Nas cidades gaúchas devastadas pelas enchentes, muitas famílias enfrentam a perda parcial ou total de seus pertences. Contudo, em meio a essa tragédia, surge um feixe de esperança: a solidariedade. Pessoas de diferentes origens e comunidades unem-se num esforço para auxiliar àqueles afetados pelas enchentes, oferecendo doações e apoio direto.
Uma iniciativa particularmente notável é o esforço concentrado em ajudar as crianças impactadas. Conscientes de que os pequenos sofrem profundamente com a perda de seus lares e bens, indivíduos estão mobilizando-se para transformar gestos simples em brinquedos, visando trazer um pouco de alegria e normalidade às suas vidas.
Destacam-se algumas iniciativas desenvolvidas em Timbó, que envolvem não apenas a artesã Elisabeth Aparecida Tomaselli Loes (Beth), mas também membros da comunidade e empresários. Em uma entrevista, Beth Loes relata: “Estou colaborando com outras artesãs e pessoas que não são profissionais do artesanato para realizar este projeto. Nosso objetivo é levar alegria e conforto às crianças que receberão essas bonecas. Esperamos alcançar mais de 400 crianças. A decisão sobre a faixa etária das crianças ficará a cargo do casal do abrigo, que está presente no dia a dia, facilitando a seleção”.
Beth explica que foi convidada pela artesã Pátria Alves de Joinville, Sabrina, do Rio Grande do Sul e pelo Ateliê Mônica Costa de São Paulo, para participar dessa ação. Decidiram unir forças para ajudar pessoas de diferentes cidades, todas com a intenção de contribuir em seu segmento. Com o comprometimento das quatro, colocaram o projeto em prática.
A artesã destaca a necessidade da ajuda da comunidade para alcançar o objetivo, pois para a confecção das bonecas e bonecos são necessários materiais como algodão cru, tricoline, lã, renda, elástico e enfeites. “Felizmente, muitas pessoas têm doado materiais”. Além disso, várias pessoas estão auxiliando na confecção das bonecas e ela agradece por qualquer ajuda adicional, pois assim poderão produzir mais bonecas para doação.
Beth expressa sua gratidão a todas as pessoas que a ajudaram, incluindo Elenita Lenzi da Silva e Emília Leoni, ambas da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Giseli Adriana Floriani, do grupo TRETAS TIMBÓ, Leila Claudino dos Santos, presidente da Casa da Amizade, além de todos os estabelecimentos que doaram cucas e salgados para o café. Ela também agradece a todos que doaram materiais e tempo para ajudar. Observa que muitos voluntários contribuíram e enfatiza que não é necessário saber fazer bonecas, apenas ter vontade de ajudar.
Beth revela que o primeiro lote de bonecas será entregue amanhã, dia 24 de maio, e que para a segunda etapa será necessário mais materiais de doação, pois alguns itens estão se esgotando. Felizmente, não será necessário pagar frete, e ela agradece a Giseli e ao grupo Tretas por seu apoio financeiro e logístico. “As bonecas serão destinadas a um abrigo em Caxias do Sul, onde há 100 crianças sem família, e outro em Canoas, onde um casal já aguarda ansiosamente”.
Ela agradece a colaboração de artesãs do Paraná, que enviarão 25 corpos de bonecas costuradas para finalização. Beth expressa sua gratidão a Deus por tudo e sua motivação para futuros projetos, ressaltando a importância de fazer tudo com amor e força. Observa que ver as artesãs e voluntárias felizes por ajudar é algo divino. “Agradeço a todos que ajudaram, estão ajudando e ajudarão a produzir mais bonecas. Informa que já foram feitas 224 bonecas prontas e, com os materiais para finalização, chegarão a um total de 438. Com a ajuda de outro grupo de amigas, acredita que poderão alcançar aproximadamente 500 bonecas”.
A artesã destaca que, embora um brinquedo possa parecer simples, tem um impacto profundo na vida de uma criança que passa por momentos difíceis, proporcionando momentos de felicidade e permitindo que elas esqueçam temporariamente as adversidades ao redor. Ela enfatiza que esses pequenos gestos de bondade e empatia são cruciais para a reconstrução não apenas física, mas também emocional das famílias afetadas. A solidariedade, em todas as suas formas, continua a ser um pilar essencial para a recuperação e resiliência das comunidades gaúchas atingidas pelas enchentes.