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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Ipel vai dobrar sua produção em dois anos.

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Ipel vai dobrar sua produção em dois anos.
RECICLADOS: A empresa é um exemplo de preservação ambiental, visto que sua matéria-prima básica …

Thomas Erbacher

LILIANI BENTO/JMV

INDAIAL – Com um parque fabril moderno e, em dois anos, o funcionamento de mais uma máquina para produção de papel, que vai dobrar a capacidade da empresa, a Ipel – Indaial Papel Embalagens Ltda é uma das empresas com mais tecnologia de ponta e ícone na produção de artigos em papel para o mercado institucional. Com 24 anos completados em setembro, a empresa atende o Brasil e parte da América Latina. A gerente de vendas da empresa, Luciana Pires Dobuchak, diz que as exportações ainda são tímidas, visto que o papel é um commoditie e o preço é controlado pelo mercado, o que dificulta a expansão internacional. Mas, no Brasil, á empresa é uma das mais conhecidas em artigos de papel para o mercado institucional.

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Tanto que já está sendo construído mais um galpão para abrigar a nova máquina que, além de dobrar a capacidade de produção de duas mil para quatro mil toneladas de papéis ao mês, vai também significar um incremento no número de funcionários. Apesar de que isto já está se tornando um problema, visto que, atualmente, a empresa mantém cerca de 40 cargos em aberto, por falta de candidatos. Em Indaial, muitas empresas estão reclamando da falta de mão-de-obra, ou seja, não existe desemprego na cidade. Atualmente, a empresa conta com cerca de 300 colaboradores.

A Ipel trabalha com papéis sanitários e toalhas de tissue (para ser usada na limpeza da cozinha, com baixa gramatura). Hoje, são quatro linhas, sendo que três delas utilizam material reciclado. Uma única linha, a Indaial, trabalha com fibras celulósicas virgens. São papéis toalhas (duas dobras, três dobras e bobinas) e papéis higiênicos (interfolhado e em rolos) com alto padrão de qualidade. A linha ?Ecológico? é feita com fardos de papel reciclados tipo 1 e fibras de celulose virgens. As linhas ?Natureza? e ?Select? trabalham com 100% de papel reciclado.

Mais de 50% da produção da empresa é destinada ao mercado de São Paulo. A gerente explica que, atualmente, a empresa produz cerca de 150 marcas diferentes, atendendo especificações de cada cliente. Todo esse cuidado em atender o cliente de forma personalizada faz com que a empresa contabilize crescimento todos os anos. Este ano, o faturamento deve ser 30% maior do que em 2007.

Todos os investimentos e projetos de expansão da Ipel têm como fundamental foco, além da preocupação com o meio ambiente, também a busca por melhorias em seus processos de trabalho, no sentido de garantir a qualidade de vida dos funcionários. A construção dos seus prédios ocorreu de forma moderna, com uso racional de energia solar e utilização da água da chuva para uso nos banheiros.

De um início tímido a uma potência em papel

Quando a empresa teve início, em 1986, os fundadores haviam idealizado uma pequena fábrica de papel. Possuíam amplo conhecimento na produção de papel, herdado de suas atividades profissionais anteriores. A matéria-prima seria constituída de aparas (fardos de papel prensado), oriundas da reciclagem.

No início, era produzido o papel HD, destinado principalmente para o mercado de embalagens, como, por exemplo, os utilizados para fabricação de sacos de pão. No ano seguinte, passou-se a produzir papel tipo HD nas cores rosa, verde e papel semi-kraft. A produção atingia 120 toneladas de papéis mensais. Em quatro anos, a produção já tinha pulado para 320 toneladas mensais.Na época, com o mercado de papel para embalagem cada vez mais restrito e concorrido, devido à força que as embalagens plásticas estavam tendo, passou-se a produzir também papel tissue, ou seja, papel toalha para fins sanitários. Papel que até hoje é produzido. Já em 1992, comprou-se uma máquina para fazer a conversão (corte e embalagem) de papel toalha institucional na própria fábrica, em formato de pequenas bobinas.

A década de 90 foi primordial para o processo de expansão da empresa. Novas máquinas foram adquiridas e um novo imóvel, para a construção de mais um galpão. Os papéis HD e semi-kraft, que haviam perdido terreno para as embalagens plásticas, deixaram de ser produzidos.

O empenho e dedicação dos sócios fizeram com que a Ipel se tornasse uma das empresas mais conhecidas na produção de artigos em papel para o mercado institucional e os prêmios começaram a aparecer. No início do ano, a empresa foi uma das homenageadas com o selo ?Gigantes da Ecologia? – prêmio concedido pelo colunista social Gustavo Siqueira. Recentemente, o proprietário da empresa, Júlio Dobuchak, foi escolhido o ?Empresário do ano?, pela Associação Empresarial de Indaial (Acidi).

Estação de Tratamento preserva os mananciais

A Estação de Tratamento de Efluentes Biológico da Ipel, em funcionamento desde o ano passado, atinge uma eficiência acima de 90%, comprovado por laudos de análises efetuadas por laboratórios externos. Antes da construção da estação, o despejo de efluentes no rio acontecia após o tratamento físico-químico, com o qual já era atingida a eficiência exigida pelos órgãos ambientais (acima de 80%). Hoje, o efluente é tratado através de processo físico-químico e, em seguida, recebe tratamento biológico.A fabricação de papel requer a utilização de grande quantidade de água e adição de compostos minerais e orgânicos. Deste modo, os efluentes resultantes do processo produtivo carregam pequenas fibras de celulose, além das substâncias orgânicas e inorgânicas dissolvidas. Por conta destas características, a Ipel possui um sistema de tratamento destinado a remover cada um dos poluentes presentes nos despejos, através da aplicação de processos específicos.

No início do tratamento, um equipamento de flotação destina-se á remoção das partículas e fibras suspensas, resultando em ume fluente altamente clarificado. Após essa etapa, um processo biológico baseado no uso de bactérias aeróbicas permite a remoção da carga poluidora dissolvida, com redução de parâmetros como a demanda bioquímica de oxigênio. Através desse processo, a água pode ser devolvida ao manancial sem que haja comprometimento de sua qualidade.

Preservação ambiental

A Ipel possui também, entre suas ações de preservação do meio ambiente, 549 hectares de área, sendo que 249 deles são reflorestados. Neles, são plantados eucaliptos e pinus, utilizados na geração de energia para os equipamentos da empresa. Desta forma, a empresa evita a extração de madeira virgem. Os 300 hectares restantes são dedicados a preservação da mata natural. Nas dependências da fábrica esta o viveiro que trabalha com as mudas para o reflorestamento.

Ipel é a única da América Latina a ter o selo FSC

Um dos clientes da Ipel, a RL Higiene, conquistou a certificação FSC (Forest Stewardship Council) para o papel toalha Essenz Vert, fabricado pela empresa indaialense. Trata-se do primeiro papel toalha da América do Sul a obter o selo, que atesta a origem da matéria-prima florestal usada na fabricação de um produto.

Quando se identifica o selo FSC em um produto final, entende-se que a floresta da qual ele é oriundo possui um manejo de acordo com padrões ambientalmente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis. Apenas mais dois papéis toalhas no mundo possuem esse selo.

O selo serve como um atestado de que a empresa que fábrica esse papel não explora de forma predatória a floresta e sua biodiversidade, não utiliza trabalho infantil e respeita as leis trabalhistas. Em linhas gerais, o certificado significa a garantia da preservação do meio ambiente e estímulos ao desenvolvimento sustentável. O FSC é um dos selos verdes mais reconhecidos em todo o mundo. No Brasil é concedido pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC-Brasil).

Para obter o reconhecimento, a RL direcionou recursos financeiros e humanos a fim de cumprir todos os requisitos exigidos no processo. O primeiro passo foi escolher um fornecedor de celulose certificado, no caso, a Suzano Papel e Celulose, uma das maiores fabricantes da América Latina. A conversão da matéria-prima foi desenvolvida em parceria com a Ipel.

Etapas do tratamento:

Equalização: O efluente de entrada é proveniente do tratamento físico-químico e tem como objetivo principal absorver as oscilações de vazões, sendo um reservatório.

Reator Biológico: Local onde ocorre o processo de degradação da matéria orgânica formando a biomassa. Os aeradores têm função de movimentar e oxigenar o efluente.

Decantador: Neste tanque ocorre à separação do sólido com o líquido, a ponte rolante auxilia na decantação do sólido. Parte do sólido retorna para o reator biológico fornecendo mais nutrientes, da qual a microbiologia se alimenta e a outra parte passa para a próxima etapa. O efluente já clarificado, dentro dos parâmetros legais é lançado ao rio.

Adensador: O adensamento do lodo ocorre através da ponte rolante a qual em baixa velocidade giram em torno de todo o tanque. O sólido se deposita no fundo e o líquido retorna para a equalização, recebendo novamente tratamento.

Prensa: O sólido do adensador é bombeado até a prensa, formando lodo. O filtrado retorna para a equalização e, depois de prensado, o loco fica armazenado em caixas.

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