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domingo, 7 de setembro de 2025

O retorno do medo: a importância da vacinação no século 21

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“Em pleno século 21, ainda precisamos lembrar algo que deveria ser instintivo: vacinar nossas crianças. A vacinação é a ponte entre saúde e proteção, entre a segurança da vida e a ameaça invisível que se esconde no passado. E, para doenças como a poliomielite, essa ponte é mais importante do que nunca.” As colocações são do médico infectologista de Timbó, doutor José Amaral Elias (CRM 22091 SC – RQE: 13074).

O profissional alerta: o risco de retorno da poliomielite é real. “Não deixa de ser impactante”, diz ele. “Uma doença que afeta quase exclusivamente crianças menores de cinco anos pode deixá-las paralíticas da noite para o dia. E, ainda assim, é 100% evitável, com uma vacina segura, gratuita e disponível em todo o país. Mas a cobertura vacinal está baixa, e o risco é iminente.”

Quando o Passado Ensina

Doutor José Amaral Elias relembra sua própria experiência com a poliomielite: “Nasci nos anos 1960, antes do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Convivi com colegas de escola e faculdade que ficaram com sequelas graves da poliomielite. Por isso, nunca hesitei em vacinar meus dois filhos, assim como sempre sigo todas as recomendações vacinais.”

Ele compartilha ainda outro episódio marcante de sua carreira: nos anos 1990, quando a cobertura vacinal contra o sarampo caiu, o país presenciou internações graves e mortes evitáveis. “Jamais esquecerei de uma jovem de 23 anos que faleceu de sarampo. Sua filha de dois anos estava vacinada e, felizmente, foi preservada. Isso mostra o poder da vacinação, que salva vidas.”

Números que Não Podem Ser Ignorados

A realidade atual também preocupa. Em 2025, UTIs em Santa Catarina foram sobrecarregadas por casos de gripe e outras doenças respiratórias. “A grande maioria dos internados e das mortes são pessoas não vacinadas”, afirma doutor José. “E são vacinas disponíveis e gratuitas.”

No caso da poliomielite, a situação é alarmante. A queda na cobertura vacinal torna o retorno da doença e seus efeitos devastadores cada vez mais prováveis. “Vacinar não é uma decisão pessoal, nunca foi. Vacinar protege não só você, mas toda a sociedade.”

Segundo dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), a cobertura vacinal ideal para proteção coletiva é de, no mínimo, 95% das crianças menores de cinco anos. Em Santa Catarina, os números mostram uma queda gradual nos últimos anos: 86,33% em 2022, 91,81% em 2023, 92,37% em 2024 e apenas 87,99% até maio de 2025.

Um Chamado à Consciência

“Vacinas são vítimas do seu próprio sucesso”, lembra doutor José. “Erradicaram doenças e reduziram tanto o sofrimento que as novas gerações acabam esquecendo dos riscos. Mas esquecer não pode custar vidas. Mesmo eliminada do Brasil desde 1994, a poliomielite ainda ameaça a saúde pública.”

Segundo o profissional, por não haver casos de paralisia infantil há mais de 30 anos, houve uma falsa sensação de segurança. “É preciso recuperar a cobertura vacinal para que nem a pólio nem outras doenças imunopreveníveis voltem a ser uma ameaça.”

O Ministério da Saúde atualizou o calendário de vacinação: a poliomielite agora é prevenível apenas pela vacina injetável (VIP), aplicada em três doses no esquema infantil, mais uma dose de reforço.

A vacinação não é apenas um ato de cuidado individual: é um gesto de amor coletivo. Garantir que cada criança receba suas vacinas é investir no futuro, é proteger vidas contra doenças que poderiam ter sido evitadas.

Como conclui doutor José, com a convicção de quem testemunhou a história da poliomielite: “Não há melhor forma de valorizar a vida do que garantir que nossas crianças cresçam livres de doenças que poderiam ter sido prevenidas.”

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