Audiências públicas discutem implantação das PCHs Zimlich e Encano
EMPREENDIMENTO: Empresa quer implantar duas PCHs no rio Itajaí-Açu, que vão gerar quase R$ 500 mi …
Cleiton Baumann
CLARICE DARONCO/JMV
INDAIAL – Enchentes. Esta foi a grande questão abordada nas duas audiências públicas realizadas nesta semana, dias 16 e 17 de junho, na Sociedade Recreativa de Indaial. As audiências tinham por finalidade informar, sanar dúvidas, recolher críticas e sugestões sobre o Estudo de Impacto Ambiental para a implantação de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs Zimlich e Encano, em Indaial.
As duas audiências contaram com a presença expressiva da comunidade envolvida e do poder público. Uma das principais questões abordadas durante a apresentação dos projetos de implantação das PCHs foi a questão das enchentes. Segundo o biólogo e responsável pelo estudo de impacto ambiental, Diego Peres, a questão das enchentes é como um cálculo matemático: o engenheiro calcula que com a altura da barragem é muito fácil a sua montagem e desmontagem. “Pode até dar enchente, mas não será culpa da barragem”, frisa ele.
A bacia do rio Itajaí-Açu, em função de seu histórico de ocupação e de sua propensão natural em produzir grandes enchentes, está devidamente monitorada por uma rede hidrometeorológica. A estação de Indaial é uma referência importante para a bacia, pois serve como ponto de monitoramento da Defesa Civil para o alerta e controle das cheias que incidem na região.
Adotou-se para o projeto uma concepção de arranjo, cujo barramento é coroado por grande extensão de comportas basculantes. Com isso, os técnicos criaram uma maneira de controlar o vertimento, o que possibilitará manter o nível de água em situação segura, mesmo para a enchente milenar.
PCH Zimlich: uma alternativa inteligente
Indaial está na rota da energia, do esforço nacional que vem sendo feito para evitar um novo “apagão” no país. É a PCH Zimlich que vai produzir energia elétrica, gerar emprego e renda para a população local e, ainda, preservar o meio ambiente. Na explanação sobre a implantação da PCH Zimlich, o biólogo frisou que a geomorfologia da região garante a exequibilidade e a segurança da implantação.
Toda estrutura se assentará sobre a rocha de boa qualidade o que garante a segurança dos fundamentos da obra. O solo, argiloso, é adequado aos serviços de terraplanagem. Sobre os riscos operacionais desta PCH, Peres afirmou que são as perdas resultantes de falha ou deficiência na operação. “Como a PCH é de dimensões reduzidas e de simples operação, resultará em menor possibilidade de falhas. Além disso, possui sistema de extravasamento que garantirá a passagem segura das frequentes cheias no rio Itajaí-Açu.
O projeto de construção da PCH Zimlich teve como premissa básica a não interferência na rotina da população que vive próxima à região onde a usina será implantada. Outro condicionante do projeto é o menor comprometimento possível da flora e fauna locais. Buscou-se uma alternativa de baixo custo e mínimo impacto, um sistema de reduzida área alagada e estrutura compacta, que ocupa um pequeno espaço. A PCH Zimlich será construída na margem esquerda do rio, na localidade de Carijós, o bairro mais antigo e populoso de Indaial, onde foi iniciada a colonização do município. Com potencial de geração de 7,60 MW de energia firme e 12,00 MW de potência instalada, a usina operará em regime “a fio d’água”, ou seja, não necessitará de grandes reservatórios. Desta forma, apenas 14,21 hectares serão de área efetivamente alagada.
PCH Encano terá vantagem de produzir energia limpa
A PCH Encano não significará apenas o aumento da produção de energia em uma região onde a demanda por ela é altíssima. Suas atividades darão impulso à economia do município de Indaial, aumentando a arrecadação de impostos, movimentado o comércio e, consequentemente, gerando empregos.
Diego Peres afirma que na concepção do projeto da Usina Encano foram consideradas várias possibilidades e todas as vantagens e dificuldades foram avaliadas. A geografia da região e a pequena dimensão da usina colaboram para o baixo custo de instalação e geração da PCH Encano. Estudos de viabilidade resultaram em um custo de R$ 82,79 por MW gerado, valor considerado atrativo para os investidores.
A área efetivamente alagada pelo reservatório da PCH Encano é pequena (14,85ha) e restringe-se aos fundos de algumas propriedades. Nenhuma benfeitoria será atingida. O espaço necessário para a implantação das estruturas da usina impacta apenas uma propriedade e as negociações com seu proprietário já estão avançadas.
A PCH Encano está totalmente inserida na área urbana de Indaial, mais especificamente no bairro Encano Baixo, onde vivem cerca de três mil dos 40 mil habitantes do município. Nessa região, na margem esquerda do rio, será erguido o empreendimento. Dos 14,85 hectares que serão efetivamente ocupados pela PCH Encano, 6,13 hectares serão utilizados para a implantação dos acessos, canteiros e demais estruturas. O restante equivale à extensão que será realmente alagada nas barrancas, ou seja, 8,47 hectares.
Os 12 MW de potencia instalada da PCH Encano representarão um importante incremento na geração energética na bacia do rio Itajaí-Açu, onde o aumento de demanda vem sendo comprovado por estudos feitos pela Eletrobrás. Essa injeção de energia contribuirá, ainda, para a estabilização do sistema elétrico da Celesc e integrará o esforço nacional necessário à manutenção da segurança e nível de risco do sistema brasileiro.
Vantagens e benefícios das PCHs no município
As PCHs não pagam royalties aos municípios, ao contrário dos grandes empreendimentos de geração hidrelétrica que envolvem extensas áreas alagadas. Porém, não deixam de garantir divisas aos cofres públicos. As PCHs Encano e Zimlich deverão trazer um acréscimo de receita à Prefeitura em torno de R$ 500 mil, devido à partilha do ICMS incrementado. Também serão abertos mais de 240 postos de trabalhos diretos e diversos indiretos, em razão das PCHs serem equipadas com maquinário fabricado em Santa Catarina.
A cidade poderá usufruir, ainda, de um sistema de coleta de lixo reciclável mediante convênio firmado com a Prefeitura. Isto porque a usina, por questões de segurança e para evitar a entrada de objetos que pudessem danificar as máquinas, possui um sistema de grades que funciona como um filtro da água antes de adentrar nas turbinas. Também será buscada a parceria da Uniasselvi para a realização de programas que envolvam a comunidade e valorizem o meio ambiente.
Entre os programas que deverão ser implantados destaca-se o de árvores frutíferas, resgate e monitoramento da fauna, monitoramento da ictiofauna, supervisão ambiental, monitoramento da qualidade da água, recuperação de áreas degradadas e recomposição da mata ciliar, educação ambiental e comunicação social e, o de orientação aos trabalhadores.
O objetivo das empresas executoras das obras de implantação das PCHs: Encano Energia Ltda e Indaial Energia Ltda. As duas em conjunto vão investir mais de R$ 70 mil na implantação das duas usinas que juntas irão gerar 24 MW de energia elétrica. As empresas gerenciadoras das obras terão um escritório no município de Indaial para contratar os funcionários e fazer as indenizações que foram determinadas pela Fatma.