Mulheres devem denunciar maus tratos
VIOLÊNCIA: Secretaria promove visitas às fábricas para divulgar programa e incentivar denúncias …
Thomas Erbacher
LILIANI BENTO/JMV
INDAIAL – Com o objetivo de incentivar as mulheres a denunciarem casos de maus tratos, a Secretaria de Assistência Social promove, de segunda a sexta-feira, 24 a 28, a Semana de Combate a Violência Contra a Mulher. A assistente social, Katiuscia Simone Harbs, conta que serão feitas visitas nas fábricas com o intuito de divulgar o trabalho que é feito pelo Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CRA), através do qual profissionais, como psicólogos, assistentes sociais e outros, prestam ajuda as mulheres e crianças que sofrem maus tratos, sejam eles físicos, verbais ou psicológicos.
Das cerca de 90 famílias que são atendidas mensalmente pelo Centro de Referência, apenas 15% são mulheres que precisam de ajuda porque sofreram violência doméstica. Katiuscia diz que este índice seria muito bom se representasse a realidade. Porém, os profissionais do CRA acreditam que existam muitos casos de violência que não são divulgados porque as mulheres ainda têm medo de repressão e não acreditam que os agressores serão punidos.
No ano passado, o Data Senado fez a primeira pesquisa de opinião sobre violência doméstica contra a Mulher. Este ano, em sua segunda versão, a pesquisa constatou que em cada 100 mulheres brasileiras, 15 vivem ou já viveram algum tipo de violência doméstica.
A denúncia ainda é a melhor arma para diminuir a violência doméstica. No entanto, apenas 40% das mulheres denunciam o agressor e a maioria continua a convivência com o companheiro, escondendo as marcas da violência, seja física ou mental.
Lei Maria da Penha oferece proteção
Com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, a mulher tem mais proteção em caso de agressão. É mais um mecanismo institucional capaz de proteger total ou parcialmente as mulheres violentadas. De acordo com pesquisas, a violência doméstica é uma realidade que começa muito cedo na vida das mulheres. Do total de 15% das entrevistadas que já foram vítimas da violência doméstica, 35% afirmaram que a prática da violência começou até os 19 anos.
Esse índice demonstra um dos lados mais cruéis da prática da violência doméstica, além dela ocorrer no ambiente da casa e da família, espaço que naturalmente deveria ser de segurança e conforto, ela atinge as jovens e adolescentes. Ainda de acordo com as mulheres que sofreram agressões, os maridos e companheiros foram os responsáveis por 87% dos casos de violência doméstica.
Em relação ao tipo de violência sofrida, 59% apontaram a violência física, 11% sofreram violência psicológica e 17% já vivenciaram todos os tipos de violência. A Lei Maria da Penha qualifica cinco tipos de violência doméstica: a física, a moral, a psicológica, a patrimonial e a sexual. Os motivos principais da violência, segundo as entrevistadas são o uso do álcool (45%) e o ciúme dos maridos (23%). É importante destacar, também, que para 28% das mulheres agredidas a violência doméstica é uma prática de repetição e ?de vez em quando? ela volta para assombrar a tranqüilidade do lar.
Dentre as práticas da violência doméstica, a que mais se destaca é a violência física relatada por 58% das mulheres. Em segundo lugar, com 18%, as mulheres relataram que sofreram violência psicológica e moral, enquanto 17% afirmaram ter sido vítima de todas as formas de violência.