A educação, quando se abre ao encontro com a cultura e a memória, torna-se mais do que um processo de sala de aula: transforma-se em caminho de pertencimento. Foi nesse espírito que o Centro Integrado de Educação (CIE) de Rio dos Cedros, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, promoveu uma visita técnica que mergulhou na riqueza histórica e cultural de Santa Catarina.
Na primeira etapa da programação, professores, direção e equipe de assistência social conheceram a comunidade Ribeirão do Cubatão, em Joinville. Lá, foram recebidos pelo senhor Olívio Cristino, o Tino, de 76 anos, bisneto de escravizados. Em sua voz firme, ecoaram lembranças de resistência e orgulho, reafirmando a importância da preservação das raízes quilombolas. Sua comunidade, reconhecida oficialmente como remanescente quilombola em janeiro de 2020, guarda nas histórias contadas por ele um patrimônio imaterial de luta e identidade.
“A memória e a resistência dessas comunidades nos ensinam a construir uma educação mais justa e inclusiva”, refletiu a assistente social Janete Cipriani, emocionada com a partilha de saberes e vivências.
À tarde, o grupo seguiu para o Museu Nacional de Imigração e Colonização (MNIC), também em Joinville. Ali, sob a condução da educadora Alcione ResinRistau, os visitantes percorreram salas, objetos e narrativas que revelam como a imigração moldou a geografia humana e cultural de Santa Catarina. “Explorar o acervo e os ambientes do museu permite compreender como a história, a cultura e a geografia se entrelaçam, enriquecendo nossas práticas pedagógicas”, destacou Alcione.
A imersão, no entanto, foi além de visitas. Representou uma ponte entre o saber acadêmico e a vida real das comunidades tradicionais. Para a professora Marcela Kannenberg, esse é um movimento indispensável: “Nosso objetivo é valorizar a memória, compreender os processos de resistência e reconhecer as contribuições das comunidades quilombolas, favorecendo práticas pedagógicas críticas, inclusivas e interculturais.”
O dia terminou com a certeza de que a história não se encontra apenas nos livros. Ela pulsa nas vozes que a preservam, nas comunidades que resistem e nos espaços de memória que guardam a identidade de um povo. Mais do que uma atividade pedagógica, a visita técnica foi uma experiência de humanidade, que convida a olhar para o passado como forma de iluminar o futuro.