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Timbó
quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Símbolo de tradição e inovação artesanal em Timbó

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“Há relatos de que a colonização de Timbó iniciou-se de fato por volta de 1867, na região atualmente conhecida como Mulde (“pequeno vale” em alemão). Os primeiros imigrantes vieram da Alemanha e subiram o ribeirão que recebeu o mesmo nome do local. Eles buscavam terras para se assentar e cultivar suas lavouras. Diante dos desafios do caminho, os imigrantes começaram a se espalhar para outras direções, formando o que mais tarde se tornou o bairro São Roque e a localidade de Cedrinho, Margem Esquerda. Essas duas regiões não foram escolhidas por acaso. Elas tinham algo especial para os que passavam margeando o rio Itajaí-Açu, pois avistavam ao longe uma montanha que chamaram de “Schweiz”, em alusão aos Alpes Suíços, numa carta escrita por Doutor Blumenau.

Depois, ela recebeu o nome de “Blauer Berg” e, mais tarde, na tradução livre do alemão para o português, ficou conhecida como Morro Azul”. As colocações são da artesã criativa Andrea Kaestner Kamp.

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De acordo com ela, relatos históricos informam que em 1869, chegou a Timbó, na região central da cidade, o imigrante alemão Frederico Donner. “Jovem e movido pelo entusiasmo de desbravar novas terras, após ter passado alguns anos com o tataravô de Andrea, Peter Wagner, precursor de Blumenau que chegou no primeiro veleiro de imigrantes alemães em Desterro em 1828, Frederico Donner, logo abriu em sua casa um comércio de secos e molhados. Ele começou a trazer mais imigrantes, sempre escolhidos a partir de seus ofícios na antiga pátria, como marceneiros, construtores, ferreiros e outros profissionais, intensificando assim suas habilidades manuais e tradições”.

Andrea observa que “nessa rica história temos o Morro Azul, que além de ser um marco geográfico de Timbó, é também um símbolo da rica tradição artesanal da região”. Essa tradição cativou a artesã criativa, que herdou o aprendizado pela costura de sua avó Wally, uma costureira talentosa que sobreviveu como viúva através da costura, e de sua mãe Alda, que a ensinou e incentivou a bordar e outras habilidades. Além de sua formação em Educação Artística, Engenharia Civil pela Furb e condutora Cultural e Ambiental, ajudaram-na a expandir seus horizontes.

Andrea está entre as 11 artesãs que se formaram no Programa Desenvolvimento para o Artesanato Ouro e receberam a certificação na apresentação de suas coleções de produtos artesanais e criativos com a identidade cultural de Timbó em maio de 2024. Esta iniciativa é do Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí (Cimvi) em parceria com a Prefeitura Municipal de Timbó, por meio da Fundação de Cultura e Turismo de Timbó e Sebrae.

Em entrevista à redação do Jornal do Médio Vale (JMV), Andrea apresentou sua coleção Blauerberg – Nuances do Morro Azul, que utiliza técnicas e conhecimentos passados de geração em geração e é um reflexo da cultura artesanal de Timbó, onde a criatividade e a tradição se encontram. Ela se inspira na paisagem local, especialmente no Morro Azul, para criar peças únicas que carregam a história e a essência da região. Sua obra, uma combinação de aquarela sobre tecido, retalhos e finalização com bordado, gerou a arte estampada e usada em seus produtos desenvolvidos. “A parceria com a Lancaster foi fundamental para o desenvolvimento das minhas criações. A empresa abriu uma startup focada em apoiar pequenos empreendedores, fornecendo tecidos de alta qualidade e suporte técnico para a produção artesanal. Essa colaboração permitiu que eu explorasse minha criatividade e expandisse meu negócio, mantendo viva a tradição artesanal de Timbó através de minha arte estampada. Esses caminhos foram aprimorados pelo curso de Identidade Cultural Ouro, elaborado por Michele Laforga e Barbara Wagner”.

Com inovação e parceria, ajudaram a desenvolver bolsas utilizando apenas fita métrica e sua habilidade inata de observação. “Minha inovação mais recente inclui o uso de botões de pressão para transformar a bolsa em diferentes formas, adicionando um toque de sofisticação ao design”.

Além das bolsas, Andrea expandiu sua linha de produtos para incluir almofadas e quadros decorativos, aumentando a coleção Blauerberg – Nuances do Morro Azul. “Cada peça é cuidadosamente trabalhada para refletir a beleza e a história de Timbó, desde os materiais escolhidos até os detalhes finais, como o uso de papelão para os quadros, remetendo às memórias da produção local de papelão fornecido pela Empresa Papelão Timbó, fundada em 1928, de produção local e resgate do passado”.

A artesã também valoriza a sustentabilidade em suas práticas, reutilizando materiais e buscando alternativas ecológicas para suas criações. “A introdução do corino ecológico, papelão, uso de retalhos para diminuir tintas e linhas, até nos quadros de estamparia usados como molduras com pouca industrialização e aparência rústica, é um exemplo disso, mantendo a estética tradicional enquanto minimiza o impacto ambiental”.

Andrea também buscou conhecimento através de profissionais como Silvana Stolf, que confecciona bolsas, e a estamparia como a Lancaster. Ela também valoriza as parcerias com a professora Nadia S. Zickur, que usa serra-fita no fundo do quintal de sua casa para confeccionar o molde da artesã, com seus corações em madeira, não perfeitos mas amados do Morro Azul, e a empresa de laser HolzHaus, que cria traços elaborados do Morro Azul. Para Andrea, sem parcerias, troca de conhecimentos e apoio do marido e filhas, com certeza não seria possível encontrar harmonia nos produtos criados.

A dedicação de Andrea ao artesanato é um tributo à história e à cultura de Timbó. Cada peça que ela cria é uma celebração da resiliência e da criatividade dos colonos que transformaram a região em um centro vibrante de cultura e tradição. O Morro Azul continua a inspirar gerações, não apenas como uma paisagem majestosa, mas como um símbolo de inovação e preservação cultural.

Com o apoio de iniciativas locais e a crescente valorização do artesanato, o futuro de Andrea e de outros artesãos de Timbó é promissor. A região continua a ser um berço de talento e tradição, onde a história é tecida em cada peça de arte, e o espírito pioneiro dos imigrantes alemães é mantido vivo nas mãos habilidosas de seus descendentes.

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