Rio dos Cedros viveu, ao longo deste ano, um dos capítulos mais emocionantes de sua história. A cidade que nasceu do esforço, da fé e da esperança dos imigrantes trentinos celebrou, com grandeza e sensibilidade, os 150 anos da Imigração Italiana, um marco que ultrapassa a memória e se transforma em identidade viva, pulsando nas famílias, nas tradições e no modo de ser desta terra.
Durante meses, a cidade se preparou para esse momento. A Comissão Organizadora, formada por Marildo Felippe, Paulo Bindelli, Senira Ropelato, Jaime Visentainer, Eduardo Osti, Eduardo Moser, Inês Klaumann, Cristian Giese e Andrey José Taffner Fraga, dedicou-se intensamente a estruturar uma programação que fizesse justiça ao tamanho da história que Rio dos Cedros carrega. Cada encontro, cada decisão e cada gesto buscou honrar os antepassados que abriram caminhos em meio às montanhas, aos vales e às incertezas.
A Festa Trentina, realizada em setembro, abriu a temporada comemorativa com brilho. Sua programação genuinamente italiana trouxe sabores, sons e memórias que remetem às primeiras famílias que chegaram à Colônia Cedro em 1875. Mas o ponto alto do calendário estava reservado para novembro: uma sequência de eventos oficiais, marcados por emoção, solenidade e profundo sentido de pertencimento.


Uma noite histórica
O Cerimonial Solene do Sesquicentenário da Imigração Italiana, realizado no dia 14 de novembro, transformou a cidade em palco da história que une Brasil e Itália. Autoridades brasileiras e italianas, grupos culturais e famílias descendentes lotaram o espaço reservado para uma cerimônia que combinou tradição, arte, memória e reconhecimento.
Logo na abertura, a emoção tomou conta do público com as apresentações do Gruppo Folk di Castello Tesino, vindo diretamente do Trentino, do Corpo Bandístico di Albiano, e de grupos locais como Colibri, Santa Notte, Allora Brasil, Cuore Trentino, Natan Vasselai e do tenor Henrique Carlini. Foi uma noite que misturou canto, dança e simbolismo, costurando passado e presente com delicadeza.
No palco das autoridades, nomes reforçaram o caráter internacional do evento:
Maurizio Fugatti, presidente da Província Autônoma de Trento; Maurizio Gilli, prefeito de Albiano; Martina Ferrai, prefeita de Borgo Valsugana; representantes da Associazione Trentini nel Mondo, da Cassa Rurale Valsugana e Tesino e da Fundação Museu Histórico Trentino, além do prefeito Jorge Luiz Stolf, do vice-prefeito Rafael Nones, do presidente da Câmara de Vereadores Dilson Dalpiaz e de diversas lideranças regionais.
A presença dessas delegações reafirmou o gemellaggio, o pacto de irmandade que há décadas une Rio dos Cedros a Albiano e fortalece o intercâmbio cultural entre as duas comunidades.


Medalha de Mérito Cultural
Um dos momentos mais simbólicos da noite foi a entrega da Comenda da Ordem do Mérito Cultural e da Medalha de Mérito Cultural do Sesquicentenário, honrarias concedidas a pessoas e instituições que, ao longo de cinco décadas, preservaram o legado trentino e mantiveram viva a chama da italianidade.
Foram homenageados, entre eles nomes in memoriam, cidadãos, líderes culturais, pesquisadores, descendentes e representantes da vida comunitária que edificaram, tijolo por tijolo, o patrimônio imaterial que distingue Rio dos Cedros no Vale Europeu.
O prefeito Jorge Luiz Stolf ainda realizou entregas especiais a autoridades italianas, incluindo Maurizio Fugatti, Maurizio Gilli e Piergiorgio Pisetta, além do Corpo Bandístico de Albiano e do Gruppo Folk Castello Tesino.
Cada homenagem foi mais que um gesto de reconhecimento: foi um abraço ao passado e um compromisso com o futuro.


Eventos marcantes
Também no dia 14 de novembro, a cidade escreveu outro capítulo memorável com a inauguração da Praça do Sesquicentenário, um espaço concebido como símbolo eterno da presença trentina em Rio dos Cedros. Entre discursos, hinos, aplausos e emoção, a placa comemorativa foi descerrada com inscrições em português e italiano, um diálogo entre as duas pátrias que moldaram este povo. O monumento erguido na praça é mais do que pedra: é memória materializada, é legado concreto, é lugar de encontro, contemplação e identidade.
O fim de semana também foi marcado pelo Desfile Comemorativo dos 150 Anos da Imigração Italiana, que ocupou a avenida central com mais de 20 grupos temáticos, escolas, entidades culturais, fanfarras, agricultores, artesãos e delegações internacionais.
A Banda Musicale di Albiano e o Gruppo Folk Tesino encantaram o público. Grupos locais como Colibri, Cuore Trentino e Allora Brasile celebraram a herança musical. Associações, fanfarras e personagens da vida comunitária trouxeram à avenida uma narrativa viva sobre a construção do município.
O Circolo Trentino, fundado em 1975, rememorou sua trajetória como ponte cultural entre Brasil e Itália. Agricultores e tradições rurais reforçaram o papel do trabalho na formação da sociedade cedrense. Até as lambretas do grupo Tartarugas do Vale estiveram presentes, lembrando que a cultura também se faz de alegria e espontaneidade.
Foram milhares de pessoas compartilhando um só sentimento: orgulho de ser parte dessa história.
Para o prefeito Jorge Luiz Stolf, as comemorações representam “um momento de profunda gratidão aos homens e mulheres que construíram esta cidade com trabalho, fé e esperança”. Da mesma forma, as autoridades italianas ressaltaram o valor dessa ligação que ultrapassa séculos e continua tão forte quanto no primeiro dia.





