“Desde cedo, fui ensinada a almejar mais, impulsionada pela minha mãe a estudar e construir o futuro que eu sonhava. Mesmo com limitações financeiras, minha família sempre me ofereceu apoio estrutural e emocional incondicional”. As palavras são de Eloisa Ropelato, de 30 anos, que trocou as paisagens do Vale do Itajaí, onde cresceu entre Timbó e Rio dos Cedros, pelas terras verdejantes da Irlanda.
Filha de Senira Ropelato e Genésio Ropelato (in memoriam), e irmã de Eduardo. A jovem embarcou em uma aventura de autodescoberta e crescimento na chamada “Ilha Esmeralda”.
Em entrevista, Eloisa compartilhou com a redação do Jornal do Médio Vale (JMV) os desafios e superações que marcaram sua jornada. Criada em uma família humilde, mas com muito amor e incentivo, ela sempre foi incentivada pela mãe a buscar seus sonhos através da educação.
“Minha família sempre me ofereceu apoio incondicional, mesmo com as limitações financeiras”, conta Eloisa. “E tive a sorte de encontrar professoras inspiradoras que me ajudaram a desenvolver meu potencial”.
A oportunidade de uma bolsa na Universidade Regional de Blumenau (Furb) através do Fumdes, programa estadual de formação de professores de inglês, foi um divisor de águas. “A Furb foi um verdadeiro laboratório para mim”, diz Eloisa, lembrando das experiências internacionais de seus professores, que reacenderam o desejo de explorar o mundo.
Desbravando o Desconhecido
A ideia de viver no exterior sempre fascinou Eloisa. “Quando decidi concretizar esse sonho, hesitei em contar para minha mãe. Para minha surpresa, ela me respondeu com um sorriso: ‘Eu espero por esse dia desde que você tinha 12 anos!'”.
Na Irlanda, a jovem enfrentou desafios como a dificuldade em encontrar emprego, mesmo com fluência em inglês. “A indicação, aqui, muitas vezes supera o currículo”, explica. Ela aconselha quem pretende seguir o mesmo caminho a investir em cursos na área de hospitalidade, como barista ou bartender, para facilitar a entrada no mercado de trabalho.
Apesar dos obstáculos, Eloisa se encanta com a cultura irlandesa e aproveita as oportunidades para viajar e conhecer novos lugares. “Pude realizar o sonho de adolescente de assistir a um show da banda Blink 182 de perto e conhecer a Escócia”, comemora.
Superando a Saudade
O maior desafio, segundo Eloisa, é a saudade da família e dos amigos. “A sensação de estar distante dos momentos importantes é o mais difícil”, confessa. Para lidar com a distância, ela busca contato com a natureza, sai com amigos, experimenta novos sabores e, às vezes, se aconchega com um bom livro e chocolate quente.
Construindo seu espaço na Ilha Esmeralda, Eloisa se dedica a criar boas amizades, nutrir relações profissionais e absorver o máximo das diferenças culturais. Ela destaca a importância da comunicação, empatia, adaptabilidade e coragem para se estabelecer em um novo país.
“Uma coisa que me encanta é como as pessoas são educadas e se respeitam por aqui”, observa Eloisa. “A aparência não é uma questão, e a beleza se manifesta de diversas formas. A celebração em equipe no pub, com uma cerveja por conta da casa, é um ritual que valorizo muito”.
Rumo ao Futuro
Para o futuro, Eloisa planeja continuar explorando o mundo, investir em sua qualificação profissional com uma certificação internacional em ensino de inglês e um mestrado. “Eu não vim até aqui pra desistir agora!”, afirma com entusiasmo.
A jovem catarinense se orgulha de sua jornada e das lições aprendidas. “A independência, o orgulho das minhas raízes, a assertividade e o respeito ao meu tempo e corpo foram conquistas valiosas”, conclui. “Levo comigo memórias, amigos espalhados pelo mundo e um olhar expandido sobre a vida”.Para finalizar Eloisa dá a seguinte dica: “Para quem sonha em morar na Irlanda, a dica é pesquisar, conhecer a si mesmo, estar aberto a adaptações e resolver pendências no Brasil. A adaptação exige disposição para o novo e um forte desejo de viver a experiência”.