então, o papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, informado do milagre, ordenou ao bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o papa encontrou os fiéis caminhando na entrada de Orvieto, teria então pronunciado, diante da relíquia eucarística, as palavras: Corpus Christi. Ainda hoje, conservam-se, em Orvieto, os corporais onde se apoia o cálice e a patena durante a missa, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue”.
De acordo com Bressanini “durante a Festa de Corpus Christi as ruas são enfeitadas, ornamentadas para que por ela se passe a procissão com o Santíssimo Sacramento. É feito um tipo de tapete utilizando diversos materiais, como serragem, areia colorida, borra de café, cal, entre outros, por onde a procissão passará. Essa procissão nos lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da terra prometida. Antes o povo peregrino que caminhava no deserto era alimentado com o maná. Hoje, graças à instituição da Eucaristia, o povo é alimentado pelo próprio Corpo e Sangue de Jesus Cristo”.
O padre afirma que: “esta é a festa da presença amorosa de Jesus em meio a sua Igreja, ao seu povo, pois a Eucaristia é o sacramento do amor por excelência. Sendo próprio do amor a proximidade e o rebaixamento, é mais do que justo reconhecer em tal sacramento um “amor que supera todos os amores no céu e na terra” (São Bernardo). Sendo a proximidade uma realidade comum a quem ama, Jesus quis, de maneira tão simples, fazer-se presente para nos dar a felicidade de sua amizade. O rebaixar-se para levantar a quem se ama, outra dimensão profunda do amor, também está presente na Eucaristia. Nesse sacramento, Jesus se rebaixa, esvazia-se de sua divindade e de sua humanidade, torna-se frágil e vulnerável em nossas mãos, para nos levantar até sua vida divina. Um mistério de fé e de amor que se renova, todos os dias, nos altares do mundo inteiro; e que mereceu uma festa tão bela, para honrar e amar Aquele que é a razão da nossa fé e o alimento daqueles que neste mundo vivem a caminho da eternidade”.