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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Bugio chama a atenção pelo grito.

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Bugio chama a atenção pelo grito.
PROJETO BUGIO: O urro desta espécie atravessa a mata por quilômetros e avisa quando vai chover. …

Thomas Erbacher

LILIANI BENTO/JMV

INDAIAL – Há uma grande variedade entre os macacos brasileiros, do mono carvoeiro ao uacari de cara vermelha, do acrobático aranha ao mico-leão-dourado, do parauacu (que parece estar sempre com um casaco de peles sobre o corpo) ao superativo macaco-prego. Mas há um primata dos nossos que chama atenção dos primatólogos de todo o mundo pelo seu gogó, pela força e originalidade de seu urro: o bugio. Dizem que o volume do seu rugido atravessa a mata por quilômetros e quilômetros e avisa quando vai chover. Da família dos Alouatas, temos seis espécies de bugio, presentes desde o Rio Grande do Sul à Amazônia, sem deixar de lado a caatinga, onde vive uma espécie de cara preta e mãos vermelhas, com nome de capeta: Alouata belzebu. Apesar do nome, é o mais frágil e ameaçado deles em função da perda de hábitat no Nordeste.

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No Centro-Oeste, principalmente, eles são perseguidos por pessoas à cata de suas longas tripas, com as quais se faz corda de violas – com a chegada ao pantanal da linha de pescar (de náilon) que substitui na viola a de tripa, a pressão diminuiu. Por viver na mata, o bugio era mais conhecido de mateiros e pescadores, ou do povo da roça, mas ultimamente – por causa do desmatamento e, inegavelmente também, pelo aumento da consciência ecológica – anda aparecendo nas cidades e se deixando ?amansar?.

Pesquisas ajudam a identificar hábitos.

Por sorte dos bugios, está aumentando o interesse científico pela espécie. E as pesquisas estão demonstrando seus hábitos e a forma de convivência. Na medida em que vive no alto das árvores e se alimenta basicamente de folha – havendo flores e frutos, claro que ele aproveita, mas na maior parte do ano a comida é mesmo folhas e brotos -, o bugio tem o hábito alimentar mais próximo do gorila e do orangotango do que, por exemplo, do chimpanzé.

Este, sendo onívoro (come de tudo, inclusive carne), tem comportamento mais agressivo na busca do alimento, disputa mais com outros de sua espécie e até de outras espécies, enquanto o gorila, tendo a mata toda ali à disposição, não entra em batalha para comer. Isso, em certa medida, reflete em seu comportamento – mais tímido, mais parado, menos competitivo (a não ser na defesa da família). Porém, o veterinário do Cepesbi alerta que o bugio de cativeiro estranha a presença de outras pessoas e pode ficar agressivo.

O bicho que se alimenta de folhas precisa de um tempo de repouso após as refeições para digerir a comida. Isso porque muitas folhas têm alta quantidade de tanino, de difícil digestão. Então é comum ver na mata, nas horas de sol mais quente, os bugios todos desabados nos galhos das árvores, principalmente nas forquilhas, morgando tranqüilamente. Isso se reflete em movimentos lentos e num gênio mais pacato, mais dócil, tanto que não são poucos os casos de bugios mansos dentro de casa como animais de estimação. No cativeiro, o comportamento é semelhante, mas ficam agitados com a presença de estranhos.

Características do Bugio:

O bugio (também conhecido por guariba, barbado ou macaco-uivador) está entre os maiores primatas neotropicais, com comprimento de 30 a 75 centímetros. Sua pelagem varia de tons ruivos, ruivo acastanhados, castanho e castanho escuro. No caso da subespécie Alouatta guariba clamitans, os machos são vermelho-alaranjados e as fêmeas e jovens são castanho escuros. Ele é famoso por seu grito, que pode ser ouvido em toda a mata, e pela presença de pêlos mais compridos nos lados da face formando uma espécie de barba.

O Alouatta guariba é a espécie de bugio que habita a Mata Atlântica, desde o sul da Bahia (subespécie Alouatta guariba guariba) até o Rio Grande do Sul, chegando ao norte da Argentina, na região de Misiones (Subespécie Alouatta guariba clamitans). As duas subespécies constam na lista do Ibama como criticamente em perigo e vulnerável, respectivamente. O desmatamento ameaça a sobrevivência dos bugios de diferentes maneiras. A mais evidente é a retirada da vegetação, o que restringe seus ambientes a pequenos fragmentos isolados.

Nasce em todas as estações do ano, depois um período de gestação de aproximadamente 140 dias. Filho fica agarrado às costas da mãe durante os primeiros meses de vida e a maturidade é atingida entre um ano e meio e dois anos. Alimenta-se predominantemente de folhas, flores, brotos, frutos e caules de trepadeiras. Pouco ativo, se locomove vagarosamente com o auxílio de sua cauda preênsil, que pode atingir 80 cm. Pode atingir até 9 kg de peso.

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