Siegrid Ribeiro respira cultura
Siegrid Wanser Ribeiro, 54 anos, diretora da Fundação Indaialense de Cultura é daquelas pessoas q …
Cleiton Baumann
Liliani Bento
Siegrid Wanser Ribeiro, 54 anos, diretora da Fundação Indaialense de Cultura é daquelas pessoas que respiram eventos culturais. Ela tem sua vida pautada na cultura. Aprecia todas as formas de expressões: instrumentos musicais, pintura, cinema, teatro, livros.
Sua luta tem sido em oferecer eventos culturais de qualidade e diversificados para a cidade de Indaial. Todos os dias ela dribla com a falta de recursos para desenvolver todos os projetos que considera importante. Mas não desiste, está sempre em busca de informações com o objetivo de tornar a cultura mais interessante no município.
Jornal do Médio Vale – A senhora está na presidência da Fundação Indaialense de Cultura há 13 anos. Neste período, houve troca de prefeitos e partidos. A que a senhora atribui o seu sucesso?
Siegrid Wanser Ribeiro – Geralmente, há troca de direção nas associações, fundações e de secretários quando muda o governo. Acredito que o bom trabalho que temos feito na fundação é que tem nos mantido durante esse tempo na fundação. E também até o ano passado, a escolha da direção da fundação sempre foi feita pelo conselho curador. A indicação até podia ser do prefeito, mas dependia da aprovação do conselho. A indicação ocorre a cada dois anos. Temos uma administração dinâmica, com vários projetos em andamento.
JMV – Como a senhora define a sua gestão?
Siegrid – Bom, nós procuramos ter uma administração mais ativa, com eventos e novidades na cultura. Agora mesmo, estamos fazendo um balanço do último ano e revendo o que deve ser mantido ou atualizado. Dessa avaliação vai depender a permanência de alguns eventos ou alterações.
JMV – A senhora esteve sempre envolvida com cultura?
Siegrid – Apesar de gostar muito, de a cultura ser a minha vida, nem sempre foi assim. A minha primeira opção profissional foi ir para Curitiba cursar Ciências Sociais (jornalismo). Não cheguei a concluir, voltei para Santa Catarina e fui cursar Direito. Me formei e trabalhei mais de 10 anos na administração de uma granja da minha mãe. Trabalhei um tempo também como professora e em 1997 foi convidada para trabalhar na fundação. Desde então, estou completamente envolvida com cultura.
JMV – Mas a sua escolha para direção da fundação foi casual? A senhora não tinha nenhum envolvimento?
Siegrid – Não tinha envolvimento profissional. Porém, a cultura sempre fez parte da minha vida. Desde criança sempre fiz cursos de piano, de pintura, crochê, tricô, bordado. Pintura em porcelana, em madeira. Enfim, sempre estive fazendo alguma coisa. Sempre fui fã da cultura. E ainda tenho um sonho de unir cultura com turismo.
JMV – Mas, atualmente, sobra tempo para se dedicar a tantas atividades culturais?
Siegrid – Na verdade não. Hoje, possuo um atelier para pintura em madeira na técnica Bauernmalerei. Pinto quando sobra tempo e nos finais-de-semana, quando não tem evento na fundação. Mas, quando me aposentar penso em trabalhar mais com essa técnica. De forma alguma pretendo ficar sem fazer absolutamente nada.
JMV – A senhora poderia citar algo marcante que aconteceu nesses anos todos?
Siegrid – Temos muitas coisas boas. Mas uma coisa legal que fizemos foi trazer a Taschibra como nossa parceira no Natal de Indaial. Todos os anos firmamos algum tipo de parceria com eles. Sempre compramos alguma coisa, mas não muito, porque a cultura sempre trabalha com poucos recursos, e eles nos doam alguma coisa e nos emprestam outras. Assim o Natal fica mais iluminado. O nosso sonho é termos um Natal igual ao de Gramado. Mas isso demanda muito dinheiro. Talentos humanos para termos um Natal igual ao de Gramado não nos falta. Temos vários grupos folclóricos e teatrais.
JMV – A senhora disse que o calendário está sendo revisto. Já tem alguma ideia do que pode mudar?
Siegrid – Estamos avaliando todos os eventos, qual a resposta da comunidade a eles, quanto custa, de que forma devem ser feitos. Há muita oferta de lazer na região. Uma coisa que talvez tenhamos que remodelar são os coquetéis de abertura das exposições. Tem vindo cada vez menos pessoas. Talvez tenhamos que abrir a exposição já com visitação e mais algum atrativo.
JMV – Qual é o maior desafio da cultura?
Siegrid – O maior desafio da cultura em qualquer lugar é a falta de recursos. Dependemos da aprovação de projetos e também de termos bons projetos para apresentar e conhecer os mecanismos para isso. Por isso, é necessário estarmos sempre muito bem informados a respeito do assunto. Existe muita dificuldade para aprovar projetos. Uma coisa boa que está sendo feita são as conferências de cultura, através das quais ficamos por dentro dos trâmites em Brasília e no governo do Estado.
JMV – Qual sua opinião sobre as mudanças propostas para as leis de incentivo à cultura?
Siegrid - As mudanças podem facilitar a vinda de recursos, mas também podem dificultar. Pode facilitar, porque o Estado repassa o valor diretamente para o projeto. Mas, por outro lado, dessa forma a empresa perde a oportunidade de aparecer como patrocinador e perde o interesse de ajudar. O governo está estudando uma forma de mudar isso. Talvez fazer meio a meio, metade repassado pelo governo e metade através das empresas. Outro desafio que temos é a preservação patrimonial. Temos muitas edificações que precisam de restauro e não há recursos para isso.
JMV – E qual a solução para preservar esses prédios?
Siegrid – Hoje nós temos 10 edificações tombadas pelo governo do Estado e 10 pelo governo federal. Mas temos uma lista com cerca de 250 edificações que precisam ser preservadas. No final do ano passado foi aprovada uma lei municipal para proteção e tombamento do patrimônio histórico. Com isso, poderemos buscar recursos através de projetos para a manutenção dessas casas.
JMV – Com tanta dedicação à cultura, como a senhora faz com a família?
Siegrid – Meu marido também é envolvido na comunidade e tem vários eventos para se dedicar. Isso faz com que ele me entenda e até me ajude. Sem o auxílio dele, eu nem sei se teria tido condições de fazer tudo o que tenho feito. O apoio dele e dos filhos tem sido fundamental. Em casa, todos ajudam nas tarefas.