“Ser livre para ser a mulher que quiser ser”. Essa frase ressoa fortemente durante a semana do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Mas o que realmente significa para uma mulher ser quem ela quiser ser?
Para entender melhor esse conceito, o Jornal do Médio Vale (JMV) compartilha a história de três mulheres de diferentes gerações, mas com um forte vínculo entre si. As entrevistadas são Guisela Seifert Milchert, de 77 anos; Jussara Zermiani Florencio, de 42 anos; e Eduarda Florencio, de 18 anos.
Guisela Seifert Milchert: seis décadas de devoção ao canto
Guisela celebra quase 60 anos como integrante do Coral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Timbó. Sua paixão pela música foi cultivada desde a infância, influenciada pelos pais, que sempre valorizaram a musicalidade em casa. “Meu pai tocava violino, minha mãe tocava órgão, e ambos cantavam no coral da Sociedade de Timbó. Desde sempre, a música fez parte da minha vida”, compartilha.
Ao longo dos anos, Guisela acumulou memórias inesquecíveis e amizades duradouras. “As amizades são as memórias mais marcantes. Em 2026, completaremos 60 anos de convivência com alguns integrantes do coral”, conta emocionada.
O coral, que inicialmente era formado apenas por mulheres, tornou-se misto em 1969, quando recebeu o convite para cantar em um casamento. Desde então, passou por diversas mudanças e regentes, mas sempre manteve sua essência. Hoje, sob a direção do Maestro Cristiano Florencio, a evolução e inovação são evidentes.
Manter um compromisso tão longo com o coral exige dedicação e perseverança. “Os desafios são muitos. Precisa de esforço contínuo, abdicar de compromissos familiares, cuidar da voz e estar presente nos ensaios e apresentações”, explica.
Ainda assim, a experiência trouxe grandes lições. “Aprendi sobre amizade, humildade, fraternidade, resiliência, empatia e, principalmente, sobre fé”. Sua rotina de ensaios é levada a sério, com treinos individuais e reuniões semanais. “Sempre nos encontramos com mais de uma hora de antecedência para os ensaios finais”, detalha. Mesmo após seis décadas, o entusiasmo de Guisela permanece inalterado. “Sinto o mesmo frio na barriga, o mesmo medo de errar, a mesma responsabilidade. Cantar é o amor da minha vida”.

Jussara Zermiani Florencio: uma vida em harmonia com a música
Desde criança, Jussara soube que seu caminho estaria entre melodias e canções. Seu primeiro contato marcante com a música foi no coral infantil da escola, onde descobriu sua afinação e talento. Mais tarde, teve aulas de técnica vocal e participou de diversos grupos musicais.
“A música é vida! Respiro ela praticamente 24h por dia”, afirma. Para Jussara, a música não apenas transforma momentos, mas também conecta corações, como aconteceu ao conhecer seu marido, Cristiano, também músico.
Ela destaca a importância da representação feminina na música e incentiva outras mulheres a seguirem seus sonhos. “Nunca desistam! Sigam com amor e propósito. A música é VIDA, e mulher entende disso!”

Eduarda Florencio: o futuro da música feminina
Para Eduarda, crescer em uma família musical foi um presente. Desde pequena, a música fez parte de sua vida, mas ela percebeu que, como mulher, precisava se impor mais no cenário musical.
“Eu sempre amei cantar, mas quando comecei a compor e vi como minhas músicas tocavam as pessoas, entendi que não era só um sonho, era um propósito”, compartilha.
Ela enfrenta desafios em um meio ainda dominado por homens, mas acredita que a internet e as plataformas digitais têm aberto portas para artistas independentes. Lidar com a opinião alheia não é fácil, mas Eduarda encontrou sua voz e seu espaço.
Seu recado para outras mulheres é direto: “Nada é mais importante do que confiar em você mesma. Sua voz e sua arte são únicas, e o mundo precisa delas”.
Neste Dia da Mulher, a história de Guisela, Jussara e Eduarda nos lembra que ser livre para ser a mulher que quiser ser é, acima de tudo, um ato de coragem e amor próprio. Que mais mulheres possam trilhar seus caminhos com confiança, paixão e determinação.
