‘O caos da Saúde Pública’
Coordenadora do Colegiado de secretários de Saúde do Médio Vale do Itajaí, Karim Denise Viviani …
Clarice Graupe Daronco / JMV
DOUTOR PEDRINHO – “Começamos o ano com péssimas notícias sobre Dengue, Zika vírus e Febre Chikungunha, falta de vacinas e soros, falta de medicamentos por ação judicial, cortes nas cotas de cirurgias eletivas, atrasos nos repasses estaduais e nenhuma previsão de verbas para o setor”. Com essas informações a secretária de Saúde e Assistência Social de Doutor Pedrinho e coordenadora do Colegiado de Secretários de Saúde (CIR) do Médio Vale do Itajaí, que abrange os municípios de Apiúna, Ascurra, Indaial, Timbó, Pomerode, Rodeio, Rio do Cedros, Gaspar, Brusque, Guabiruba, Botuverá, Benedito Novo, Blumenau e Doutor Pedrinho, Karim Denise Viviani, declara sérias preocupações com a área da Saúde para este ano de 2016.
Segundo a secretária, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) informou que o Ministério da Saúde, tem orçamento para alimentar os programas na área da Saúde, só até setembro. “No dia 18 de fevereiro, estivemos presentes na reunião das secretarias municipais com o Estado, e as informações recebidas foram tão negativas, que só faltava os secretários abrir uma cova e se enterrar juntos. A situação é tão precária e o descaso com a Saúde é tão grande, que não sabemos que direção tomar”, afirma Karim.
De acordo com a profissional, é preciso limpar as cidades e conscientizar as pessoas para o risco da Dengue e as outras doenças. “Temos que dizer às mamães que vem vacinar seus filhos, que não temos a vacina. Temos que negar ao paciente o seu direito de ser tratado, porque não veio seu medicamento da ação, que ele já ganhou na Justiça. Ou seja, o que fazemos nós que estamos todos os dias em contato direto com a população? Que país é este? Bem já dizia Renato Russo em sua música. Tanta falta de vergonha de nossos governantes como a do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que se exonera para ir votar no congresso e no dia seguinte é reiterado ao cargo. Que país é este? Onde não existem leitos suficientes nos hospitais das grandes cidades para atender a todos e nossos pequenos hospitais, lutam para sobreviver porque o Estado não consegue criar uma política pública estadual de Saúde”, questiona a secretária de Saúde e coordenadora do CIR/Médio Vale do Itajaí.
Karim observa que os secretários do Médio Vale estão há dois anos lutando para conseguir habilitar os novos leitos no hospital de Rio dos Cedros, para serem leitos psiquiátricos. “Leitos que, diga-se de passagem, não existem na nossa região. Quando precisamos internar um paciente psiquiátrico, temos que encaminhá-lo a Curitibanos ou aonde encontrar uma vaga. Fizemos todo um plano para a Rede de Atenção Psicossocial, juntamente com nossos técnicos, para que atendesse nossa necessidade nesta área. Não houve jeito. Não se enquadrou na portaria do Ministério, pronto acabou. Não conseguimos mais nada eo Estado, nada fez. Agora temos em Rio dos Cedros um hospital praticamente pronto, com muito investimento com verba pública e que não vai poder servir ao fim a que se propôs. O que parece, é que ao invés de nos auxiliar, os governos Federal e Estadual, só fazem dificultar a situação”, desabafa a coordenadora. De acordo com Karim que país é este? Onde os municípios estão investindo na Saúde 23, 25 até 29% do que arrecadam e o Estado só investe 12%. ”Com indignação, os 14 municípios do Médio Vale, querem deixar claro que os municípios não tem nada a ver com a falta de vacinas, falta de medicamentos judiciais, cortes nas cirurgias e outros, conforme nota divulgada pela diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado, que informa que o desabastecimento ocorre devido à indisponibilidade de estoque do Ministério da Saúde. Os estoques atuais do Estado não dispõem das vacinas contra as hepatites A e B, difteria e tétano para adultos (Dupla Adulto), difteria, tétano e coqueluche para gestantes (dTpa reforço adulto) e para crianças (DTP e DTPa)”, repassa a secretária ao pedir a população, paciência e entendimento ao procurarem as salas de vacina. “Pedimos à população que junte-se a nós no combate ao mosquito Aedes egypti, que tantas doenças pode transmitir. Pedimos à população que “grite” por uma Saúde pública mais justa e mais humana. Pedimos à população que nos ajude a não deixarem enterrar o Sistema Único de Saúde (SUS)”.
A secretária de Saúde de Doutor Pedrinho também informa que o município realizou e segue com ações de combate a Dengue. “Também foi realizado um curso de “Urgência e Emergência” para capacitar nossa equipe para esses atendimentos, já que não temos hospital local e necessitamos estar capacitados”, informa Karim ao explicar que o curso foi ministrado por profissionais da Escola Técnica de Saúde de Blumenau, através da Comissão de Integração Ensino e Serviço (CIES) do Médio Vale do Itajaí.
