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sábado, 21 de setembro de 2024

Timbó, Capital do Chope

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Timbó, Capital do Chope
Museu do Imigrante será sede de Exposição histórica sobre os eventos festivos de Timbó, em es …

Clarice Graupe Daronco / JMV

Foto: ARQUIVO PÚBLICO PROFESSOR GELINDO SEBASTIÃO BUZZI

TIMBÓ – “Os imigrantes que colonizaram nossa região trouxeram consigo grande diversidade cultural, expressa através da música, dança e gastronomia, sendo, portanto, nas festividades seu momento de maior expressão”. Com essa frase o profissional da Fundação de Cultura e Turismo de Timbó que atua junto ao Museu do Imigrante, Everton de Vargas, explica à redação do JMV sobre o próximo evento que será realizado no Museu do Imigrante.

De acordo com o profissional de 27 de setembro a 20 de outubro o Museu do Imigrante será sede da Exposição “Timbó Capital do Chope”. Para a realização desta Exposição os profissionais da Fundação de Cultura e Turismo buscaram uma contextualização que tem como base os anos de 1967 a 1988, período em que Timbó foi sede do maior festival de chope da região, evento que era organizado pelo Lions Clube da cidade, o que, na época, rendeu o título de Capital do Chope. “Na exposição apresentaremos ilustrações, textos, fotos, livros e imagens que contam não só sobre o Festival, mas também sobre a história da cerveja no mundo e na região do Vale do Itajaí, também sobre as cervejarias que aqui se estabeleceram no início do século XX”, explica Vargas.

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Interessados em conhecer a Exposição podem visitar o Museu do Imigrante, localizado na Avenida Getúlio Vargas, 211, no Centro de Timbó, de terça-feira a domingo das 8h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min. O valor da entrada é de R$ 2,00 e grupos devem agendar previamente através do telefone número: (47) 3380 – 7632 ou pelo e-mail: [email protected].

A História

De acordo com dados históricos, além da música, dança e gastronomia, outro elemento típico da cultura europeia que foi introduzido com grande sucesso no Brasil foi a tão adorada cerveja, essa bebida que acompanha a civilização humana desde os primórdios. Segundo dados coletados pelo profissional do Museu do Imigrante, mesmo antes da bebida dominar o cenário nacional já era produzida e apreciada em terras catarinenses graças aos pequenos e médios produtores do Vale do Itajaí, entre eles os timboenses Brandes e Kellermann. “A cerveja e as festas são parte constituinte da identidade dos teuto-brasileiros e seus descendentes que aqui vivem, resultado disso foi a maior festa do chope que os anos 60, 70 e 80 tiveram, o Festival do Chope de Timbó”. 

Festival do Chope 

O Festival do Chope de Timbó foi criado em 1967 com o objetivo de angariar fundos para as ações filantrópicas do recém-fundado Lions Clube de Timbó, sendo que atravessou décadas, atraiu dezenas de milhares de pessoas e trouxe shows nacionais como Nelson Ned, José Fernandes e Moacir Franco. “Realizado inicialmente no Salão Teske, o Festival foi transferido para o Pavilhão de Eventos no ano de 1970, onde permaneceu até suas últimas edições. Para ter acesso ao local da festa os interessados precisavam adquirir o caneco do ano corrente, que vinha com o ingresso fixado na parte de baixo. Portões abertos a partir das 17h e atrações começando a partir das 19h, a festa corria solta, com chope liberado a noite toda. Nos anos de maior sucesso do Festival os mais de 10 mil foliões chegaram a consumir cerca de 33 mil litros da bebida, a chegada do caminhão com os barris era um evento que mobilizava a comunidade”, relata Vargas ao comentar que de acordo com a história, com o passar dos anos e o crescimento exponencial da atração, dificuldades foram aparecendo. “O grupo que gerenciava o evento era voluntário e pequeno, a festa crescia, eram muitas responsabilidades. Então, por decisão interna, resolveram tentar conter o crescimento da festa. A partir dos anos 80, com a Oktoberfest blumenauense ocupando muito mais espaço na mídia e oferecendo maior e melhor infraestrutura em seus eventos, a viabilidade do Festival timboense foi ficando comprometida. Em 1988 o Festival chega ao fim, ou sofre uma longa pausa, pois em 1999 e 2000 teve outras duas edições, sendo retomado, mais recentemente, entre os anos de 2016 e 2019”.  

A cerveja

O personagem central do Festival do Chope, a cerveja, é algo que acompanha a civilização desde seus primórdios. Não sendo exclusividade dos povos germânicos, ela passou pelas eras, teve fórmulas e métodos de fabricação aperfeiçoados e alterados segundo uma diversidade de culturas e povos com os quais teve contato. Conforme histórico organizado pelo profissional do Museu do Imigrante, foram vários os que investiram na produção cervejeira, no Vale do Itajaí.  

Vargas relata que o primeiro deles foi Heinrich Hosang, em 1860. Em 1869 Frederico Donner estabelece morada na confluência dos rios Benedito e Cedros. Em 1903, na localidade que daria lugar à cidade de Timbó, Hermann Germano Brandes construiu sua cervejaria. No ano de 1919 a comunidade timboense faz a festa do cinquentenário e estabelece Frederico Donner como seu fundador.

Em 1922, ano em que Timbó se tornou distrito de Blumenau, Hermann Germano Brandes vende a cervejaria para seu filho, Gustavo Brandes, primeiro intendente do novo distrito. Ainda em 1922, Arthur Kellermann montou sua cervejaria no distrito de Timbó, onde, além de uma variedade de cervejas claras e escuras, ele também fazia licores, gasosas e uísque.

Em 1930 o nacionalista Getúlio Vargas toma o poder, nomeando Aristiliano Ramos como interventor federal em Santa Catarina de 1933 a 1935. Em 1934 Aristiliano promove o desmembramento da grande Blumenau, dando origem ao município de Timbó. “Os anos em que Getúlio esteve no poder, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, não foram gentis com o povo do Vale, especialmente com aqueles que tiravam da produção cervejeira o sustento da família. As festas foram proibidas, clubes fechados, as pessoas não podiam circular e nem falar livremente, a importação de insumos foi dificultada, algumas mudanças nos tributos e a competição das grandes cervejarias do sudeste do país fizeram com que muitos produtores locais fechassem as portas”, relata o profissional.

Os anos passaram, explica Vargas, o mundo mudou, hoje Timbó comemora seus 150 anos e a cidade conta com eventos e empreendimentos dedicados à cerveja, o Festival que antes nos rendera o título de “Capital do Chope” renasceu, mas já não conta com o mesmo público de outrora.

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