O Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo foi comemorado ontem, 2 de abril. A data foi estabelecida no ano de 2007 pelas Nações Unidas. Por conta disso, foi instituído o Abril Azul. Essa é uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo, assim como dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA.
Para falar sobre o tema a redação do Jornal do Médio Vale (JMV) entrevistou três mães de autistas, que contaram de forma emocionante suas experiências.
Direto de Rio dos Cedros, apresentamos a história de Gabriel Alexandre de 14 anos que tem o nível de suporte 2. Filho de Luiza e Elvis Perini, Gabriel foi identificado com autismo aos oito anos, pelo seu pai de criação Elvis. Em entrevista à redação do JMV, Luiza contou que Elvis passava mais tempo com o filho, por conta dos horários de trabalho, e em uma situação onde na escola o menino quebrou um lápis dentro do ouvido, o pai foi chamado, a direção conversou e explicou também sobre alguns comportamentos atípicos. A partir de então, Gabriel iniciou um acompanhamento com uma psicopedagoga, que identificou que o menino era autista. A confirmação veio após a consulta com um neurologista.
A partir daquele momento o casal iniciava uma batalha para educar um filho autista, já que Luiza era mãe de um rapaz de 20 anos, e obviamente a educação de Gabriel teria que ser de outra maneira, o desafio era outro.
Ter autonomia, liberdade, educação, respeito dentro e fora de casa tudo isso foi um desafio que os pais tiveram e tem que ensinar ao Gabriel, mas Luiza é enfática em dizer que hoje o filho está pronto para enfrentar o mundo. E tudo o que um pai quer para um filho é um futuro educacional, conquistando um bom emprego e construindo sua família e isso é o que Elvis e Luiza desejam ao filho. Mas durante essa batalha enfrentada com Gabriel, Luiza se deparou com um desafio pessoal, pois observando o comportamento do filho, ela se identificou em alguns aspectos, e confidenciou à redação do JMV que durante as consultas com o filho, os profissionais médicos identificaram traços de autismo em Luiza. Ela diz que nunca foi atrás de um laudo, mas confessa que futuramente o fará, principalmente para conseguir controlar a hiperatividade e a ansiedade.
Ações para conscientizar
A Comissão da Associação Beneficente TEAmigos de Rio dos Cedros realiza no dia 6 de abril, o Pedágio Solidário. A ação será desenvolvida em dois pontos da cidade, na rua Jorge Lacerda, em frente à Secretaria da Saúde, e na rua Duque de Caxias, em frente ao Mercado Campos. Conforme uma das organizadoras, Luiza Cristina Klotz Perini, o pedágio vai contar com a presença do projeto Sorriso de Timbó.
E no dia 25 de abril acontece a palestra com Junior Alves, profissional formado em Administração em Marketing, graduação em Gestão de Recursos Humanos, MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, pós-graduado em Gestão Escolar, pós-graduado em Neuropsicopedagogia, pós-graduado em Neuromarketing e formação em Personal Profissional Coach. A palestra acontece no Unions Clube, localizado na rua Ceará, às 19 horas. Importante salientar que em todos os eventos a entrada é gratuita.
A descoberta
Saindo de Rio dos Cedros, a redação do JMV parou em Rodeio para entrevistar a presidente da Associação de mães e pais de autistas, Gisele de Andrade e a vice-presidente da Associação, Daniela Tambosi Plotegher. Em comum, elas são mães de crianças autistas.
Para todo pai e mãe que tem um filho, o amor é incondicional e quando se descobre que existe algo de diferente nesse serzinho tão especial, nem todos aceitam de uma forma tão natural. Daniele e Gisele abriram o coração e sem filtro contaram como foi esse momento para a família.
“A partir dos seis meses, nós sabíamos que nosso filho Theo, hoje com seis anos, era uma criança diferente, só que a gente não queria aceitar. Brigávamos com as avós, pois elas nos questionavam se o nosso filho não era surdo, mas relutávamos o tempo todo em dizer que ele era normal e que estava tudo certo com o desenvolvimento dele”, contou Gisele. Quando o menino começou a frequentar a escola, as professoras chamaram os pais para uma conversa e, a partir de então, eles levaram o filho em um neuropediatra que atestou que o Theo era autista nível de suporte 2.
Se antes pai e mãe lutava em aceitar a diferença do filho, hoje, Gisele é enfática em dizer que o Theo é outra criança, tem um desenvolvimento impressionante, “por isso eu digo o quanto é importante a família aceitar, pai e mãe aceitem seus filhos, pois quanto mais cedo o filho ser laudado, receber o tratamento correto, mais cedo ele vai se desenvolver”.
A história de Daniela se mistura à de muitas famílias que têm filhos atípicos. Mãe de Paola, hoje com cinco anos, autista com nível de suporte 2, foi na escola que a mãe ouviu da professora que observou alguns sinais que identificavam que a menina poderia ser autista. “Eu lembro muito bem desse dia em que a professora me chamou para uma conversa, ela disse, olha Dani se fosse minha filha, eu levaria ela hoje para uma consulta com um neuro, pois eu acho que ela é autista e quanto antes vocês tiverem o diagnóstico é importante para o desenvolvimento da criança”, contou Daniela.
Assim como muitas mães, Daniela, diferente de seu esposo, não aceitou com facilidade a possibilidade de ter uma filha autista, “Eu me culpei muito por demorar a aceitar, tanto que precisei de acompanhamento psicológico e só fui marcar uma consulta no neurologista para a Paola após uns quatro meses”.
“Quando nós fomos ao médico, ela já saiu do consultório laudada, pois a Paola tinha vários comportamentos, como não atender a comandos, desviar o olhar, nós chamávamos ela e ela não olhava, parecia que era surda, tanto que, olhando de fora, você dizia que ela era surda e andava na ponta dos pés. E como a Gisele falou, esse tempo que vai passando enquanto nós pais não aceitamos nossos filhos, os mais prejudicados são eles, é o desenvolvimento da criança”, ressalta Daniela. Se você se identificou com alguma das histórias contadas pelo JMV, procure ajuda no seu município. Quanto mais cedo procurar ajudar, melhor será o desenvolvimento dessa criança.
O grupo de pais e mães de autistas das cidades de Rodeio, Ascurra e Apiúna realizará o primeiro Seminário sobre Autismo às 19h do dia 5 de abril, no Centro Cultural de Rodeio e visa ser um momento único e esclarecedor, onde especialistas, pais e toda a comunidade se reunirão para discutir, aprender e promover a conscientização sobre o autismo. A entrevista completa você assiste no canal do YouTube do JMV.