SC lidera geração de empregos na construção entre os estados do Sul
Santa Catarina manteve, pelo segundo mês consecutivo, o terceiro maior saldo de vagas de emprego no setor da construção civil no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. O dado, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) e analisado pela Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC), revela que o estado criou 11,5?mil novas vagas entre janeiro e maio de 2025 — um crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a análise, o resultado está ligado ao dinamismo de diversas frentes da construção no estado, desde as etapas iniciais, como alvenaria, até os serviços de acabamento. “Mesmo diante de um cenário nacional marcado por incertezas fiscais e juros elevados, Santa Catarina demonstra força e resiliência, movida pela confiança no setor da construção e pelo protagonismo dos nossos empresários”, destaca o presidente da FACISC, Elson Otto.
Cidades como Itapema, Blumenau, São José, Balneário Camboriú e Nova Trento se destacaram na criação de empregos, especialmente nas áreas de construção de edifícios, que geraram mais de 6,4?mil vagas, e nas obras de acabamento e alvenaria. Apenas essas duas últimas frentes responderam por mais de 2,2?mil novas contratações neste ano. As ocupações mais demandadas incluem serventes de obras, pedreiros, carpinteiros, pintores e aplicadores de revestimentos cerâmicos — especialmente entre os jovens de 18 a 24 anos e profissionais entre 30 e 39 anos.
A FACISC avalia que os números do ano reforçam a relevância da construção civil na economia catarinense. Santa Catarina tem a segunda maior taxa de formalidade do país no setor da construção, de 52%, atrás somente do Distrito Federal. “Além de movimentar a economia em diferentes regiões, o setor contribui para a formalização de empregos em uma área historicamente marcada pela informalidade. Isso é positivo para o trabalhador, para as empresas e para o desenvolvimento sustentável do estado”, explica o diretor de Articulação Estratégica da Facisc, Marco Antonio Corsini.
O empresário Eduardo Schuster, da Santer Empreendimentos, também vê de forma positiva o cenário catarinense e afirma que os dados apresentados pela FACISC refletem fielmente a realidade observada no setor. “Especialmente no litoral norte do estado, onde atuamos intensamente em municípios como Barra Velha, Balneário Piçarras e Penha, percebemos uma impressionante capacidade de geração de empregos e movimentação econômica, mesmo diante de instabilidades fiscais e taxas de juros elevadas”, afirma.
Segundo Schuster, os empreendimentos imobiliários possuem ciclos longos — projetos vendidos em 2024, por exemplo, serão construídos e entregues até 2028 — o que assegura maior estabilidade na geração de empregos, mesmo em momentos de retração econômica. “Essa previsibilidade garante a continuidade das contratações e segurança para fornecedores, prestadores de serviços e centenas de famílias que dependem da cadeia produtiva da construção.”
O empresário também destaca o impacto social positivo do setor: “A construção civil aquecida tem oferecido salários médios mais altos do que muitos segmentos da indústria e do varejo, elevando a renda local e estimulando comércio e serviços. Observamos esse movimento com clareza em nossas regiões de atuação.”
Schuster ressalta ainda que, mesmo com o crescimento populacional apontado pelo último Censo Demográfico do IBGE, Santa Catarina conseguiu absorver a nova demanda e manter saldo positivo de empregos, com a menor taxa de desemprego dos últimos dez anos. “Isso comprova que somos um estado exemplar, feito e habitado por pessoas trabalhadoras, empreendedoras e comprometidas com o progresso coletivo. A construção civil em Santa Catarina é uma força de transformação”, diz.
Ele também coordena o Núcleo da Construção Civil, que reúne atualmente 26 incorporadores associados na Associação Empresarial de Penha. “Nosso objetivo é atuar como parceiros estratégicos do poder público e da comunidade, contribuindo para um crescimento urbano que seja colaborativo, ordenado e sustentável. Trabalhamos para que Penha se desenvolva de forma estruturada e contínua, preservando sua identidade, qualificando seus espaços e assegurando qualidade de vida para todos.”
Cenário de incerteza
Mesmo com o dado positivo, o desempenho do mês de maio sinaliza uma desaceleração: houve uma queda de 97% no saldo de novas vagas, em grande parte devido à retração nas obras de montagem industrial, que encerraram 338 postos de trabalho. “Esse movimento reflete os impactos defasados dos juros altos, que encarecem o crédito e fazem as empresas adiarem investimentos”, explica Elson Otto.
Fonte: RCNONLINE