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sábado, 21 de junho de 2025

Corpus Christi: Fé que floresce nas ruas e une corações

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“Mais do que uma expressão de religiosidade, o momento é também um símbolo de união e do trabalho coletivo em torno da fé.” Com essas palavras, o padre Raul Kestring, da Diocese de Blumenau, resumiu a essência das emocionantes celebrações de Corpus Christi, vividas com intensidade no dia 19 de junho. Um dia que não apenas movimentou fiéis em todo o país, mas tocou profundamente as comunidades da Diocese de Blumenau, marcando o calendário com fé, cor e devoção.

A solenidade, que celebra o Corpo e Sangue de Cristo, é uma das datas mais importantes da liturgia católica. E, como há séculos, foi vivida com toda a sua simbologia: missas solenes, procissões reverentes e os tradicionais tapetes coloridos, desenhados com amor, arte e fé pelas mãos de voluntários.

Em Timbó, ainda na madrugada do feriado, dezenas de pessoas se uniram em frente às Paróquias Santa Terezinha, no Centro, e Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, no bairro dos Estados, para dar forma ao gesto coletivo que antecede a procissão: a confecção dos tapetes. Feitos com papel, cartolina, tecidos e materiais recicláveis, os tapetes formaram um caminho de esperança e espiritualidade, retratando símbolos cristãos e mensagens que tocam a alma.

Famílias inteiras — crianças, jovens, adultos e idosos — se reuniram para participar das missas e, em seguida, acompanhar a procissão, em um gesto que une gerações em torno da tradição. Manter viva essa prática, que há décadas faz parte da história das comunidades, é também perpetuar valores de fé, fraternidade e pertencimento. Grupos pastorais, catequizandos e voluntários de todos os cantos se envolveram, lembrando que cada flor, cada cor, cada traço dos tapetes é também uma prece silenciosa que se estende pelas ruas.

Celebrações que tocaram o coração das comunidades

Em Timbó, as celebrações começaram às 8h, na Paróquia Santa Terezinha, com a missa presidida pelo padre André Piasecki, seguida da tradicional procissão. À noite, às 19h, outra missa foi celebrada na Matriz, desta vez sem procissão.

Na Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, no bairro dos Estados, a missa das 9h foi conduzida pelo padre Marcos Ricardo Friedrich e, após a celebração, a procissão seguiu até o ginásio da Escola Hugo Roepke, onde foi concedida a bênção com o Santíssimo Sacramento.

Indaial também viveu intensamente esse dia de fé. Na Paróquia Santa Inês, no Centro, a missa das 9h foi seguida por procissão; outra missa foi celebrada às 19h. Na Paróquia São Francisco de Assis, no bairro Carijós, a celebração aconteceu na Comunidade Sagrado Coração de Jesus, no bairro Mulde, também com procissão após a missa das 9h. Na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro das Nações, a programação foi semelhante: missa às 9h e procissão.

Em Rio dos Cedros, a Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição celebrou a missa às 15h, seguida da procissão solene. Em Doutor Pedrinho, as celebrações começaram às 8h30, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na comunidade de Santa Maria, e continuaram às 10h, na Paróquia Nossa Senhora da Glória, com missa e procissão. A manhã também foi marcada por uma tradicional pastelada no salão paroquial, reforçando o espírito comunitário do evento.

Em Benedito Novo, a Paróquia São Roque reuniu fiéis para a missa das 15h, seguida da procissão pelas ruas próximas à Matriz.

Um mistério que atravessa os séculos

O padre Raul Kestring explica que “Corpus Christi” significa, em latim, “Corpo de Cristo”, referindo-se ao sacramento da Eucaristia — a presença viva e real de Jesus entre os homens. Mais do que uma festa, é considerada uma solenidade: uma celebração grandiosa da fé católica. Nela, recorda-se a união hipostática — um mistério profundo que afirma Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Nas palavras de São Paulo, é na última ceia que esse mistério se revela: “Tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu Corpo’… depois, o cálice: ‘Este cálice é a nova aliança em meu sangue… fazei isto em memória de mim’” (1Cor 11,24-25). E é exatamente essa memória que renasce a cada ano em Corpus Christi, como um gesto de amor que ultrapassa o templo e alcança as ruas, as casas e os corações.

Foi no século XIII, com as revelações feitas à religiosa agostiniana Santa Juliana de Cornillon, que a Igreja compreendeu a necessidade de uma comemoração pública para a Eucaristia. Assim nasceu a Solenidade de Corpus Christi, oficialmente instituída em 1264 pelo Papa Urbano IV, e mais tarde promulgada por João XXII.

Desde então, em cada canto do mundo católico, multiplicam-se os gestos de fé. A missa, seguida da procissão com o Santíssimo Sacramento em ostensório, torna visível aquilo que se crê: Cristo vivo, caminhando entre o povo.

E é com reverência e gratidão que as ruas se transformam em altares coloridos, onde a fé encontra expressão na beleza da arte popular e na simplicidade do gesto de cada mão que colaborou. Corpus Christi não apenas celebra um sacramento, mas reaviva, ano após ano, o milagre da fé que se faz caminho.

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