35.3 C
Timbó
terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Comportamento: como as crianças vivem o Natal hoje

Data:

O Natal sempre carregou o perfume do encantamento, aquele tempo em que a casa parecia diferente, as luzes tinham outro brilho e a espera fazia parte da magia. Para muitas gerações, a infância natalina era construída em pequenos rituais: montar a árvore em família, escrever cartinhas com letras tortas, ensaiar apresentações na escola e imaginar, com olhos atentos, a chegada do Papai Noel. Os presentes eram poucos, mas o afeto era abundante — e o tempo compartilhado era o verdadeiro protagonista da data.

Em entrevista ao Jornal do Médio Vale (JMV), a psicóloga Francielle Hartmann (CRP 12/09674) lembra que o Natal de outros tempos era menos atravessado por comparações. “Havia menos estímulo externo e mais espaço para a fantasia. Os presentes eram poucos e o grande destaque era o tempo em família”, explica.

Hoje, no entanto, a vivência do Natal pelas crianças acontece em um cenário bem diferente. A hiperconectividade e o acesso constante às telas expõem a infância a um fluxo intenso de propagandas, vídeos, influenciadores mirins e padrões de consumo irreais. O resultado, segundo a profissional, é o aumento da ansiedade, da frustração e das comparações tóxicas. A expectativa se torna exagerada, o imediatismo ganha força e até mesmo a ceia pode ser atravessada pela dificuldade de estar presente de verdade.

Esse impacto emocional aparece em comportamentos como irritabilidade, impaciência e uma busca constante por validação, como se o Natal precisasse ser perfeito — digno de registro, curtidas e aprovação. “A criança passa a medir a data pelo que recebe ou pelo que vê nas telas, e não pelo que sente”, observa Francielle.

Apesar das mudanças, a essência do Natal ainda pode ser resgatada. Pequenas atitudes fazem grande diferença: limitar conteúdos exagerados, conversar com clareza sobre expectativas, valorizar experiências em vez de consumo e reduzir o uso de telas durante as celebrações ajudam a devolver leveza à data. Mais do que isso, a psicóloga reforça que as crianças aprendem pelo exemplo. Quando o adulto desacelera, silencia o excesso e se permite viver o momento, abre-se espaço para que a infância reencontre o encanto.

“O Natal mudou, mas sua magia permanece disponível. Muitas vezes, o maior presente não está na embalagem, e sim na presença: afeto, conexão e tempo de qualidade”, finaliza a psicóloga.

Dicas para diminuir a ansiedade das crianças no Natal

• Limite conteúdos natalinos exagerados, como vídeos e listas intermináveis de presentes.
• Resgate rituais afetivos: montar a árvore juntos, fazer enfeites artesanais ou escrever cartas para familiares.
• Converse sobre expectativas, explicando com clareza quantos presentes a criança receberá e por quê.
• Valorize experiências, não o consumo: histórias, músicas, passeios e memórias ficam para sempre.
• Desconecte no dia da ceia e proponha uma “mesa sem telas”.
• Ensine sobre comparação, mostrando que cada família tem sua realidade.
• Pratique a gratidão, convidando a criança a lembrar de algo bom vivido no ano.
• Seja exemplo: a forma como o adulto vive o Natal ensina mais do que qualquer discurso.

Últimas Notícias

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

error: Conteúdo protegido de cópia.