No silêncio sagrado de uma igreja, quando a primeira nota se desprende das vozes em uníssono, o tempo parece se curvar em reverência à música. Assim tem sido ao longo de 75 anos para o Coral Leopoldo Kurtz, da Sociedade Recreativa e Cultural de Timbó, que, neste ano de 2025, celebra não apenas uma longeva trajetória, mas um legado vivo de cultura, afeto e identidade.
O coral nasceu em 1º de julho de 1950, impulsionado pelo espírito comunitário de seus fundadores Arnoldo Gessner, Arthur Hochheim, Augusto Adam, Maurício Germer e Osvaldo Kurtz, sob a batuta inicial de Josef Wollinger e outros maestros que moldaram os primeiros acordes dessa história. Desde então, muitas vozes passaram; outras permanecem, como ecos afetivos da memória coletiva timboense.
“É uma emoção difícil de traduzir. São 75 anos cantando a alma de uma comunidade”, diz, com brilho nos olhos, a presidente Margareth Hardt Hochheim. Ao seu lado, Suely Kurtz Jurk, secretária e coralista desde 1977, emociona-se ao lembrar dos que vieram antes: “Minha mãe, Augusta Kurtz, tem hoje 91 anos e cantou no coral por 67 anos. Uma história que nos une como família, mas também como povo.”
A longa jornada do coral é feita de vozes, mas também de passos — nos palcos do Vale do Itajaí, em outros estados brasileiros e até no exterior, levando repertórios que passeiam do clássico ao popular, do italiano ao alemão. Desde 2007, o grupo carrega com orgulho o nome de Leopoldo Kurtz, em homenagem ao seu integrante mais longevo e apaixonado pela cultura local, eternizando sua dedicação nas notas que seguem ecoando pelas gerações.
Concerto: emoções em cada acorde
Para comemorar essas sete décadas e meia de música, o Coral Leopoldo Kurtz convida a comunidade para um concerto especial no dia 25 de julho, às 20h, na Igreja da Ressurreição, no Centro. Será uma noite de reencontros, lembranças e emoção, com um repertório cuidadosamente preparado para homenagear a caminhada de tantos que fizeram — e ainda fazem — parte dessa bela sinfonia de vida.
O concerto comemorativo reunirá coralistas atuais, músicos convidados e parceiros culturais. “O que mais nos comove é ver que a chama permanece viva. Mesmo com as transformações do tempo, mantemos entre 20 e 30 coralistas ativos. Hoje, há seleção vocal feita pela maestrina Meri Duwe, o que reforça a qualidade e o compromisso com a excelência musical”, comenta Suely.
A regência, que já foi conduzida por nomes como Max Breuel, Germano Bonattie, João Schneider e João Müller — autor do hino da Sociedade Recreativa e Cultural de Timbó —, segue hoje com a sensibilidade e técnica de Meri Duwe, que conduz o grupo com harmonia e paixão.
Margareth destaca ainda que “mais do que cantar, o Coral Leopoldo Kurtz celebra, há 75 anos, a beleza de reunir pessoas, preservar heranças, transmitir afeto e emocionar plateias. É arte que se entrelaça à história de Timbó e pulsa em cada acorde como um coração coletivo, afinado pela dedicação de tantas vozes que, juntas, fazem da música um ato de amor. Venha celebrar conosco essa história que se canta com a alma”.