Experiência na área privada é fundamental para exercer um cargo público
Unírio Nestor Dalpiaz, 55 anos, empresário, ex-vereador e ex-deputado estadual tem vasta experiê …
Cleiton Baumann
Liliani Bento/new age
Unírio Nestor Dalpiaz, 55 anos, empresário, ex-vereador e ex-deputado estadual tem vasta experiência no campo político. É coordenador regional do PSDB e tem opiniões firmes com relação ao que deve ser feito para que, tanto o município de Timbó quanto o Brasil, deslanchem.
Para Timbó, em sua opinião, falta uma reforma administrativa, com a colocação de assessores que tenham o conhecimento técnico necessário para planejar a cidade rumo ao desenvolvimento. Para o Brasil falta uma reforma fiscal e investimentos em infraestrutura. Dalpiaz também defende que sejam eleitos representantes regionais para a Assembleia Legislativa, com o objetivo de que os municípios recebam mais recursos.
Jornal do Médio Vale – Depois de 30 anos, em 2006, Timbó teve um deputado estadual. E esse deputado foi o senhor. Qual a sensação?
Unírio Nestor Dalpiaz – Eu era suplente do Jorginho Mello pelo PSDB e acabei ficando como deputado estadual por três meses. Foi uma experiência fantástica. Durante esse tempo, verifiquei o quanto se perde em recursos por não termos representação política. Foi um período de muito aprendizado. Durante minha passagem pela Assembleia Legislativa liberei verbas para diversas entidades. Essa experiência tem nos ajudado, em Timbó, até hoje quando precisamos de alguma coisa para o município.
JMV – Quais foram suas bandeiras enquanto deputado estadual?
Dalpiaz – Tive um espaço muito curto. Mas reivindiquei a implantação de serviços ADSL, instalação de torres de telefonia móvel e a transformação de chamadas interurbanas em chamadas locais com o agrupamento de códigos telefônicos intermunicipais abrangendo os municípios de Blumenau, Timbó, Pomerode, Indaial, Rio dos Cedros, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Rodeio e Ascurra. Entre outras coisas, também me dediquei à Comissão de Constituição e Justiça.
JMV – Em sua opinião, para que a região recebesse mais recursos seria necessário ter um número maior de representantes na Assembleia?
Dalpiaz – Com toda certeza precisaríamos ter uma representatividade maior. Perdemos muito por não termos quem brigue pela região. Se tivéssemos mais representantes, com certeza, viriam mais recursos para entidades, obras e atendimento de demandas. Os recursos são direcionados para as regiões que têm deputados brigando por elas. O que sobra é encaminhado aos demais municípios.
JMV – Depois dessa experiência, o senhor não quis mais disputar uma vaga na Assembleia?
Dalpiaz – Na época tínhamos também o Gilmar Knaesel e não seria racional o partido ter dois candidatos. Ajudei na campanha do Gilmar.
JMV – Mas o senhor já ocupou outros cargos eletivos?
Dalpiaz – Sim. Fui vereador de 1989 a 1992. Também fui presidente da Câmara de Vereadores de Timbó na época em que criamos a lei orgânica do município.
JMV – A política faz parte da sua vida?
Dalpiaz – Apesar de ser empresário, estar sempre trabalhando na vida privada, a política realmente sempre fez parte da minha vida. Nas últimas eleições para prefeito disputei como vice-prefeito do Oscar Schneider. Hoje também sou coordenador regional do partido.
JMV – A sua experiência na vida privada auxiliou quando exerceu cargos eletivos?
Dalpiaz – Com toda certeza. Vejo que, alguns municípios passam por dificuldades porque seus prefeitos não tiveram nenhuma experiência no setor privado, têm dificuldades de gerir sem recursos. Nesses casos, é necessário ser criativo e isso o empresário brasileiro aprende no dia-a-dia.
JMV – O senhor é um dos executivos da Carrocerias Linshalm, empresa conhecida em todo o Brasil, como foi sua trajetória?
Dalpiaz – Faz 26 anos que trabalho na empresa. Passei por todos os cargos, aprendi o funcionamento e hoje estou como gerente administrativo comercial. Essa experiência ajuda muito quando ocupamos um cargo público.
JMV – Seus filhos trabalham na empresa?
Dalpiaz – Tenho três filhos. Todos com funções distintas e estudando. A nossa preocupação é para que tenham uma boa formação, assimilem conhecimento. Um deles, o mais velho, trabalha em uma empresa plástica. É importante que eles tenham outras experiências antes de virem trabalhar conosco.
JMV – A sua esposa trabalha na empresa. Como funciona essa dobradinha?
Dalpiaz – Minha esposa é contadora e já está na empresa há 30 anos, pois pertence à família fundadora. Funciona muito bem trabalharmos juntos e sermos casados. Um apóia ao outro.
JMV – Em sua opinião, do que Timbó está precisando?
Dalpiaz - Timbó necessita de um administração com visão de futuro. Para isso, é necessário que a administração esteja dotada de assessores com essa visão e, principalmente, conhecimento técnico para adotar novas medidas com o objetivo de desenvolver o município. Temos uma arrecadação respeitável, o que nos falta é uma reforma administrativa. Talvez reduzir o número de secretários e pagar melhor um número menor de profissionais. O município tem potencial para crescer.
JMV – Qual sua opinião sobre a economia brasileira?
Dalpiaz – As previsões são de que o Brasil crescerá 5% esse ano. Eu acredito que o crescimento deva chegar a 3% ou 4%, o que já considero bastante positivo. Nós temos que cuidar muito com essas previsões de crescimento, visto que se crescermos demais, vamos ter problemas sérios. Não temos infraestrutura para tanto crescimento. Temos problemas com energia, não temos estradas boas, os aeroportos são precários e até os portos estão aquém do que deveria ser. É necessário cuidar para não termos um colapso.
JMV – Qual sua opinião sobre o Brasil?
Dalpiaz – O Lula teve muita sorte. Pegou um período bastante favorável da economia mundial. Ele recebeu o país já encaminhado e soube conduzir o processo. Ele teve a humildade de manter o que estava funcionando e com isso pôde fazer um bom trabalho social.
JMV – O senhor acredita que ele faça o sucessor?
Dalpiaz – Mesmo o Lula tendo grande aceitação, é um desafio fazer o sucessor. Para fazer um sucessor, teria que ter alguém com o mesmo carisma que ele.
JMV – O que o próximo presidente deve fazer pelo Brasil?
Dalpiaz – O próximo presidente, independente de quem seja, deve se preocupar com a reforma fiscal. Pagamos muitos impostos. É necessária uma reforma. Com isso, o Brasil também crescerá mais, mas é necessário se preocupar também com a infraestrutura.