Maria Fumaça de Apiúna é atração em documentário
Os passeios turísticos estão suspensos até que seja feita adequação do trecho …
MARLI JARDIM/jmv

MARLI JARDIM/jmv
[email protected]
APIÚNA – A cidade se transformou em cenário de um filme devido a existência da locomotiva 232 que operava o trem histórico cultural, na localidade de Subida, em Apiúna. A filmagem que movimentou a cidade em dois sábados, levantou a questão da preservação turística do município. O passeio de trem estava sendo realizado, mas hoje, a locomotiva não trafega mais por aquela ferrovia. A locomotiva fabricada em 1920 nos Estados Unidos, serviu apenas de cenário para o documentário da RPCTV do Paraná, afiliada da Rede Globo, sobre a Guerra do Contestado. Hoje, a locomotiva se encontra parada. Ela pesa 45 toneladas, possui seis rodas de tração, três em cada lado, cuja configuração lhe confere o tipo denominado “Ten Wheeler ".
Conforme explicou Luiz Carlos Henkels, Relações Públicas da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF, a história só foi filmada na cidade devido a Maria Fumaça que remete aquele tempo. Também filmaram dentro da Usina Salto Pilão e os moradores puderam acompanhar as cenas com o trem. A figuração veio de fora com a presença de mais de 40 figurantes de Curitiba, já que o documentário tinha um contexto histórico. O restante foi filmado no Paraná. Durante as filmagens, a Villa Franzói recebeu a equipe de TV e visitantes com almoço, café colonial e a apresentação do grupo Folclórico Alpino Germânico de Pomerode.
A Maria Fumaça operava com a licença provisória, conta Henkels. Para a licença definitiva é necessário a construção de uma estação. “O local onde o trem fazia parada foi feito pela madeireira Franzói para dar apoio ao projeto.
O passeio conduzia turistas a partir de março de 2010 e funcionou até 2011, quando com as fortes chuvas houve vários desabamentos, afetando o trecho por onde a locomotiva passava.
A responsabilidade na época era da Tremtur, que mantinha um operário para preservar o trecho de 3,2 quilômetros de trilhos da antiga Estrada de Ferro Santa Catarina. O local do embarque, no centro de subida era alugado e não existe mais. “Estamos buscando apoio para que possamos fazer a locomotiva voltar a funcionar e movimentar o turismo da cidade e região. Para isso, já enviamos uma série de documentos para Brasília e estamos pedindo apoio ao governo do Estado, por intermédio da Secretaria Regional de Ibirama, da Prefeitura de Apiúna e empresários locais”. O objetivo é retornar com os passeios em 2013.
A locomotiva fez
história
A locomotiva é procedente da Rede Mineira de Viação, onde operou comercialmente até 1976, momento em que estava condenada ao sucateamento, sendo ao invés disso passada aos cuidados da ABPF para que fosse preservada como museu vivo da memória ferroviária Brasileira. No caso da 232 ela foi reformada em Rio do Sul por patrocínio de empresários do ramo metal mecânico, e do ramo de fabricação de caldeiras.
Em Apiúna, a 232 puxava dois carros de passageiros de segunda classe. Um deles de 1934 e outro fabricado em 1933, ambos também restaurados por patrocínio do empresariado do Alto Vale.
A ABPF é uma entidade sem fins lucrativos para resgatar a memória da ferrovia brasileira e é operada por sócios voluntários, pessoas que tem afinidade com a memória do trem nos mais diversos aspectos, seja mecânica, fotografias históricas, restaurações, operação de trem a vapor (profissão em extinção), dentre outras.
Aqui no Vale do Itajaí, à Associação se dedica ao resgate e preservação da memória da extinta EFSC (Estrada de Ferro Santa Catarina) que foi a via de comunicação mais importante da região de 1909 até 1965, mais ou menos, quando entrou em decadência em função da modernização do transporte rodoviário.
“Regionalmente as prefeituras e orgãos turísticos ainda não se conscientizaram da importância do trem histórico cultural para o turismo. Em São Paulo, cidades que tem a primazia de ter o trem como atrativo, gastam fortunas para sua viabilização. Acredito que assim que licenciarmos o trem por aqui seremos também olhados de outra forma, se bem que, mesmo não licenciado acredito que poderia haver um apoio maior”,ressalta Henkels.
O passeio tinha início no acesso ao asfaltado da subida, no km 117 da BR 470, e percorria 3.2 quilômetros, passando pelo túnel, pela ponte viaduto de dois arcos, e ainda sob a antiga Estrada de Blumenau, atrás da Igreja Nossa Senhora do Caravaggio. O trem seguia por um remanescente de Mata Atlântica, com vista para o Rio Itajaí-Açú, até o pátio de manobras da Usina de Salto Pilão. Atualmente, a usina abriga a locomotiva que ficará guardada lá até que tudo se resolva e ela volte a soar seu apito num passeio de apresentação aos turistas da bela Apiúna.