Memorial da Irmã Eva recebe inúmeros devotos
Espaço reservado para cultivo de ervas e plantas em homenagem à Irmã que se dedicou
em cuidar da …
Clarice Graupe Daronco/JMV

RODEIO – “O Memorial de irmã Eva Michalak, mais conhecido por Horto de Irmã Eva, é um espaço destinado à visitação, em vista de inúmeros benefícios provenientes da flora, ervas medicinais, beleza natural e consequentemente a paz encontrada na área”. A frase é da Irmã Tereza Costa, atual coordenadora da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, de Rodeio.
Irmã Tereza explica que o Memorial, por ocasião do Centenário da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, em 2015, foi revitalizado. “O Memorial foi revitalizado durante o ano de 2014 e reinaugurado em novembro do mesmo ano”, observa a religiosa ao contar que o trabalho de revitalização foi realizado em parceria com a Epagri e a Prefeitura de Rodeio.
Ao falar sobre a implantação do Memorial, Irmã Tereza explica que o intuito foi de aproveitar o legado tão precioso à vida e às pessoas que buscavam ajuda nos tratamentos naturais, na valorização das plantas medicinais, na alimentação, nos novos hábitos de tratamento de saúde, no despertar para a ecologia, no estudo científico para as crianças e juventude das escolas e incentivar o cultivo de plantas medicinais, frutíferas e ornamentais nas localidades onde vivem.
De acordo com a Irmã Tereza, o Memorial de Irmã Eva foi se desenvolvendo ao longo de mais de meio século com os trabalhos incansáveis de Irmã Eva. “Ela recolheu experiências adquiridas no trabalho diário com as plantas e com as pessoas. Sempre valorizou intercâmbio com especialistas, entidades e estudiosos. Aos poucos viu crescer seu trabalho humilde contínuo e persistente. Seus resultados eram registrados em apontamentos manuscritos. Seus serviços fitoterápicos tinham em vista poder servir a todos e em especial os mais necessitados. Ela se dedicou por inteira, durante toda sua vida a esta causa. Todo e qualquer trabalho seja na coleta, plantio, sementes, mudas, cuidados diretos à natureza, distribuição de seus saberes, pesquisas, orientações a quem a procurava o fazia com amor e sem distinção de pessoas. Nas viagens que realizou pelo Brasil fez contatos com as mais diversas fontes, pessoas e instituições. Pesquisava muito, era autodidata. Ao voltar trazia novidades e muita alegria. Logo retornava aos afazeres no Horto, independentemente das intempéries. Era lá seu espaço preferido”, relata a religiosa.
Hoje, observa Irmã Tereza, visitam o Memorial de Irmã Eva Michalak, pessoas com interesse de conhecer o espaço, as ervas medicinais, as plantas frutíferas e ornamentais.
“São pessoas de todas as idades, crianças e jovens das escolas, médicos, biólogos, professores, presidentes de entidades, grupos de Terceira Idade, doentes, turistas e outros interessados nas questões ambientais. Além de conhecer o espaço e as plantas, pedem orientações de como usar, efeitos e como cultivar”, destaca a religiosa ao comentar ainda que pessoas do Norte, Nordeste, de todo país se comunicam ou visitam o Memorial.
“Inclusive pessoas do Paraguai e da Argentina buscam conhecer o espaço”.
HISTÓRIA DA IRMÃ EVA
A Irmã Eva Michalak nasceu em Massaranduba no dia 12 de julho de 1912. O pai, Ladislau Michalak veio da Polônia e a mãe Anna Otembreit nasceu em Galícia, na Áustria. Eva, com a idade de 17 anos, ingressou no Colégio das Irmãs Catequistas Franciscanas, em Rodeio. Os primeiros anos como Irmã, trabalhou em escolas: Benedito Novo (Travessão do Tigre – 10 anos ) e em Ascurra (Guaricanas II, por nove anos e meio). Deixou de lecionar, e permanecendo em Rodeio, atendia necessidades no colégio.
As leituras feitas em livros de medicina caseira, de autoria de Leonard de Verman Jacques de Varsóvia e outros, “acordou” ideias na área da saúde e plantas medicinais. Foi seu novo caminho aberto e percorrido até o fim da vida. Ela realmente amava a natureza, com ela se identificava. Conhecia todas as plantas pelo nome informal e científico, seu valor na saúde, usos e efeitos. Pesquisava muito, viajava e apreciava aves, animais, peixes e os processos de conservação a fim de serem guardados em museus.
Além da botânica, tinha grande conhecimento em astronomia, mineralogia e vida marinha. Mas para melhor atender as pessoas mais carentes dedicou-se às plantas medicinais. Pedia às Irmãs de outras regiões que lhe trouxessem sementes e ou mudas para enriquecer o espaço das ervas e plantas em Rodeio, hoje, o Memorial de Irmã Eva. A sede de aprender mais nunca a deixou.
Ela foi autodidata. “Sua vida foi singular, simples, voltada para os mais necessitados, sua alimentação era simples e natural. Sua vida e legado continuam junto a todos que a conheceram e a ajudaram a realizar um sonho tão grande e valioso. Os pequenos e simples deixam rastros que não se apagam”, relata Irmã Tereza.
A religiosa afirma que Irmã Eva Michalak, aos 94 anos, deixou tudo quanto fez como legado a quem vier e puder aprender a lição por ela deixada, ao vir a falecer no dia 31 de maio de 2007. “Rodeio, onde nasceu a Congregação, também nasceu o Memorial de Irmã Eva Michalak como benção e fonte de novas inspirações para melhor qualidade de vida e contribuição para salvar o Planeta Terra”.