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sábado, 1 de março de 2025

LER/DORT: uma dor invisível queafeta a vida do trabalhador

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O Dia Mundial de Conscientização sobre as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), celebrado em 28 de fevereiro, ressalta a importância de destacar as complexidades e desafios enfrentados por pacientes e suas famílias. Embora as LER/DORT não se enquadrem na definição tradicional de doenças raras (aquelas que afetam até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos), elas representam um problema de saúde pública significativo no Brasil, com impactos que transcendem o físico.

As LER/DORT afetam milhares de brasileiros e vão muito além de um simples incômodo. O médico ortopedista especialista em Ombro e Cotovelo, Guilherme Quintanilha Rodrigues (CRM SC 19.954 / RQE 16.810), ilustra a situação: “Imagine sentir dor constante nos punhos ou ombros, a ponto de atividades cotidianas, como digitar ou segurar uma xícara, se tornarem quase impossíveis. Agora, imagine que essa dor não apenas limita seus movimentos, mas também aumenta significativamente as chances de desenvolver depressão e ansiedade”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas que convivem com dor crônica têm até quatro vezes mais risco de desenvolver depressão e o dobro de chances de enfrentar dificuldades no trabalho. No Brasil, os números são alarmantes: entre 2018 e 2023, mais de 46 mil casos de LER/DORT foram registrados, com um aumento expressivo no último ano, conforme dados do DATASUS.

Rodrigues enfatiza que o tratamento dessas condições deve ir além do alívio da dor, adotando uma abordagem holística que considere os impactos físicos e psicológicos. A dor crônica compromete a autonomia do paciente, afetando o sono, elevando os níveis de estresse e contribuindo para quadros depressivos. Estudos indicam que de 35% a 45% das pessoas com dor crônica também apresentam depressão, evidenciando a intrínseca relação entre sofrimento físico e mental.

Fatores de Risco

O especialista explica que “as LER/DORT envolvem alterações nos músculos, tendões e nervos, frequentemente decorrentes de condições de trabalho inadequadas”.

Entre as manifestações mais comuns estão:

  • Tendinite e tenossinovite: Inflamação nos tendões.
  • Epicondilite lateral (cotovelo de tenista): Afeta músculos e tendões do cotovelo.
  • Bursite: Inflamação das bursas, pequenas bolsas de líquido que reduzem o atrito entre músculos e ossos.
  • Síndrome do túnel do carpo: Compressão do nervo mediano no punho.
  • Doença de De Quervain: Inflamação dos tendões do polegar.

Rodrigues complementa que “além do esforço repetitivo e das más condições ergonômicas no trabalho, outros fatores agravam essas condições. Jornadas exaustivas, pressão por produtividade, falta de reconhecimento e assédio moral podem intensificar a dor. Frequentemente, os pacientes enfrentam a incredulidade de colegas e superiores, tornando o problema ainda mais angustiante. Fora do ambiente profissional, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos e atividades cotidianas com posturas inadequadas também contribuem para o agravamento do quadro”.

Estratégias de Prevenção

A prevenção das LER/DORT envolve ajustes no ambiente de trabalho e mudanças na rotina. Medidas como cadeiras e mesas ajustadas corretamente, uso de equipamentos ergonômicos e pausas regulares para alongamento ajudam a reduzir a sobrecarga muscular. Alternar tarefas para evitar esforços repetitivos e manter uma postura adequada são atitudes fundamentais.

Rodrigues salienta que “a prevenção não se resume a fatores físicos. É essencial promover a conscientização sobre ergonomia e saúde mental no ambiente de trabalho. Empresas que investem no bem-estar dos funcionários reduzem significativamente os casos de LER/DORT e seus impactos negativos. Além disso, a prática regular de atividade física, técnicas de relaxamento e o acompanhamento profissional adequado fazem toda a diferença na qualidade de vida e produtividade dos trabalhadores”.

Em conclusão, no Dia Mundial de Conscientização sobre as LER/DORT, é crucial reforçar a importância deste tema. “A dor pode ser invisível para os outros, mas seu impacto na vida dos pacientes é real e profundo. Criar um ambiente de trabalho mais saudável, promover a conscientização sobre essas condições e oferecer apoio abrangente são passos urgentes para garantir que milhares de brasileiros não percam sua qualidade de vida e bem-estar mental”.

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