Cinquenta anos não se contam apenas em calendários. Medem-se em histórias, em mãos que trabalharam sem medo e em sonhos que ganharam forma entre chapas de vidro e molduras. A Vidraçaria Olinda celebra seu cinquentenário revisitando uma trajetória marcada por orgulho, gratidão e emoção.
A história começou em 1º de março de 1974, em Indaial, quando Anibal De Tofol adquiriu uma pequena molduraria. Para produzir molduras, era preciso vidro, buscado em viagens frequentes a Blumenau. “Eu ia de manhã e, quando voltava à tarde, já não tinha mais vidro — tinha vendido tudo para o pessoal arrumar janelas”, relembra Anibal. O improviso abriu caminho para o crescimento, que logo se tornou definitivo.
Sem espaço para ampliar em Indaial, o trabalho encontrou novo lar em Timbó, em um antigo rancho de milho do nono Mário Moser, sogro de Anibal. Simples e quase abandonado, o espaço se transformou no ponto de partida de uma empresa erguida com esforço, confiança e dedicação. Ali, Anibal fazia de tudo: produzia, vendia e entregava.
A consolidação veio em seguida, com a oportunidade de adquirir um terreno maior. Sem recursos suficientes, Anibal contou com o apoio de Silvestre, seu concunhado, que acreditou no projeto e se tornou sócio. A condição era especial: a empresa se chamaria Olinda, em homenagem à mãe de Silvestre. Assim, em 11 de agosto de 1975, foi assinado o contrato social da Vidraçaria Olinda Ltda., e em 14 de outubro do mesmo ano saiu o CNPJ, mantido até hoje como símbolo de continuidade.
Ao longo dessas décadas, muitas pessoas ajudaram a escrever essa história. O nono Mário Moser e a nona Gertrudes, os primeiros a acreditar. O saudoso Manuel França, o seu Maneca, que ensinou a colocar vidros e encontrou na empresa uma família. E, sobretudo, os trabalhadores: da primeira geração — os “dinossauros do vidro”, que aprendiam tudo na prática — aos profissionais de hoje.
Há funcionários que se aposentaram na Olinda, outros com poucos meses de casa e muitos com 10, 20, 30, 35 e até 40 anos de trabalho. Um retrato de pertencimento e respeito que também inclui a equipe da Olinda Sacadas, parte inseparável dessa caminhada.
Entre risos e memórias, ficam cenas que atravessam o tempo: viagens de Vemaguet para buscar vidro em Blumenau, medições à luz de vela, a Kombi atolada em Trombudo Central, subidas improvisadas pelos morros de Blumenau, caminhões descarregados à mão e incontáveis obras realizadas.
Celebrar os 50 anos da Vidraçaria Olinda é agradecer aos fundadores Anibal e Vanilde De Tofol e Silvestre e Olímpia Nones, cuja coragem e persistência tornaram tudo possível. Dos ensinamentos aos desafios, ficaram lições que formaram profissionais e fortaleceram valores humanos. O mundo mudou, a tecnologia avançou, mas algo permanece intacto: a paixão pelo vidro, o compromisso com a qualidade e o respeito às pessoas.