Visando apresentar um testemunho inspirador do poder da música folclórica italiana em conectar gerações e preservar tradições culturais, a redação do Jornal do Médio Vale (JMV) entrevistou Egídio Frankenberger, que tem uma história de dedicação e paixão, que não apenas enriqueceram sua vida, mas também deixaram um legado duradouro na comunidade de Timbó e além.
Egídio Frankenberger, nascido em Rio dos Cedros em 1946, neto do pioneiro da colonização de Rio do Sul, teve uma trajetória de vida marcada por seu amor pela música e pela cultura italiana. Sua paixão pela música folclórica italiana começou quando ingressou no grupo de canto da Paróquia Santa Terezinha, onde a maioria dos participantes era de origem italiana. Foi lá que ele se deparou com canções folclóricas que ressoavam profundamente com suas raízes culturais, iniciando uma busca incansável por entender o significado e a pronúncia das palavras dessas melodias.
Questionado sobre os primeiros passos na música folclórica italiana, Frankenberger conta que quando começou a participar do grupo de canto, ele imediatamente se identificou com as canções folclóricas italianas cantadas por seus colegas. “A beleza dos cantos e os temas abordados, como amor, partidas para o serviço militar, guerras, lavoura e namoro, muitas vezes tratados de forma jocosa, me cativaram desde o início. Determinado a mergulhar mais fundo nessa cultura musical, comecei a procurar os cantos escritos e a pesquisar minuciosamente o significado e a pronúncia das palavras”.
Sobre os elementos inspiradores da música folclórica italiana o entrevistado relata que “a música folclórica italiana, com sua riqueza melódica e temática, me inspirou profundamente. Apreciava especialmente a beleza intrínseca dos cantos e os temas variados que retratavam a vida cotidiana e os sentimentos humanos de forma tão vívida e comovente. Esses elementos distintivos me proporcionaram um vínculo forte com minhas raízes culturais, enriquecendo minha experiência musical e pessoal”.
Questionado sobre os desafios na regência de um grupo folclórico, Frankenberger explica que “regenciar um grupo de canto folclórico apresenta desafios únicos. Além das dificuldades inerentes à formação de qualquer grupo de canto, enfrentei o desafio adicional de lidar com a pronúncia variável dos dialetos italianos, que diferem significativamente do italiano formal. Muitos cantos que encontrei estavam escritos em italiano normal, mas a pronúncia variava de região para região, exigindo uma atenção especial para capturar a autenticidade das interpretações folclóricas”.
O profissional observa ainda que a escolha do repertório para o grupo folclórico muitas vezes seguia um processo aleatório, influenciado por sugestões dos membros que conheciam parte dos cantos. Frankenberger relata que procurava encontrar versões escritas dessas canções, uma tarefa desafiadora, já que muitas gravações apresentavam pronúncias pouco claras. Ao recrutar novos membros, ele preferia aqueles que falassem o dialeto italiano, aproveitando a experiência anterior do grupo de canto da Paróquia Santa Terezinha.
Descendente de imigrantes alemães, Frankenberger dedicou-se a aprender com outros regentes e com as festas típicas em que participava sobre as tradições italianas. Ele equilibrava a preservação da autenticidade cultural das músicas folclóricas com a necessidade de adaptação às preferências contemporâneas do público.
Ao longo dos anos, o grupo que Frankenberger liderava evoluiu significativamente em termos de habilidades musicais e coesão. A convivência, os ensaios e as correções de pronúncia, além das participações em eventos, contribuíram para a melhora do grupo.
Momentos memoráveis incluem apresentações gratificantes, especialmente nas festas trentinas e no Museu da Música, que destacaram a dedicação e o talento do grupo além da gravação do seu CD.
Frankenberger reflete ainda sobre o papel da cultura italiana, influenciada pela religião, culinária, forma de namoro e trabalho na lavoura, trazidos pelos primeiros imigrantes. Apesar das mudanças ao longo dos anos, ele reconheceu a importância de preservar algumas tradições, como comidas típicas, dialetos, cantos e festas culturais. Hoje, com 77 anos, Egídio continua a se dedicar à sua paixão pela escultura, um hobby desde a década de 1970, mantendo viva a chama da criatividade e da herança cultural.