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domingo, 10 de agosto de 2025

Coqueluche:a tosse que silencia bebês e reforça o alerta para avacinação

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A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença antiga que ainda hoje assusta e, infelizmente, mata. Altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis, ela compromete o trato respiratório e pode se apresentar de forma sutil em adultos, mas devastadora em bebês. Especialmente nos menores de seis meses, que ainda não completaram o esquema vacinal, a doença pode evoluir de forma rápida e silenciosa para quadros graves, como apneia, pneumonia, convulsões e até óbito.

É por isso que a coqueluche continua sendo considerada uma das infecções respiratórias mais perigosas da infância. Sua transmissão se dá pelo ar, por meio de gotículas liberadas ao tossir, espirrar ou até falar. O início da doença se confunde com um resfriado comum, mas rapidamente evolui para acessos intensos de tosse em guincho — episódios que podem durar semanas ou meses, provocando vômitos, cansaço extremo e, nos pequenos, crises de falta de ar.

“Em muitos casos, a tosse típica não aparece, e o primeiro sintoma pode ser apenas uma apneia ou cianose”, alerta a médica pediatra e intensivista Jéssica Chaves (CRM 25266 | RQE 18966/22075). “Por isso, é fundamental manter um alto grau de suspeita clínica, principalmente em bebês muito pequenos.”

A volta da coqueluche e o risco epidêmico

A doença tem três fases: catarral (inicial, com sintomas leves como febre baixa e coriza), paroxística (tosse em crises, vômitos, guincho e cianose) e convalescente (fase lenta de recuperação, que pode durar meses). Em bebês, as complicações são frequentes, e a evolução pode ser fulminante se não houver intervenção rápida.
Mesmo com a existência da vacina, surtos voltaram a ocorrer nos últimos anos, como o registrado em Santa Catarina entre 2023 e 2025. Em 2024, o estado enfrentou um surto preocupante, com casos graves e até mortes infantis. Em 2025, já foram notificados 97 casos e dois óbitos, números que ligam o alerta para um possível cenário epidêmico.
Entre os fatores que explicam esse retorno estão a queda na cobertura vacinal infantil, a baixa adesão à vacina dTpa em gestantes — essencial para proteger os bebês nos primeiros meses de vida —, e o esquecimento dos reforços em adolescentes e adultos, cuja imunidade decai com o tempo.
“A vacina é uma proteção coletiva. Quando há falhas nesse cuidado, a doença encontra brechas para retornar, principalmente onde há bebês desprotegidos”, explica a Dra. Jéssica.

Diagnóstico, tratamento e prevenção salvam vidas

A boa notícia é que a coqueluche pode ser prevenida e controlada. A vacinação infantil (pentavalente e DTP) faz parte do calendário do PNI, e a dTpa deve ser aplicada em gestantes entre a 27ª e a 36ª semana. A estratégia do “casulo”, que imuniza os contatos próximos de recém-nascidos, é outro reforço importante na proteção dos mais vulneráveis.
O diagnóstico é feito, preferencialmente, com base clínica, principalmente nos estágios iniciais, e pode ser confirmado por cultura ou PCR da nasofaringe, sendo este último mais rápido e sensível. O tratamento com antibióticos é eficaz nas primeiras semanas e reduz significativamente a transmissibilidade. Em casos graves, o suporte hospitalar com oxigênio, monitoramento e cuidados intensivos pode ser necessário.
Além disso, contatos próximos de casos confirmados — especialmente lactentes, gestantes e profissionais de saúde — devem receber profilaxia com antibióticos, mesmo sem sintomas aparentes.
A coqueluche é mais do que uma tosse persistente. É uma doença que exige vigilância constante, resposta rápida e, acima de tudo, prevenção ativa. Reforçar a vacinação, treinar equipes de saúde e manter os olhos atentos aos sinais clínicos, mesmo os mais discretos, é o caminho para salvar vidas e conter sua propagação. “Vacinar é proteger. Diagnosticar é salvar. Agir com rapidez é garantir o futuro.”

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