Alunos do Colégio Metropolitano conhecem triste realidade do atual sistema carcerário.
Os alunos do segundo ano do Colégio Metropolitano executaram um trabalho extremamente difícil e in …
Thomas Erbacher
LILIANI BENTO/JMV
INDAIAL ? Os alunos do segundo ano do Colégio Metropolitano executaram um trabalho extremamente difícil e interessante, ao mesmo tempo, em junho, intitulado de Sociedade ? Excluídos. Através deste trabalho multidisciplinar, os alunos conheceram a realidade de casas de detenção de menores em Florianópolis. Acompanhados de professoras, eles visitaram o Centro Educacional São Lucas (infratores masculinos), Presídio Feminino e o Pliat (também infratores femininos). De acordo com a diretora da escola, Rejane Lauth de Pin, o trabalho teve por objetivo desenvolver, nas crianças, um conceito sobre a situação atual, sobre o crescente aumento de atos infracionais envolvendo jovens. A maioria deles envolvendo tráfico de drogas.
De acordo com a diretora, a realidade chocou os alunos que não estão acostumados com o submundo e não tinham idéia do que é o sistema prisional. Durante as visitas, eles tiveram oportunidade de conversar com os detentos e conheceram um pouco mais sobre a vida destes jovens que, tão cedo, perderam a liberdade de ir e vir. ?Foi muito bom e os pais gostaram muito, pois eles perceberam como a liberdade é importante?, avalia a diretora.
Rejane conta que os alunos fizeram muitas perguntas aos detentos. Conheceram casos de arrependimentos e conselhos para não entrarem nesse mundo, para valorizarem os estudos e, principalmente, a liberdade para fazer o que quiser, na hora em que quiserem.
O Centro Educacional São Lucas conta com cerca de 50 rapazes que estão cumprindo pena com medidas sócio-educativas, pois são menores. A maior incidência de delitos é de tráfico e de homicídio. No presídio feminino, os alunos conversaram com detentas que atingiram a maioridade cumprindo pena ou esperando pelo julgamento; São crimes relacionados com tráfico, homicídio e latrocínio. O presídio tem capacidade para 70 detentas, mas abriga, atualmente, 165 mulheres.
No Pliat são infratoras, menores de idade, cumprindo pena ou esperando o julgamento. Esta instituição pertence ao Estado e o programa é único. Anteriormente, as meninas ficam junto com os meninos no Centro Educacional São Lucas. Em todas as instituições, os infratores estudam (módulo supletivo), realizam atividades artesanais e passam por acompanhamento psicológico, recebem visitas dos familiares, fazem a limpeza do local e alguns até cozinham suas próprias refeições.
Os alunos classificaram as visitas como uma lição de vida. ?Uma experiência inesquecível?, relata a estudante Kelly Demuth. Para Débora Kretzer, o acesso ao tráfico é fácil, porém, as conseqüências são trágicas. ?Levar os jovens para visitarem as instituições é uma forma de prevenção para que eles saibam para onde irão se forem presos?, diz André Cristofolini.
Alguns momentos que mais chocaram ou chamaram a atenção dos alunos:
A quantidade de jovens infratores (super-lotação)
O depoimento dos detentos aos alunos
A organização, higiene das instituições visitadas.
A separação das infratoras e dos filhos (aos 6 meses de idade crianças nascidas no presídio são separadas de suas mães)
A dura realidade do tráfico
A falta de liberdade
A falta de oportunidades para os jovens quando saírem das instituições
Exclusão social e da família
À volta para o tráfico (depoimentos)
O dinheiro fácil (a quantia paga para um olheiro)
Gangues ? rivalidade ? poder ? chefe (quem manda mais)
As brigas entre os detentos
A homossexualidade
O preço do vício