Há histórias de amor que parecem bordadas com o fio do tempo, delicadas, resistentes e luminosas. A de Guido e Marga Zimmermann é uma delas. No dia 19 de novembro de 2025, o casal celebrou 70 anos de matrimônio, um marco que ultrapassa o calendário e se inscreve no coração da família, dos amigos e da comunidade que testemunha essa união desde o início.
A redação do Jornal do Médio Vale (JMV) conversou com os dois, que, com serenidade e sorrisos cúmplices, revisitaram memórias que guardam o perfume da juventude, os desafios da vida adulta e a doçura da velhice compartilhada. Em cada resposta, uma lição de simplicidade. Em cada lembrança, a constatação de que o amor, quando cultivado todos os dias, não envelhece, permanece.
Guido e Marga se conheceram no cinema, lugar onde a vida, por vezes, se confunde com poesia. “No primeiro encontro foi o beijo”, recordam, como quem revive o instante que despertou tudo. E foi ali, naquele escuro cheio de expectativa, que perceberam ter encontrado a pessoa certa. “Nos encantamos no mesmo instante, foi amor à primeira vista”.
O início da vida a dois trouxe o frescor da união e o peso dos primeiros desafios. “Tivemos companheirismo, respeito e muita resiliência”, conta o casal. A perda prematura da mãe de Guido deixou marcas, mas também fortaleceu o elo que nascia. “Esse momento difícil nos uniu ainda mais”.


Amor que atravessa o tempo
Setenta anos depois, quando perguntados sobre o que mudou no relacionamento, a resposta vem com a naturalidade de quem conhece bem seus próprios passos: “Não houve mudanças significativas. Mantivemos o respeito, a confiança e o diálogo”.
Foram justamente esses gestos simples, conversar com compreensão, acolher com indulgência e preocupar se diariamente com o bem estar do outro, que sustentaram o casamento. “Admiramos a dedicação, a ajuda mútua e esse cuidado constante que nunca nos faltou”.
Houve momentos difíceis, claro. Mas a fé, a família e os valores que sempre orientaram suas escolhas funcionaram como bússola. “Nos momentos de dor, encontramos coragem na oração e no apoio dos familiares”. No centro de tudo, a parceria.
E entre tantas memórias, uma permanece mais brilhante: o nascimento dos filhos. “Momentos de imensa alegria que marcaram nossa história para sempre”.
Hoje, ao olhar para o legado construído, filhos, netos, bisnetos, histórias e tradições que se multiplicam, sentem apenas gratidão. “É gratificante reconhecer que tudo o que vivemos floresceu nas gerações que vieram depois”.
O que fazem juntos hoje? As coisas simples, que o tempo ensina a valorizar: tomar café com calma, conversar sobre a vida, assistir aos programas preferidos, cuidar da casa e do jardim. Pequenos rituais que se transformaram em refúgio e celebração.
E o que ainda os faz sorrir um para o outro? “O carinho de sempre e a alegria de compartilharmos a vida até hoje”. Há amores que amadurecem como fruta doce e permanecem assim.

Mensagem às novas gerações
Quando o assunto são os casais de hoje, Guido e Marga falam com a sabedoria de quem viveu o bastante para compreender o essencial: “Cuidem um do outro todos os dias. Tenham paciência. Conversem com sinceridade. Não desistam na primeira dificuldade”.
Para eles, relacionamentos duradouros se constroem com respeito, diálogo e a vontade diária de permanecer juntos, mesmo quando os tempos são desafiadores.
E o segredo para um amor que vive há sete décadas? “Os gestos simples: respeito, paciência, diálogo e a escolha diária de cuidar um do outro”.
Quando pedimos que definissem a própria história em uma palavra, não hesitam: companheirismo. Porque, dizem, “estivemos sempre lado a lado, nas alegrias, nas dificuldades e em cada etapa da vida. Foi essa parceria que sustentou tudo”.




