O anúncio do tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos de origem brasileira saiu na última quarta-feira, dia 30 de julho, e surpreendeu pela exclusão (liberação) das tarifas para 694 produtos de diversas cadeias produtivas.
Na prática, produtos de maior valor agregado e com forte peso no comércio entre os dois países foram excluídos das tarifas, o que repercutiu de forma positiva no mercado acionário. A Bolsa (B3), que estava fortemente negativa nas últimas semanas, registrou forte alta após os anúncios.
Na manhã de quinta-feira, dia 31 de julho, o mercado voltou a operar no negativo, mas oscilou durante todo o dia, ensaiando recuperação. As tarifas ainda serão alvo de ações judiciais. Ontem mesmo, um tribunal federal dos EUA se reuniu para avaliar ações de contestação às tarifas impostas por Trump a diversos países. Os juízes não deram uma posição final, adiando a decisão. Qualquer que seja a decisão do colegiado, o assunto deve parar na Suprema Corte americana.
Entre os setores poupados pelas tarifas estão toda a cadeia produtiva da aviação – o que repercutiu fortemente na EMBRAER -, a indústria energética (petróleo e derivados), celulose, pasta de madeira e madeira tropical, suco de laranja e derivados, além de diversos produtos de origem mineral, entre outros.
Ficaram de fora da exclusão tarifária os segmentos de carnes e café, que têm forte peso na pauta de exportações do Brasil para os EUA. Esses produtos serão tarifados em 50%.
A nova política comercial dos EUA terá reflexos para diversas empresas – grandes, médias e pequenas – especialmente em estados como Santa Catarina, que têm nos produtos manufaturados um de seus pilares econômicos.
O senador catarinense Esperidião Amin integrou uma comitiva de oito senadores que foi aos EUA realizar contatos para tentar aliviar as tarifas. O resultado desse movimento ainda é incerto diante da decisão anunciada por Trump. Bancos internacionais avaliam que, na média, as tarifas representarão impacto sobre 30% da nossa pauta de exportações.
Quem paga?
Quando se fala em tarifas ou impostos, sempre surge a dúvida: quem vai pagar a conta? Na realidade, quem pagará pelas tarifas é o consumidor norte-americano. A tarifa é cobrada do importador no momento da chegada do produto aos EUA.
As empresas brasileiras que exportam para os EUA continuarão praticando seus preços como antes. No máximo, poderão oferecer um desconto para compensar parte da elevação do preço de chegada. O importador americano paga a tarifa e repassa parte do valor ao consumidor final.
É consenso que podem haver acordos entre as partes envolvidas: o fornecedor reduz o preço na origem, o importador reduz a margem de lucro e o restante é repassado ao consumidor. De qualquer forma, haverá aumento nos preços. Parte dos importadores poderá buscar fornecedores de outros países. Ao Brasil restará buscar novos mercados e tentar ampliar suas vendas internas.