Lideranças do setor têxtil analisam a crise do algodão
Texfair Home 2011 reúne entidades que apresentam ações fundamentais para a superação do problem …
JMV
BLUMENAU – A realização da Texfair Home 2011, em Blumenau, nesta semana, possibilitou aos responsáveis pelo setor têxtil a oportunidade de avaliar a crise do algodão. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário – Sintex de Blumenau, Ulrich Kuhn, este é o primeiro encontro do setor, pós-crise do algodão, e notou-se que no 1º dia da feira os stands e corredores estavam cheios e pode-se perceber que a crise é um processo que mistura realidade e ações especulativas. Para ele, o problema refletirá no custo final dos produtos e, mesmo com a regularização do fornecimento, entrará em um novo patamar de preços. “Não vamos ter mais algodão barato, mesmo com a safra recorde, mas precisamos manter o produto vivo e rentável e, para isso, precisamos criar mecanismos competitivos”, afirmou o presidente durante a abertura do evento.
A crise do algodão é um problema que afetou todos os grandes consumidores mundiais em momentos diferentes. De acordo com Kuhn, à partir de 2006, começou uma queda gradativa de safra e os estoques reguladores começaram a diminuir, chegando a um ponto nevrálgico. “Mesmo com o aumento físico das safras e a estabilização dos estoques reguladores, a indústria mundial, e também a brasileira, terá que se readequar a um novo cenário”, observa ele ao destacar que ações como aumento dos limites de financiamento, desoneração fiscal e a criação de linhas de financiamento para compras futuras são ações que poderão incrementar aretomada dos negócios e o crescimento do setor.
Na oportunidade, o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Fernando Pimentel, falou do potencial brasileiro na produção de algodão, denominando-o de “ouro branco” e afirmando que o Brasil caminha para ocupar a 4ª posição mundial no ranking produtivo. Segundo Pimentel, atualmente, o Brasil tem quantidade, qualidade e inserção global, mas é preciso ficar atento para que os produtos originários dessa matéria-prima também possam gerar riquezas. “Corremos o risco de exportar demais e depois ter que importar”, alertou o executivo. De acordo com o diretor, a safra 2011 deve somar dois milhões de toneladas, praticamente o dobro do volume produzido no ano passado. Até 2015, a expectativa é alcançar uma média de 3,5 milhões de tonelada /ano. Dentre as medidas já negociadas com órgãos governamentais para minimizar os efeitos da crise do algodão, o executivo destaca a liberação da importação de 250 mil toneladas de algodão totalmente isenta de impostos.
Argentina
Em relação à imposição de barreiras aos têxteis brasileiros pelo governo argentino, Fernando Pimentel foi categórico. “Falta para o governo brasileiro dizer um basta para o governo argentino. O modelo clássico de negociação da Argentina é fazer acordo e segurar a liberação. O vendedor se sente desestimulado e o comprador inseguro. Criamos uma comissão para avaliar as violações dos acordos dentro do Tratado do Mercosul”, destaca Pimentel. Também indignado com a situação, Ulrich Kuhn enfatiza que “pior do que deixar de embarcar, é perder mercado”. Atualmente, a Argentina representa 20% do total de exportações brasileiras no segmento de confeccionados