Produtos tradicionais das colônias alemãs de Santa Catarina, o Queijo Kochkäse e a Linguiça Blumenau, iguarias típicas de imigrantes alemães, ganharam fama, viralizaram como ingredientes gourmet e receberam o título de patrimônios culturais e imateriais de Santa Catarina, conforme publicado no Diário Oficial do Estado, do dia 3 de junho de 2024. Cabe à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) orientar as regras que devem ser obedecidas pelos produtores para que estes produtos possam ser comercializados de forma segura, sem perder as características únicas que proporcionaram tão importante título nacional.
A presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, comenta sobre essa adesão. “Estamos imensamente orgulhosos e honrados com o reconhecimento do Queijo Kochkäse e da Linguiça Blumenau como patrimônios culturais imateriais de Santa Catarina. Esses produtos não são apenas alimentos, mas verdadeiros símbolos da rica herança cultural alemã presente em nosso estado. Esse título reforça a importância de preservar e valorizar nossas tradições. A Cidasc, com sua expertise técnica, está comprometida em apoiar os produtores, garantindo que essas iguarias mantenham sua qualidade excepcional e suas características únicas. Assim, contribuímos para a continuidade desta herança cultural, assegurando que futuras gerações possam também desfrutar e se orgulhar dessas delícias catarinenses. É um privilégio fazer parte deste processo de valorização cultural e econômica de Santa Catarina”, destaca Celles.
É o caso da Linguiça Blumenau produzida em 16 municípios catarinenses do Vale do Itajaí e do Alto Vale do Itajaí há quase cem anos. A história da linguiça de carne suína pura e defumada de Blumenau começa no final do século XIX, quando imigrantes alemães se instalaram no Vale do Itajaí e adaptaram receitas de sua região de origem, a Pomerânia. O produto é fabricado somente com paleta, pernil e toucinho suínos. A Linguiça Blumenau passa pelo menos dois dias dentro de defumadores abastecidos com carvão e serragem, em um processo artesanal essencial para garantir as características únicas do produto e obteve junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, o selo de Identificação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP).
O Queijo Kochkäse ganha agora normas de qualidade e identidade, um produto tipicamente catarinense, produzido nos municípios originados nas primeiras colônias de imigração alemã de Santa Catarina: Blumenau e Dona Francisca. É um tipo de queijo branco cozido que ainda não tinha regulamentação, que é esfarelado, salgado e fermentado, para depois ser cozido em frigideira ou panela. O queijo derretido vai se transformando lentamente no Kochkäse. Também tem forte identificação com o modelo de agricultura local e guarda saberes culinários históricos deste povo.
Este produto foi regulamentado em 2020, ganhando normas para a definição de sua qualidade e identidade, contudo, a comercialização manteve-se regionalizada. A intenção agora é apresentar esse produto para os consumidores mais distantes do estado, levando a cultura aliada ao sabor ao conhecimento de todos. O Governo do Estado prestará apoio técnico para o desenvolvimento de projetos, ações e eventos que contribuam para a Indicação Geográfica do Queijo Kochkäse e demais certificações e processos para sua qualificação sanitária.
A regulamentação foi embasada por estudos microbiológicos e físico-químicos feitos pela Universidade Regional de Blumenau (Furb) e a partir do trabalho conjunto da Secretaria da Agricultura e Pecuária (SAR), Cidasc, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi). O trabalho para regulamentar o queijo tipo Kochkäse iniciou em 2016 e como resultado traz segurança alimentar para o produtor e consumidor, já que para a produção e comercialização do queijo a partir de leite cru, é necessário que o leite venha de propriedades certificadas como livres de brucelose e tuberculose.
Com a Norma Interna Regulamentadora (NIR) os consumidores têm a segurança de que o produto segue diversas normas de fabricação e apresentação. Além de ser elaborado a partir do leite cru produzido em propriedades certificadas livres de brucelose e tuberculose, o Kochkäse deve seguir o programa de Boas Práticas de Produção implantadas no sistema de criação e ordenha.
+Sobre a Linguiça Blumenau
Produzida em municípios catarinenses do Vale do Itajaí e do Alto Vale do Itajaí há quase cem anos, a história do embutido começa no final do século XIX, quando imigrantes alemães se instalaram no Vale do Itajaí e adaptaram receitas de sua região de origem, a Pomerânia. Ficou com esse nome devido aos turistas que visitavam a cidade e levavam a linguiça para São Paulo e Curitiba.
+Sobre o Queijo Kochkäse
O Kochkäse é um queijo originário da Alemanha, trazido pelos imigrantes para a região do Vale do Itajaí. Tradicionalmente, é feito a partir do leite cru, coagulado naturalmente e em seguida prensado para retirar o soro. Estima-se que nos seis municípios abrangidos pelo processo de registro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cerca de 100 famílias, entre produtores rurais de leite e feirantes, fabriquem o queijo dessa maneira.
Com a certificação pelo IIphan, o modo de fazer do Queijo Kochkäse poderá ser reconhecido como patrimônio cultural imaterial, o que o tornará uma iguaria relevante e transformará o hábito alimentar em característica cultural destas cidades.
+Lei n.º 18.924, de 3 de junho de 2024
Declara a Linguiça Blumenau integrante do Patrimônio Cultural do Estado de Santa Catarina e altera o Anexo I da Lei n.º 17.565, de 2018, que “Consolida as Leis que dispõem sobre o Patrimônio Cultural do Estado de Santa Catarina”.
+Lei n.º 18.925, de 3 de junho de 2024
Altera a Lei n.º 17.565, de 2018, para declarar o Queijo Kochkäse integrante do Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Santa Catarina.