Homeopatia e manipulação
Conhecer o que é homeopatia e o que é manipulação é importante …
Clarice Graupe Daronco

“O que é uma Farmácia de Manipulação e Homeopatia? Essa é uma pergunta comum, seja de clientes que entram na farmácia pela primeira vez, ou pelo público em geral”. Com essas palavras a farmacêutica, Luciane Soeth, fala sobre a diferença entre farmácia convencional e uma farmácia de manipulação e de homeopatia.
Segundo Luciane a farmácia de manipulação é o estabelecimento que faz a preparação (também chamada aviamento) de fórmulas, de acordo com as necessidades de cada paciente. “Quando a fórmula é magistral, o medicamento é manipulado mediante uma prescrição, que especifica em detalhes todos os componentes pelo nome químico, forma farmacêutica, posologia e modo de usar. Sendo então, uma das principais características dos produtos de farmácia de manipulação: a preparação personalizada. Ela é feita de acordo com as necessidades de cada paciente, como idade, peso, sexo e condição de saúde. Podem ser feitos em forma de cápsulas, cremes, pomadas, pós, gomas, suspensões, shakes, xaropes, pastilhas, entre outras”.
De acordo com a profissional, uma farmácia de manipulação, para se estabelecer de modo regular, deve seguir inúmeros protocolos e atender grande número de normas legais exigíveis e fiscalizadas. “É uma indústria, com as mesmas exigências legais de uma indústria, porém, de menor porte. A matéria-prima utilizada para a manipulação dos produtos é a mesma utilizada pela indústria, e está sempre acompanhada de laudo de análise que garante a qualidade e procedência. Isso também permite a rastreabilidade da substância usada. A qualificação dos fornecedores é um dos princípios seguidos nesse caso para garantir a regularidade do negócio. Trabalha com as melhores substâncias e é equipada com os mais modernos equipamentos. Entre eles, computadores de alto desempenho e softwares específicos de última geração, que permitem maior precisão”.
O que pode ser manipulado?
Questionada sobre o que pode ser manipulado, a farmacêutica explica que: “quase todos os medicamentos e suplementos que você encontra expostos nas estantes de uma drogaria podem ser manipulados. Poucos são aqueles produtos que não podem ser preparados na farmácia de manipulação, mas existem”.
Luciane também explica que; “quando um profissional receita ao paciente uma fórmula magistral (como também é conhecido o medicamento manipulado) o paciente passa, automaticamente, a receber uma atenção diferenciada. Isso porque esse medicamento será único, produzido em dose certa e quantidade restrita, exatamente como foi determinado pelo profissional para um tratamento específico de um paciente’.
De acordo com a profissional os medicamentos industrializados, por sua vez, são produzidos nas grandes fábricas em largas quantidades. Eles levam em consideração a dosagem e a concentração de ativos que são padronizadas, de modo a serem consumidos por muitos pacientes. O que, em muitos casos, pode não atender à necessidade do indivíduo. Outra vantagem da manipulação é a possibilidade de associação de mais de um medicamento ou suplemento no mesmo produto. Isso é importante em determinados tratamentos que requerem várias substâncias que possam ser usadas juntas para maior eficácia. Esse fato, evidentemente, evita o desperdício, uma vez que o produto é feito na quantidade necessária para o uso da pessoa por um certo período de tempo. Na área de dermocosméticos, além de fórmulas específicas para cada tipo de pele, e tratamento, a manipulação dessas fórmulas permite variar ativos, utilizar concentrações maiores ou menores que os produtos disponíveis no mercado, em geral. Outro aspecto não menos importante e que deve ser levado em conta é o custo. O medicamento manipulado, quase sempre, é mais barato do que o congênere industrializado. Segundo dados do Governo Federal, os medicamentos oriundos de manipulação são até 20% mais baratos que os produzidos de maneira industrial. A farmácia de manipulação permite ainda que você obtenha um produto ou medicamento que pode não estar disponível no mercado, mais uma característica da personalização. Se a matéria-prima estiver disponível no país, a manipulação pode ser efetuada sem problema algum.
Vamos falar um pouco sobre homeopatia?
Segundo a Comissão Assessora de Homeopatia, a homeopatia foi introduzida oficialmente no Brasil em 1840, pelo médico francês Benoît Jules Mure, que veio com o propósito de implantar comunidades societárias de trabalhadores franceses, mas trazia na bagagem a experiência de grande divulgador da homeopatia em algumas cidades européias. Suas convicções e propostas na área social encontraram campo de ação na divulgação da homeopatia, pois se propunha a tratar os escravos e os socialmente excluídos do Brasil Império. A homeopatia propagou-se no Brasil pelas mãos dos discípulos de Mure, e foi abraçada pelo movimento positivista em fins do século XIX. Com a República, a homeopatia ganhou força institucional, tanto na sua prática, como no seu ensino. Figuras importantes, como Monteiro Lobato e Rui Barbosa, estiveram ligadas a ela. (Comissão Assessora de Homeopatia, p.17). Dessa forma, a partir da década de 40, o Brasil pôde contar com a descoberta e os benefícios da homeopatia. Criada pelo médico Samuel Hahnemann, a homeopatia é um tipo de terapia de tratamento liberada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma medicina alternativa e complementar, para quase todos os tipos de doenças físicas e psicológicas. A homeopatia engloba mais de 2 mil tipos de remédios, que podem ser extraídos de fonte vegetal, mineral ou animal. Seu processo de manipulação consiste na extrema diluição (dinamização) das substâncias que causam as doenças. Quanto mais dinamizado (e portanto, mais diluído), mais potente é o medicamento. E quanto menor a quantidade dessa substância, mais energia o remédio tem e, portanto, maior o seu poder de cura. O homeopata deve ser o responsável por indicar esses medicamentos alternativos, considerando as condições físicas e emocionais do paciente. O objetivo da homeopatia não é apenas aliviar e curar os sintomas, como também trazer o equilíbrio energético ao organismo. Por isso, cada receita é individualizada e não se deve compartilhar remédios homeopáticos com outras pessoas, ainda que elas apresentem os mesmos sintomas.