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sábado, 21 de dezembro de 2024

Nalde Bertran: dedicação à profissão e à família

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Nalde Bertran: dedicação à profissão e à família
Conhecido protético de Timbó chega aos 86 anos de vida, sendo 50 deles atuando na profissão …

Clarice Daronco

TIMBÓ – “Todos temos um sonho na vida e muitos dedicam uma vida inteira para realizar este sonho”. Com esta frase o jornalista Sócrates Prado relata um pouco da história de vida de um timboense. Um profissional que acima de tudo soube respeitar os limites da profissão e da sua posição dentro dela. “Estou falando de Nalde Bertran, que em dezembro deste ano completa 87 anos, 50 deles dedicados ao trabalho como protético dentário”.

Segundo Sócrates, Bertran relata com orgulho sua história por demais curiosa. “Ele também revelou que sempre sonhou em ter sua história publicada no jornal da cidade”.

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A História

Nalde Bertran – protético Bretran, como é mais conhecido, lembra com emoção o percurso que teve que percorrer até ser reconhecido profissionalmente. De acordo com informações do jornalista, Bertran sempre atendeu de forma simples mas profissional seus clientes, com o carisma de um pai. “Eles vinham de todas as cidades da região ao entorno de Timbó como de Indaial, Rio dos Cedros, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Rodeio, Ascurra, Apiúna e Pomerode. Sua clientela se formava pela indicação”.

Filho de colonos de descendência alemã, Bertran nasceu em casa, na localidade de Santa Maria, em Benedito Novo. “Ele relata que segundo sua mãe, veio ao mundo através das mãos de uma parteira, sua própria avó materna, Ana. Foi o quinto filho de seis irmãos. Aos oito anos de idade, no ano de 1940, perdeu a mãe, Uda Schultz Bertran, picada por uma cobra jararaca. Lhe restou, então, ajudar seu pai Otto Bertran e os irmãos na lavoura. A principal produção da família – pato recheado, ovos e manteiga – era levada em ônibus, sem vidros nas janelas, para Blumenau, para comercializar numa feira localizada onde é a rua das Palmeiras. O menino Bertran é que fazia essa viagem até Blumenau, com apenas 11 anos. Descia na rua XV de Novembro e seguia pé até a feira”.

Sócrates observa que de acordo com Bertran, ele ficou em Benedito Novo até os 15 anos, quando resolveu sair de casa e ir tentar a vida na cidade. “Entre a adolescência e a juventude conheceu o professor Gelindo Buzzi e o doutor Urbano Bertoldi. Na vida adulta, conheceu Lindolfo Bell, com quem também criara amizade. Em Timbó, por volta de 1947, teve seu primeiro emprego como frentista no Posto Rahn. Ele residiu no próprio posto e depois dentro de uma garagem, de uma empresa de ônibus, onde mais tarde viria a ser funcionário. Ele recorda que ficava nas tardes de domingo, sem muito o que fazer, olhando pela janela de um pequeno quarto. Lembra, com risos, de que naquela época havia pouco serviço no posto porque em Timbó tinha uma meia dúzia de veículos, somente”.

O jornalista relata ainda que a história de Bertran teve muitos desafios. “Ele ficou durante um ano exercendo a função de frentista até que foi trabalhar de cobrador de ônibus, aquele mesmo que tanto se acostumara a pegar até Blumenau para vender a produção agrícola da família. Por volta de 1951, já com 21 anos, começou um novo desafio, agora puxando madeira da serra para Blumenau. Dirigia um caminhão Ford caixa-seca, que por diversas vezes lhe fez passar sustos na estrada empoeirada. Ficou menos de um ano como motorista até que, em dezembro de 51, resolveu que já era hora de, mais uma vez, mudar a direção de sua vida. Foi para a região oeste catarinense, na cidade de Caçador, a convite de um tio paterno, aprender uma nova profissão que, mais tarde, seria sua grande paixão e lhe abriria muitas oportunidades.Ficou quatro anos em Caçador, sem receber nada pelos primeiros trabalhos como protético”.

Bertran relata que em 1955, com toda habilidade e técnica que adquirira, retornou a Timbó para trabalhar sozinho. “Na época ele precisou fazer roupas novas, afinal de contas, até por volta do início dos anos 50, segundo Bertran, as roupas eram feitas sob medida e não havia lojas de vestuário. Em Timbó montou seu consultório sozinho, porém não ficou por muito tempo porque recebeu um convite do doutor Frederico Strubal para trabalhar com ele em uma clínica dentária na cidade de Indaial”.

Família

De acordo com os relatos repassados por Bertran ao jornalista, em 29 de dezembro de 1956, ele casou-se com a jovem Valdira Correia, que havia conhecido logo do seu retorno à Timbó. Entre eles se conhecerem e o casamento foi muito rápido, menos de um ano. Ele conta que chegou para ela um dia e disse: Valdira, quer casar comigo? Ela disse: quero! Não teve dúvidas. Fruto desse casamento, que dura até hoje, vieram os quatro filhos: Neli, Marlon (in memorian) Jaqueline e Vanessa”.  

Idas e vindas 

De acordo com relatos Bertran não ficou por muito tempo em Indaial. No início de 1958 foi para Rio Negrinho trabalhar a convite do dentista Ervino Shawski, onde ficou até 1960. Depois passou por diversas cidades, período de extrema necessidade, pois precisava ir onde estavam os clientes. Ficou por algum tempo em Lageado, depois passou por Agudos do Sul; Areia Branca; Campo Alegre e Rio Negrinho. Em 64 voltou com a família para Timbó, onde estabeleceu residência definitiva e vive até hoje. Na mudança, fez amizade com Roland Bell, irmão do poeta Lindolf Bell, que tinha um caminhão de frete e trouxe a mudança de Bertran e família.

Hobby

Sócrates revela outro segredo de Bertran. “Ele tem um hooby que lhe tornou bastante conhecido no bairro onde reside. Semanalmente, Bertran fazia apostas em jogos como a loteria esportiva e também no popular e atualmente proibido, jogo do bicho. Para ter mais sorte, acreditava, seguia o palite dos amigos e anotava as placas dos veículos que passavam defronte a sua casa. Também consultava o sonho dos vizinhos e o dele próprio e não temia em perder, já que várias de suas apostas também eram bem-sucedidas”.    

Segundo o jornalista, Bertran hoje, aos 86 anos, cuida da sua saúde, recebe a visita da família, principalmente de netos e filhos, mas não deixa de fazer o que mais gosta que é exercer a profissão de protético e atender, no seu pequeno e simples consultório, os antigos clientes que ainda o procuram.

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