Reinventar: palavra que faz parte do setor de alimentos
Proprietários e chefes de restaurantes e cafeterias relatam o que fizeram para seguir trabalhando n …
Clarice Graupe Daronco / JMV
Um dos pratos produzidos pelo Bistrô Entre Parênteses e entregue ao cliente em sua residência
TIMBÓ – O setor de alimentos, que vai desde restaurantes a lancherias, teve que se reinventar para seguir atendendo durante o período da quarentena. Nesta semana, o Governo do Estado liberou os restaurantes para voltar a funcionar, mas para que isso se torne possível é necessário que algumas regras devam ser cumpridas.
A regulamentação publicada no Diário Oficial do Estado prevê uma série de restrições para o público e de comportamento, entre elas: obrigatoriedade do uso de máscara e de higienização das mãos. Caso o estabelecimento tenha buffet, um funcionário deve orientar sobre a obrigatoriedade de nova higienização das mãos e do uso de luvas descartáveis enquanto o cliente se serve
A portaria também prevê um raio de distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas. Segundo o documento, o distanciamento corresponde aos clientes e não às mesas ou cadeiras. O texto orienta os estabelecimentos a sinalizarem o local conforme a norma.
Em entrevista à redação do JMV, chefes de cozinha e proprietários de restaurantes e cafeterias relatam como eles se reinventaram para enfrentar a quarentena e seguir atendendo os clientes, e principalmente mantendo o emprego de seus funcionários.
O chef de cozinha, Ademir Franzoi, que atua junto ao restaurante da Associação Atlética Mueller relata que na primeira semana surtou, teve dificuldade para entender a situação, sabia que não podia apenas pensar no lado financeiro, de empreendedor e estava ciente que todas as pessoas envolvidas nesta cadeia estão sentindo de alguma maneira. Todos sem sombra de dúvida. “Na segunda semana com a ajuda da minha esposa, a Domany, consegui me reinventar”.
Franzoi conta o que fez: “Primeiramente me cadastrei a um aplicativo de delivery, de tele-entregas, juntamente com ele fui apreendendo como funciona este trabalho, que nunca tive, e assim começamos a fazer as tele-entregas e surgiu a ideia de publicar fotos dos pratos feitos nas redes sociais.
Acredito que o que mais está levantando hoje o delivery é a propaganda nas redes sociais”, observa o chef ao explicar que: “em parceria com o aplicativo, todo o dia tento inventar um prato novo, faço uma foto simples, mas bonita, com um produto bem apresentado, e público nas redes sociais e vou instigando as pessoas, vou adicionado mais pessoas, coloco a foto do prato no status do WthasApp, Instagram, Facebook e vou tentando fechar uma encomenda. Todo dia apresento um prato diferente para as pessoas terem opções novas para a sua alimentação”.
Agora, com a decisão do Estado em liberar a abertura dos restaurantes, o chefe está aguardando algumas deliberações da direção da Associação Atlética Mueller para definir se irá abrir ou não, mas com relação ao delivery ele afirma que continuará trabalhando.
Levar aos clientes
A proprietária do Bistrô Entre Parênteses, Marliese Pollmann Scoz, conhecida como Xuxa, também conta para a redação como se reinventou no período da quarentena. “Sei que não está fácil para ninguém e o Bistrô também sofre as consequências do Covid-19. Nós não paramos. Temos aqui um jeitinho de adicionar nas receitas de nossos pratos um ingrediente muito especial, o amor. Como eu amo o que faço e amo meus clientes e sei como eles gostam da comida do Bistrô, decidimos levar nossos pratos, ou seja, levar o Bistrô até os nossos clientes amigos!”.
De acordo com Xuxa, essa também é a forma carinhosa do Bistrô dizer, calma, tudo vai dar certo. “E sabe o que a gente ganha de volta? “fiquem firmes, não desistam”. Isso vale mais que qualquer dinheiro. Legal também é o feedback que nos dão. Mandam fotos da mesa super produzida e criam momentos românticos com a nossa comida. Isso é demais. Bem, para nós da equipe Bistrô, é uma honra. Quando vejo a produção, a música, as velas e os nossos pratos integrados ao cenário, rola uma forte emoção. E fica uma certeza: Tudo vai passar, tudo dará certo e voltaremos a nos reunir no Bistrô para um dia festejarmos a amizade que ficou ainda maior e melhor!”
Sobre a liberação do Estado, Xuxa afirma que irão retornar seguindo as normas da Portaria, mas que seguirão com o delivery. “A entrega a domicílio veio para ficar, pois temos recebidos diversos pedidos para manter”.
Em meio a dificuldade
“Em meio a esta pandemia em que vivemos nós do setor alimentício como restaurante, lanchonete, mercado, entre muitos outros setores, sentimos a necessidade de nos adaptar, posso dizer nos reinventar. É o que estamos fazendo. Einstein disse: Em meio à dificuldade encontra-se a oportunidade”. Com essas colocações o chef Elias Maciel, que atua na direção do Restaurante Schütze, fala sobre o período em que tiveram que ficar com as portas fechadas, devido à quarentena.
Maciel destaca que a frase de Einstein é muito interessante, pois todos que atuam no setor de alimentos estão passando por dificuldade. “Mas temos a oportunidade de nos reinventar. Com isso nós do Restaurante Schütze, com a necessidade de gradativamente voltarmos ao trabalho, adaptamos o esquema de marmitas. Criamos cardápios práticos, divulgamos em nossas redes sociais no dia anterior e assim o cliente sabe o que vai pedir, facilitando sua escolha”.
O profissional explica que foi padronizado o valor das marmitas, principalmente porque tem menos variedade e se torna mais justo para o cliente. “O pedido chega, fazemos a montagem de forma que os colaboradores da produção, da cozinha não tem contato direto com os clientes, prevenindo e garantindo a segurança de nossos colaboradores e clientes nesse momento tão importante em pensar uns nos outros”
Questionado se agora com a liberação o restaurante atenderá o público, Maciel afirma que sim, cumprindo todas as regras editadas na Portaria. “Mas também continuaremos com as marmitas, sendo que somente para retirar no restaurante”.
Marmitas produzidas e entregues durante a quarentena pelo chef Elias
Foto: Divulgação/Elias Maciel
Um novo desafio
“Empreender no Brasil realmente é um desafio. E esse desafio se tornou ainda mais difícil quando no dia 18 de março de 2020, tivemos que fechar as portas de nosso estabelecimento para o bem de todos. Acredito que nunca mais esqueceremos, na vida, este dia. Era um dia bonito, uma quarta-feira agitada em nossa cafeteria. Mas logo cedo recebemos a ligação de que teríamos que fechar e tínhamos muitos bolos e tortas produzidos, então nesse momento recorremos a nossos clientes, colegas, amigos e familiares que logo se prontificaram a comprar os produtos daquele dia”. Com essas colocações os proprietários da Cafeteria Madonna Mia Caffè, Juan Peterson P. Nunes e Luciene Alt de Castro, relatam como foi o primeiro dia da quarentena para eles.
quinze dias fechados, faziam visitas ao Café para ver se tudo estava em ordem e a cada dia a preocupação aumentava. “Nesses dias acompanhávamos tudo pelas mídias sociais, até que o bendito dia 1º de abril, dia da mentira, se tornou realidade e poderíamos voltar a trabalhar. Trabalhar sim, mas agora, tudo estava diferente, agora os protocolos com higienização e produção de alimentos haviam mudado e toda equipe teria que se adaptar à nova rotina de trabalho. Nesse dia fizemos reunião com todos os funcionários e avisamos que mais desafios viriam à frente. Nesse momento de crise, por incrível que pareça, tivemos que contratar uma pessoa para o delivery e as vendas estão menores no geral, mas não podemos reclamar pois o cenário atual pede muito respeito e cuidado com cada cidadão timboense. Por isso quem puder, fique em casa, quem precisar sair use máscara e lembrem de ser leais e comprem no comércio local”.
Questionados se irão abrir para atender o público no espaço da Cafeteira, os proprietários afirmam que sim, seguindo todas as normativas da Portaria.
DIVULGAÇÃO/MADONNA MIA CAFFÈ/
