Na serenidade dos corredores da Renal Vida de Timbó, o tempo pulsa em um ritmo diferente. Ali, entre máquinas e olhares esperançosos, vidas se renovam diariamente sob os cuidados atentos do doutor Ian Robert Rehfeld, médico responsável técnico da unidade. Com uma trajetória marcada pela empatia e pela excelência, doutor Ian é mais do que um especialista: é um guardião silencioso da saúde renal na região.
Referência em tratamento e acompanhamento de doenças renais, a unidade oferece muito mais do que sessões de hemodiálise. A Renal Vida acolhe pacientes em diferentes estágios da doença, desde aqueles que ainda não necessitam de terapia dialítica até os que dependem da tecnologia para sobreviver. “Atendemos doentes renais crônicos em estágios 4 e 5, que são quadros mais avançados, em um ambulatório específico. É um trabalho realizado em parceria com o Governo do Estado, por meio do SUS, com consultas periódicas e acompanhamento especializado”, explica o médico, com a serenidade típica de quem conhece bem os desafios e vitórias desse universo.
O espaço dispõe de 22 pontos de diálise, funcionando em três turnos diários. “Nossa capacidade atual é para até 132 pacientes, mas, felizmente, temos vagas disponíveis para quem precisar iniciar o tratamento”, destaca o médico, com um olhar firme, porém acolhedor, que transmite segurança aos que ali chegam fragilizados.
E não é apenas a tecnologia que faz da Renal Vida uma referência. Ali, a assistência vai além do físico: uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, psicóloga, assistente social e nutricionista acompanha cada paciente, oferecendo suporte integral ao tratamento. “Esse cuidado não se restringe à hemodiálise. Também é estendido aos pacientes do ambulatório, que recebem orientações específicas para viver com qualidade”, ressalta.
O trabalho educativo é um pilar silencioso e contínuo. “Fazemos a educação de forma individualizada, durante as consultas. Cada paciente é orientado conforme sua necessidade, sempre com muita atenção e respeito”, pontua Rehfeld, que, com voz tranquila, revela a delicadeza escondida por trás da rotina técnica.
O médico também enfatiza o caráter formativo da Renal Vida, especialmente na unidade de Blumenau, onde residentes em nefrologia se dedicam à pesquisa e à produção científica. “Por aqui, eventualmente realizamos trabalhos pontuais com acadêmicos de medicina interessados na área”, comenta, sempre incentivando o avanço do conhecimento.
A constante busca por inovação é uma marca da instituição. Recentemente, a unidade incorporou a hemodiafiltração, técnica moderna de diálise que promove uma depuração mais eficiente. “Adquirimos duas máquinas que já estão em pleno funcionamento, oferecendo um tratamento mais avançado para nossos pacientes”, orgulha-se Rehfeld, com a satisfação de quem vê a ciência servir à vida.
Sobre a prevenção, ele é enfático: “Os principais fatores de risco para a doença renal crônica são diabetes, hipertensão e histórico familiar. O grande desafio é que, muitas vezes, a doença é silenciosa e só se manifesta em estágios avançados. Por isso, reforçamos a importância do rastreamento periódico, especialmente para quem pertence a esses grupos de risco.”
Esse cuidado preventivo extrapola os muros da unidade: “Participamos ativamente de campanhas comunitárias, como no Dia Mundial do Rim, realizando aferição de pressão arterial, controle de diabetes e oferecendo orientações. Já fizemos palestras tanto para médicos das unidades básicas de saúde quanto para a comunidade em geral”, recorda, reforçando o papel social da instituição.
Quando o diagnóstico aponta para a necessidade da chamada terapia renal substitutiva, o paciente é acolhido com humanidade e informação. “Explicamos as opções — hemodiálise ou diálise peritoneal — e, juntos, paciente e equipe escolhemos o melhor caminho. Essa decisão é sempre compartilhada, levando em conta a rotina e as preferências de quem vai seguir com o tratamento”, revela Rehfeld, com a sensibilidade de quem compreende o impacto que essa escolha representa.
O transplante renal é, sem dúvida, uma esperança luminosa. “É a melhor opção terapêutica para quem nãotem mais função renal. Hoje, com os avanços nos medicamentos imunossupressores, o risco de rejeição é muito menor”, relata, com a confiança de quem vê a medicina evoluir. Mas pondera: “Nem todos são candidatos. Fazemos avaliações clínicas e laboratoriais criteriosas.
Pacientes com infecções ativas, doenças graves ou em idade extrema podem não ter indicação.”
A jornada de quem convive com a doença renal crônica não é fácil. “O tratamento compromete, sim, a qualidade de vida. São horas dedicadas à diálise, deslocamentos muitas vezes longos, inúmeras medicações e restrições alimentares”, reconhece o médico, com a compaixão de quem observa, todos os dias, os desafios e superações dos pacientes.
Mas há beleza nesse caminho. “Apesar das dificuldades, muitos pacientes seguem suas rotinas, inclusive trabalhando. Eles aprendem a se adaptar, vivem bem, com dignidade e qualidade”, afirma, com brilho nos olhos.
A Renal Vida, por meio do SUS, garante que os custos do tratamento não sejam um obstáculo, assegurando o acesso universal e gratuito. “Os pacientes recebem toda a assistência médica e multidisciplinar necessária. O apoio econômico, quando preciso, é buscado junto aos órgãos públicos, prefeituras ou por meio de benefícios assistenciais”, detalha.
Para além da técnica, há o aspecto humano, que Rehfeld faz questão de exaltar: “O papel da família e da comunidade é fundamental. O paciente passa por uma adaptação difícil, e esse apoio é essencial para que ele possa superar as limitações impostas pela doença.”
Na voz serena e nas palavras do doutor Ian Robert Rehfeld, emerge não apenas um relato técnico, mas um convite à reflexão sobre o valor da vida, a força da ciência e, sobretudo, a potência do cuidado. Na Renal Vida de Timbó, cada paciente encontra, além de tratamento, acolhimento e esperança — personificados na figura do médico que, com competência e sensibilidade, cuida de cada vida como única.
