Você já ouviu falar em brain rot? O termo, que vem do inglês e significa literalmente “apodrecimento cerebral”, ganhou popularidade nas redes sociais e entre gamers. Mas, longe de ser apenas uma gíria, ele traduz um fenômeno real e preocupante do nosso tempo.
Vivemos em uma era marcada pelo excesso: de informações, de estímulos e de pressa. Rolamos a tela sem parar, pulamos de vídeo em vídeo, checamos notificações a cada minuto. Tudo é rápido, instantâneo e recompensador — mas, segundo especialistas, esse ritmo frenético está alterando a forma como o cérebro humano funciona.
Em entrevista à redação do Jornal do Médio Vale (JMV), a psicóloga Francielle Hartmann (CRP 12/09674) explica: “vivemos em uma época de excesso de estímulos rápidos e recompensas imediatas. Esses hábitos podem até parecer inofensivos, mas estão moldando o funcionamento do nosso cérebro”.
A neurociência confirma: o cérebro é plástico, capaz de se adaptar constantemente. Essa flexibilidade é o que nos permite aprender e evoluir. No entanto, quando nos acostumamos apenas a estímulos fáceis e rápidos, ele entra em um “modo econômico” — funcionando no piloto automático.
O resultado? Preguiça mental, perda de foco, ansiedade, distúrbios do sono, redução da criatividade e dificuldade de concentração. E engana-se quem pensa que o brain rot atinge apenas adolescentes. Adultos também estão cada vez mais vulneráveis a esse padrão de desconexão profunda.
O impacto, porém, é ainda mais preocupante nas crianças. “O cérebro infantil está em formação, e esses padrões se fixam com mais força”, alerta Francielle. “Isso explica o aumento de casos de impulsividade, baixa tolerância à frustração e dificuldades de atenção e socialização entre os pequenos”.
Mas o vilão não é a tecnologia. Ela pode ser aliada, desde que usada com propósito. O problema surge quando perdemos o controle — quando o celular dita o ritmo da vida, e não o contrário.
Há, porém, um caminho de volta. Pequenas atitudes diárias podem ajudar a reeducar o cérebro:
- Defina horários para o uso de telas, como se faz com as refeições ou o sono.
- Desative notificações desnecessárias, que fragmentam o foco.
- Crie momentos “offline” em família, com conversas, caminhadas ou jogos.
- Permita-se o tédio produtivo — o ócio também nutre a mente.
- Dê o exemplo — mais do que ouvir, as crianças observam.
A profissional afirma que: “cuidar do cérebro é um ato de amor próprio. Assim como o corpo precisa de descanso e alimentação saudável, a mente precisa de estímulos equilibrados: leitura, natureza, silêncio, arte e presença. Quando foi a última vez que você ficou longe do celular apenas para pensar? Ou que se perdeu no tempo desenhando, tocando um instrumento ou apenas observando o mundo lá fora? O seu cérebro sente falta disso. E talvez





