‘Precisamos ter fé!’
Duas histórias, duas mulheres determinadas e uma única certeza …
Clarice Graupe Daronco/JMV

TIMBÓ – Ainda hoje, a palavra câncer assusta muita gente. Seu histórico de tratamento e morte causa certa preocupação para as pessoas, principalmente àquelas que são diagnosticadas. E não é por menos. Afirma-se que anualmente oito milhões de pessoas morrem devido a um tipo de câncer e 14 milhões são diagnosticadas todo ano.
Números que assustam, mas que não podem ficar invisíveis. Por trás de cada tratamento, a esperança e forma de continuar. Por isso, quanto mais cedo for o diagnóstico melhores os resultados.
Neste mês denominado de “Outubro Rosa” muito tem-se falado com relação à prevenção do câncer. Tem-se orientado as mulheres a fazerem os exames preventivos, para que as mesmas se cuidam, tanto com a saúde, como na alimentação. E para ajudar na parte da conscientização a redação do JMV entrevistou duas mulheres timboenses que estão ligadas: uma está em tratamento do câncer de colo de útero e outra já está curada de um câncer de mama. Ambas acreditam na cura, atendendo a todos os requisitos da medicina, com a medicação, quimioterapia e alimentação adequada mas para as duas a certeza da cura está na “Fé”.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal. Os cânceres de colo de útero normalmente são de dois tipos: Carcinomas de células escamosas ocorrem na maioria dos casos e Adenocarcinomas são cânceres de colo de útero menos comuns, mas que também podem aparecer.
A gerente Administrativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Timbó, Laurita Raasch Reis, de 50 anos descobriu o câncer de colo de útero em maio deste ano, já realizou a cirurgia de retirada do útero e das trompas, e agora está passando pelo tratamento de quimioterapia. Laurita conta que sempre esteve em dia com seus preventivos e que tinha uma saúde bem regrada, mas que desde o mês de setembro de 2017 vinha sentido algo diferente em seu corpo, barriga inchada, dores, inclusive acreditou até por um momento estar grávida e inclusive realizou o exame para tirar a dúvida. “Durante este período procurei o meu médico, solicitei exames para fazer, inclusive de colonoscopia pois acreditava que tinha algo estranho. Esse algo estranho se confirmou em fevereiro quando foi ao médico com sangramento e dores fortes no útero, acabou passando por uma curetagem cuja biopsia confirmou o câncer no útero”.
Laurita relata que no mesmo dia agendou uma consulta com um médico oncologista para ter uma direção clínica do que fazer. “Fizemos todos os exames, tomografia, ressonância e por fim a cirurgia em junho deste ano e no dia 19 de julho iniciei o tratamento de quimioterapia, pois apesar de terem retirados todo o meu sistema reprodutor tenho metástase no sistema linfático. Segundo os médicos o meu tipo de câncer é muito raro e bastante agressivo”.
A vida de Laurita nestes últimos meses tem se resumido na ida à cada 21 dias para Blumenau, no Hospital Santo Antônio fazer a aplicação da quimioterapia, cuidar da sua alimentação e principalmente da sua imunidade para que o tratamento não seja interrompido. O cabelo caiu, devido à medicação, mas como ela diz: crescerá novamente. “Apesar dos médicos dizerem que o tratamento não tem prazo, podendo ser bem demorado dependendo das reações do organismo, e principalmente que pela medicina as chances de cura são poucas eu tenho certeza que ficarei curada, pois tenho fé que tudo dará certo, com o apoio do meu marido, da minha família e dos meus amigos, a minha fé me dá forças para levantar da cama todos os dias e seguir em frente para vencer este mal. Deus nos dá a vida e somente ele poderá tirá-la”.
“Minha fé me salvou”
Sim essa frase eu escutei quando inicie a entrevista com a timboense, Dulce Zaccarom, de 54 anos, servidora pública do Tribunal de Justiça, lotada no Fórum da Comarca de Timbó onde atua na coordenação da Central de mandados. Dulce que tem formação em Direito pela Uniasselvi de Indaial e Teologia, pela Faculdade Refidim de Joinville, viaja pelo mundo contando a sua história de vida.
Ela relata que teve câncer na mama esquerda em 2012 e a descoberta da doença lhe apresentou um novo caminho de vida. “Um caminho de fé e amor a Deus por tudo o que ele nos faz. Ele não nos abandona, apenas faz com que passemos por tribulações para pararmos e analisarmos o que estamos fazendo conosco e para nós mesmos”.
Dulce relata que descobriu que tinha um nódulo na mama, quando no final de agosto de 2012 foi fazer todos os seus exames preventivos de rotina. “Na oportunidade solicitei a enfermeira a possibilidade de fazer um exame de mamografia, que de pronto atendeu o meu pedido, porém, questionou se saberia lhe dizer se estava sentido a presença de algum nódulo nas mamas para eu querer fazer o exame de mamografia pois só havia realizado uma única vez, acerca de oito anos. Então ela pediu para fazer o exame de toque e afirmou constatar a presença de um nódulo, mas de imediato disse para não me preocupar que poderia não ser nada preocupante. Percebi que na requisição do exame ela escreveu com letras maiores a palavra “URGENTE””.
A palestrante conta que com o resultado da mamografia em mãos no dia 12 de setembro começou uma nova jornada na sua vida. “Uma trajetória que eu nunca imaginaria que aconteceria comigo. Começou com os exames de ultrassonografia, consulta com médico especialista, biopsia, consulta com o médico cirurgião e a cirurgia para a retirada total da mama esquerda. Tudo aquilo era muito novo e dava medo, então ainda no início da minha caminhada procurei o meu pastor e sua esposa, e solicitei a eles que orassem por mim. Expliquei o problema que estava enfrentando, mas pedi que não falassem na igreja ainda pois não tinha contado para os meus filhos. Nas minhas orações eu tinha recebido a orientação de que 65% da minha cura estava na minha mente”.
A cirurgia foi realizada no dia 18 de dezembro de 2012 e no dia 20 retornou para a casa do seu filho. No mês de fevereiro começou a fazer as quimioterapias, eram seis ao todo. “O médico oncologista disse que as quimioterapias eram necessárias, pois se tivesse ficado algumas raízes (metáteses) do câncer no organismo, as mesmas queimariam e morreriam. Disse ainda, que se o meu cabelo não caísse na primeira sessão, cairia na segunda, mas caiu já na primeira. Não me abati, quando começou a cair fui num salão raspar o que havia sobrado. Ele nascia todo mês, mas também caia todo mês. Também passei a frequentar a Rede Feminina de Combate ao Câncer, pois, devido a retirada dos 15 linfomas, o meu braço esquerdo ficou praticamente paralisado, não podendo levantá-lo acima da cintura, nem levá-lo para trás. Frequento a Rede duas vezes por semana, para fazer massagens e drenagens linfáticas, pois as linfas são responsáveis pela drenagem do líquido, por isso faz-se necessário fisioterapias, senão ele incha, endurece e paralisa”.