O Paraguai entra no radar de empresários brasileiros como alternativa econômica viável, previsível e menos burocrática, especialmente para investidores do Sul do Brasil. O movimento ganhou força entre empresários, investidores e profissionais liberais que buscam custos operacionais menores e regras mais simples. A análise é do professor de Finanças e consultor empresarial Rafael Lehmkuhl, de Blumenau, que esteve recentemente no país em uma agenda técnica de estudos e encontros estratégicos.
Segundo Lehmkuhl, a visita teve foco prático e objetivo. Ele buscou compreender a realidade econômica paraguaia a partir de dados concretos e experiências locais. Durante o período, reuniu-se com advogados, contadores, consultores de imigração, corretores de imóveis e representantes da construção civil. O professor afirma que a demanda por informações aumentou com o crescimento de brasileiros solicitando residência no país.
Entre os pontos que mais chamaram atenção estão os novos empreendimentos imobiliários. De acordo com o professor, muitos projetos seguem padrões internacionais e apresentam valores mais acessíveis do que em mercados consolidados. Para ele, o país passa por um processo claro de estruturação econômica, que deve ampliar ainda mais o interesse externo nos próximos anos.
No campo macroeconômico, o Paraguai se destaca pela previsibilidade. A inflação permanece controlada, entre 3% e 4,5% ao ano, enquanto o PIB cresce entre 4% e 5%. O Banco Central atua de forma independente e mantém uma política monetária estável. Esse cenário, segundo Lehmkuhl, transmite maior confiança ao investidor.
Outro diferencial está na circulação simultânea de moedas. Guarani, dólar e euro convivem no dia a dia, o que facilita operações internacionais. Embora os juros em moeda local sejam elevados, financiamentos em dólar apresentam taxas próximas de 6% ao ano. O ambiente favorece empresas com atuação regional ou global.
A simplicidade dos processos também pesa na decisão. Lehmkuhl explica que o país opera com menos burocracia, trâmites rápidos e custos produtivos reduzidos. Mão de obra e energia elétrica custam menos da metade do valor praticado no Brasil. A estrutura tributária segue regras objetivas e poucos impostos, o que amplia a segurança jurídica.
Entre os principais atrativos, destaca-se o regime de Maquila. O modelo permite produção no Paraguai com tributação de 1% sobre o valor agregado e isenção de impostos para máquinas e insumos importados. O professor ressalta que o regime atende não apenas à indústria, mas também a serviços, tecnologia e operações digitais.
Apesar das vantagens, Lehmkuhl esclarece que o Paraguai não é um paraíso fiscal. As alíquotas de Imposto de Renda, IVA e ganho de capital são de 10%. Produtos dolarizados costumam ter entre 11% e 12% de impostos embutidos. Ainda assim, estruturas bem planejadas tornam as operações eficientes.
Os números confirmam a tendência. Em 2024, mais de 17 mil novas residências foram concedidas a brasileiros, que representaram cerca de 60% dos imigrantes no país. No regime de Maquila, aproximadamente 80% das empresas têm capital brasileiro. Casos como o investimento da Lupo em Ciudad del Este reforçam o movimento, com custos operacionais cerca de 28% menores.
Para o professor, o Paraguai entra no radar de empresários brasileiros de forma consistente e duradoura. Ele destaca, porém, desafios em infraestrutura, educação e saúde. Mesmo assim, avalia que o país se posiciona como uma plataforma competitiva no Mercosul. A fonte das informações é o professor de Finanças e consultor empresarial Rafael Lehmkuhl.




