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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Pintura Bauernmalerei

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Pintura Bauernmalerei

Clarice Graupe Daronco

Foto: ARQUIVO PE

“O projeto Bauernmalerei: Resgate de uma Tradição tem o intuito de voltar o olhar para essa técnica ligada aos antepassados, imigrantes, que fundaram as cidades do Médio Vale do Itajaí, em especial Indaial e Blumenau, constituindo-se um legado e uma tradição a serem revisitados”. Com essas palavras a artista indaialense, Sandra R. C. Bugmann, fala sobre o projeto e as ações que já foram desenvolvidas.

Segundo Sandra, por seu caráter folclórico e características de espontaneidade e gestualidade, essa técnica é acessível a pessoas sem experiência e conhecimentos prévios na área de pintura. “Atributos relacionados à expressividade plástica, exercício da criatividade, possibilidade de pintura em grupo e aquisição de um saber-fazer contribuem para que a pintura Bauernmalerei favoreça a sensação de relaxamento, autoconhecimento, conectividade e empoderamento, gerando bem-estar e favorecendo a autoestima”.

O projeto da pintura camponesa alemã começou a ser desenvolvido em Blumenau com a realização de oficinas gratuitas, além de live de inauguração e entrega da pintura produzida pela artista Sandra Bugmann no muro da Praça Hilda Bublitz; demonstração da pintura, além de exposição dos trabalhos produzidos pelos alunos da oficina; pelo canal www.youtube.com/sandrabugmann. Já em Indaial as oficinas foram desenvolvidas na Unidade de Educação Infantil Pinguinho de Gente, de forma gratuita, às professoras e colaboradoras da Unidade. O projeto Bauernmalerei: Resgate de uma Tradição, de Sandra R. C. Bugmann, é aprovado pelo 2º Prêmio Herbert Holetz do Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Blumenau (004/2019).

Sandra afirma que: “pintar Bauernmalerei faz bem para a alma. Nos cursos, presencio as pessoas começarem a relaxar, conversas fluírem, a alegria de superação, pois é preciso aprender a pincelada em forma de vírgula, que todos aprendem, mas exige um certo treino inicial, recordações afluem. E no fim surge a grata satisfação de uma pintura feita por si mesmo (a)”.


Bauernmalerei

A palavra, em tradução livre do alemão, significa Pintura Camponesa. Aqui no Brasil, esta pintura vem sendo denominada Pintura Camponesa Alemã. Segundo Sandra, é uma arte folclórica muito antiga. “Seu surgimento data de meados do século XVII e foi influenciado pela grande fascinação dos europeus por peças e móveis laqueados e decorados trazidos do Oriente. Como a importação dessas peças era algo trabalhoso, demorado e muito caro, artesãos e marceneiros daquela época procuravam de toda maneira desenvolver uma técnica adequada aos materiais de que dispunham para enfeitar seu mobiliário. Logo, foram adaptando e desenvolvendo um estilo próprio. Esta atividade não se restringiu às classes mais altas. A ideia foi se disseminando e surgiu na região dos Alpes, onde hoje situa-se o sul da Alemanha, uma técnica de pintura que utilizava motivos ingênuos e simples para valorizar peças feitas de madeiras de qualidade inferior. A princípio eram feitas imitações rústicas de madeiras nobres ou pedras como granito ou mármore. Posteriormente começaram a ser utilizados motivos geométricos, aos poucos foi se desenvolvendo outros temas como flores, paisagens e até mais complexos como retratos e motivos religiosos. A simplicidade da técnica fez com que este tipo de pintura se tornasse popular entre os camponeses e suas famílias, constituindo-se um legado que era passado de geração em geração”, explica.


ARQUIVO PE/

Vontade de aprender

A profissional relata que “desde pequena tenho fascinação pelo desenho, pintura, malerei todas as formas de arte e artesanato. Há 26 anos, minha mãe é grande incentivadora, viu uma matéria no Suplemento Feminino do Estadão sobre Bauernmalerei com os trabalhos da artista Maria Carmen Osterne, de São Paulo. Ficamos encantadas na época. Já adulta e casada, fomos fazer um curso, em São Paulo, com essa professora. O Maurilio (meu esposo) e eu. O curso durava uns dois meses, tanto insistimos que ela concordou em dar quatro aulas em dois dias. Ficamos pintando fundos de peças e secando com o secador no quarto do hotel para pintar o maior número de peças possível. Na volta, logo aconteceu a primeira Mostra Bordeaux. Conseguimos um mini espaço e usamos peças com Bauernmalerei. Muitas pessoas começaram a pedir curso e comecei a dar aulas. Não tinha muito material sobre o Bauernmalerei, mas fui pesquisando e conseguindo buscar livros da Alemanha e dos Estados Unidos, estudando, treinando, pintando e assim por diante. Tenho profunda admiração pelas pinturas folclóricas e, pelo Bauernmalerei, em especial, e pensava que essa técnica deveria ser mais divulgada e valorizada. Tem uma aldeia na Polônia, Zalipie, em que as pessoas pintam flores, em um outro tipo de pintura folclórica, nas paredes das casas. Surge então a ideia de transpor o Bauernmalerei do ambiente interno, das peças e móveis para a superfície mais ampla do muro ou da parede, pintando flores e elementos bem grandes. Uma forma de divulgar, difundir e permitir que mais pessoas conheçam e se encantem com as flores características da técnica”.

Sobre as oficinas, Sandra destaca que: “percebo que aos poucos as pessoas vão relaxando, começam a conversar e contar histórias durante as oficinas. E ver as pessoas alegres com suas pinturas, é muito gratificante. Foi extremamente válido e oportuno oferecer essa oficina às professoras e colaboradoras da UEI Pinguinho de Gente, nesse início de semestre, fazendo um paralelo com a situação de longo Inverno, e a esperança de que novos tempos se aproximem e possamos ter uma Primavera para celebrarmos, em segurança, a alegria e a possibilidade de encontros. Enfatizando ainda o aprendizado de uma expressão cultural relacionada à tradição germânica, componente da história da formação cultural do município e da região”.

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