Casas enxaimel
Profissional do Iphan explica como estão as casas tombadas pelo Instituto junto ao município …
Clarice Graupe Daronco / JMV
Casa Ewald foi construída por volta de 1886, está aos cuidados do proprietário e carece de obras pontuais
TIMBÓ – É comum às pessoas circular pelo município de Timbó e questionar sobre as casas enxaimel. Como estão? Serão reformadas? A história será mantida? Porque não dá para reformar? Derrubar uma parede, trocar um piso, ampliar um cômodo ou modificar uma fachada. Todas estas são obras absolutamente normais em um imóvel comum, mas a coisa muda de figura se a sua casa for tombada como patrimônio histórico ou cultural. Neste caso, há uma série de restrições e regras que devem ser observadas na hora de remodelar o imóvel.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), toda intervenção em um imóvel tombado deverá, por princípio, manter as características espaciais e construtivas originais. A reforma deve preservar os valores atribuídos ao imóvel no processo de tombamento. É este conjunto de documentos que vai orientar os critérios de intervenção.
Em entrevista à redação do Jornal do Médio Vale, a chefe substituta do Escritório Técnico da Imigração em Pomerode, do Iphan, Superintendência em Santa Catarina, Suelen Artuso, informa que no município de Timbó existem sete imóveis tombados individualmente pelo Iphan: Salão Hammermeister, Casa Ewald, Casa Zimath, Casa Radoll, Casa Reinecke, Escola Urbana e Casa do Professor.
Como estão os imóveis?
O Salão Hammermeister foi construído na década de 1930 para ser Salão de Bailes, em alvenaria autoportante de tijolos aparentes, apresenta colocação caprichosa dos tijolos, que formam desenhos geométricos por todo o edifício, mesclando tonalidades claras e escuras. Atualmente pertence à Prefeitura de Timbó e abriga o Museu da Música. “O Salão tem projeto de ampliação do anexo aprovado pelo Iphan e previsão de início da obra neste ano, com recursos do próprio município”.
A Casa Ewald foi construída por volta de 1886 por August Ewald, pertence à terceira geração da família. Edificada em alvenaria autoportante de tijolos cuidadosamente dispostos que formam desenhos geométricos únicos. A casa, de propriedade particular, está sem uso atualmente e vem sendo cobrada manutenção constantemente. “A Casa Ewald teve projeto de restauração desenvolvido há alguns anos, mas infelizmente não teve avanços. Embora obras pontuais e emergenciais tenham sido feitas pelo proprietário, a edificação carece de um restauro completo”, comenta Suelen.
A Casa Zimath que foi construída no final do século XIX, pertencia ao imigrante alemão Ernest Zimath, totalmente em alvenaria autoportante de tijolos aparentes, com volume da cozinha separado – solução típica de casas de origem italiana. A edificação continua sendo usada como residência, hoje pertencente ao neto de Ernest Zimath. “Está muito bem conservada e o seu entorno preserva as características originais”, explica Suelen.
A Casa Radoll que foi construída em 1887, originalmente na técnica enxaimel, com ampliações posteriores em alvenaria autoportante. É uma casa singela, mas apresenta pinturas decorativas internamente. A implantação da casa é singular, e o conjunto se completa com os ranchos e a paisagem do terreno. “A casa ainda cumpre a função de residência e continua em propriedade da família de imigrantes que a construiu”.
A Casa Reinecke que foi construída aproximadamente em 1886 é dividida em dois volumes, assim como a Casa Zimath. Possui um esmero construtivo, com varanda em elementos vazados, pilares circulares, porta principal detalhada. As pinturas internas também são destaque por serem um exemplar dificilmente encontrado em outras casas. “A casa é de propriedade particular, e está situada em lote que está sob uso e responsabilidade de uma universidade. A casa recebeu restauro, inclusive com a restauração das pinturas decorativas internas e está apta para receber um novo uso. A obra foi realizada integralmente com recursos do proprietário do imóvel”.
Novidades na escola urbana
Suelen chama a atenção para a Escola Urbana e Casa do Professor que formam um conjunto construído no final do século XIX e ocupavam, originalmente, o mesmo lote. Ambas as construções são construídas na técnica enxaimel. “Atualmente, a Escola Urbana pertence à Prefeitura de Timbó e a Casa do Professor foi recentemente adquirida para ser uma residência”.
De acordo com a profissional a Escola Urbana possui projeto de restauro completo e as obras devem iniciar no mês de fevereiro. “A Escola será utilizada com fins educacionais, aberto à população e abrigará diversas oficinas oferecidas pelo município, como costura, artesanato, culinária, além de espaço para a venda de produtos confeccionados nestas oficinas. Além disso, receberá ampliação para abrigar os sanitários e contará com deck e estacionamento. Já a Casa do Professor teve projeto de ampliação aprovado pelo Iphan e está com as obras em andamento. A obra da Casa do Professor, que será utilizada como residência, está sendo totalmente custeada pelo proprietário”.
Suelen explica ainda que em 2019 o projeto de restauro da Escola Urbana foi inscrito no edital do Fundo dos Direitos Difusos, que selecionou projetos de entes federais para a destinação de recursos para aplicação em projetos de diferentes eixos temáticos, incluindo o patrimônio cultural brasileiro.
De acordo com a profissional o projeto foi selecionado neste edital e o recurso orçamentário já foi empenhado. “São R$ 900.062,67 recebidos para a obra da Escola Urbana. Este recurso será aplicado na restauração e na ampliação da obra da Escola Urbana. As obras iniciarão em fevereiro e têm previsão de conclusão em setembro deste ano”.
By Pilo/Prédio da antiga Escola Urbana passará por obras de restauro a partir deste mês