O inverno chegou oficialmente às 23h42min do dia 20 de junho, mas os primeiros sopros gelados dessa estação encantadora começaram a ser sentidos já no dia 23, espalhando-se com intensidade pelos dias 24 e 25. Segundo a Epagri/Ciram, a essência do inverno catarinense se manifestou com vigor nesta semana, revelando madrugadas congelantes e temperaturas negativas em várias regiões do Estado.
Na transição entre a noite de terça-feira, 24, e o amanhecer de quarta-feira, 25, o frio tomou conta das paisagens com mínimas que variaram de -4°C a impressionantes -9°C nas áreas mais elevadas de Santa Catarina. Mais de 40 cidades despertaram com os termômetros abaixo de 0°C, mergulhadas em um cenário quase onírico.
Urupema, encravada na Serra e orgulhosamente conhecida como a Capital Nacional do Frio, registrou -8,03°C até as 13h — temperatura acompanhada de geada espessa. No coração da cidade, um carro amanheceu coberto por uma camada de gelo, como se tivesse saído de um conto de inverno europeu.
São Joaquim, sua vizinha serrana, marcava -7,56 °C às 7h. No Vale dos Caminhos da Neve, a cerca de 3 km do centro, a geada cobriu a vegetação, transformando a paisagem em um imenso tapete branco, de beleza quase silenciosa.
Outros municípios também mergulharam nesse clima gélido. Maravilha teve -2,78ºC; Xanxerê, -2,47ºC; Abelardo Luz, -0,6ºC; Campos Novos, -3,4ºC; Fraiburgo, -5,87ºC; Urubici, -6,52ºC; e a lista continua, com dezenas de cidades registrando marcas negativas, cada uma vivendo o seu próprio poema de inverno.
Em Timbó, a madrugada do dia 25 foi marcada por um frio cortante. A Defesa Civil informou que os termômetros chegaram próximos a 1ºC, mas nas partes mais elevadas, a sensação térmica foi ainda menor. No Pavilhão de Eventos Henry Paul, a equipe manteve-se em prontidão, atendendo ocorrências causadas pelo acúmulo de geada no asfalto. Duas delas envolveram veículos que deslizaram devido à camada de gelo, exigindo atenção redobrada nas primeiras horas do dia.
Em um caso mais delicado, quatro motociclistas caíram ao tentar cruzar uma ponte pênsil de madeira, escorregadia e traiçoeira naquela manhã congelada. Um deles sofreu fratura no braço. A ponte foi imediatamente interditada pela Defesa Civil, que reforçou o compromisso com a segurança e a importância da prevenção.
Na localidade de Santa Maria, em Benedito Novo, o morador Natalin Poltronieri traduziu com palavras o sentimento que muitos compartilham diante da força e beleza da estação: “Tivemos um amanhecer com temperatura em torno de 2 graus negativos. O céu estava completamente limpo e podíamos ver ao longe as montanhas como se estivessem ao nosso alcance. Contemplando o horizonte coberto de gelo, sentimos a presença do nosso Criador num dia maravilhoso. As aves faziam silêncio, e muitas pessoas comentavam que Deus estava nos presenteando com esse momento sublime”.
O que esperar do inverno de 2025?
De acordo com a meteorologista da Epagri/Ciram, Laura Rodrigues, o inverno deste ano será marcado por massas de ar frio de origem polar mais frequentes e intensas do que as observadas no outono. “Quando essas massas vêm secas, há grande chance de geadas. Quando trazem umidade, abre-se a possibilidade de neve”, explica ela.
Além disso, os ventos sul prometem soprar com mais força e duração, intensificando ainda mais a sensação térmica. Outro fenômeno típico do período são os ciclones extratropicais — que, embora tragam boas ondas para o surfe, também oferecem riscos à navegação e provocam ressacas nas costas catarinenses.
Há ainda a presença frequente dos nevoeiros marítimos, especialmente nos dias em que o calor fora de época insiste em visitar o litoral. “Esses nevoeiros podem impactar a pesca e exigem atenção redobrada”, alerta Laura.
Apesar de toda essa dança gelada da natureza, o inverno é também uma das estações mais secas do ano, especialmente em agosto. Por isso, a meteorologista ressalta a importância de monitorar e prevenir queimadas, que tendem a ocorrer com maior frequência nesse período.
