Uma nova linhagem do vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, foi identificada em Santa Catarina, São Paulo e no Rio de Janeiro. Denominada XEC, essa linhagem pertence à variante Ômicron e está se espalhando pelo mundo. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi o primeiro a detectar amostras de dois pacientes residentes na cidade do Rio de Janeiro, divulgados com Covid-19 em setembro.
O Ministério da Saúde foi notificado sobre a nova linhagem, e as sequências genéticas decodificadas foram depositadas na plataforma online GISAID. Após essa descoberta, a linhagem XEC também foi identificada em São Paulo e em Santa Catarina, onde duas amostras foram coletadas em setembro.
Em entrevista à redação do Jornal do Médio Vale (JMV), o médico infectologista José Amaral Elias, que atende em Blumenau e Timbó, explica: “Anúncios de novas variantes do vírus da Covid-19 tornaram-se rotina. Isso não deve gerar pânico ou preocupação excessiva na população. Pelo contrário, o monitoramento contínuo das cepas virais no mundo permite que as autoridades sejam avisadas para adotar medidas preventivas, evitando assim surtos ou até uma nova pandemia. Esse é um processo que já ocorre há décadas com o vírus da gripe. Além disso, esse monitoramento é essencial para realizar alterações direcionadas nas futuras vacinas.”
De acordo com o especialista, a nova variante foi bloqueada no Brasil em setembro. Trata-se da variante XEC, uma derivada da Ômicron, que começou a chamar a atenção entre junho e julho de 2024, devido ao aumento de detecções na Alemanha. Rapidamente, foram fornecidas pela Europa, Américas, Ásia e Oceania, sendo identificadas em pelo menos 35 países, com mais de 2.400 sequências genéticas depositadas na plataforma GISAID até o dia 10 de outubro deste ano. Como ocorreu com outras variantes, o XEC surgiu por recombinação genética entre cepas que já circulavam. Essa ocorrência acontece quando um indivíduo é infectado por duas linhagens virais diferentes simultaneamente, resultando na mistura dos genomas durante o processo de replicação viral.
Amaral observa que a variante XEC, detectada inicialmente no Rio de Janeiro, foi localizada posteriormente em São Paulo e Santa Catarina. Embora uma nova variante sempre exija atenção, é importante destacar que, em outros países, o XEC tem apresentado sinais de maior transmissibilidade, aumentando a circulação do vírus. O impacto da chegada dessa variante no Brasil pode ser diferente do observado em outros países, pois a memória imunológica da população varia conforme as linhagens que já circularam anteriormente.
No entanto, o especialista ressalta que, até o momento, não há um aumento significativo de casos nos estados onde a variante foi bloqueada, muito menos um aumento de casos graves. Portanto, as orientações de prevenção permanecem as mesmas e é fundamental manter a vacinação em dia, pois essa é a estratégia mais eficaz para evitar casos mais graves.