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sexta-feira, 26 de julho de 2024

Uma experiência inesquecível em meio ao caos

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Uma experiência inesquecível em meio ao caos
MISSÃO: Bombeiros da região passam vários dias na capital do Haiti, convivendo em meio a uma das …

Cleiton Baumann

TATIANA MILANI/JMV
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INDAIAL –
Um verdadeiro cenário de guerra. Esta frase resume a experiência vivida por sete bombeiros voluntários da região, que integram a Unidade Arcanjo, ao retornarem no último dia 12 de fevereiro, de uma missão de resgate ao Haiti, após quase 17 dias de dedicação voluntária. O país caribenho, que já era considerado um dos mais pobres do continente americano, após o terremoto registrado no dia 12 de janeiro deste ano, agora vive em meio ao caos, onde milhares de corpos são resgatados diariamente sob os escombros, muitos haitianos imploram por um pouco de água e comida, e a calamidade pública é predominante.
Segundo o comandante da Unidade Arcanjo e também comandante dos Bombeiros Voluntários de Indaial, Evandro Vinotti, a experiência vivida por todos os companheiros de missão é algo indescritível, mas que valeu muito a pena. “Acredito que para a equipe da Unidade Arcanjo, que treina justamente para lidar com situações catastróficas como esta que o Haiti está passando, foi uma grande experiência, pois além de ajudar os haitianos, também aprendemos muito com eles, e isso é que vale”, destaca Vinotti.
A missão da Unidade Arcanjo contou com a parceria da ONG Viva Rio, que tem sede na cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, e que possibilitou o deslocamento dos sete bombeiros para este trabalho de resgate e ajuda humanitária. “Tínhamos três objetivos principais nesta missão, que era localizar possíveis sobreviventes, retirar os corpos dos escombros e ainda realizar treinamento de primeiros socorros e demais técnicas de resgate para uma brigada de bombeiros haitianos que pertencem a ONG Viva Rio”, acrescenta.
Vinotti descreve o ambiente que encontraram lá, lembrando que a sensação é de caos em tempo integral. “As pessoas andam e dormem nas ruas, pois as estruturas foram todas comprometidas e ameaçam desabar a qualquer momento. Não há quase nada de comida e a água possui um cheiro de podridão muito forte, assim como o ar na cidade, já que ainda são muitos os corpos sob os escombros que estão em processo de decomposição. Só adentrávamos em uma construção para irmos ao banheiro, mas mesmo assim o medo de novos tremores era o que predominava”, relata.
A equipe brasileira ficou alojada em um bairro de Porto Príncipe denominado Belair, que foi atingido pelo terremoto em cerca de 70%. “Tudo era muito difícil, comida e água eram escassas, a energia elétrica só funcionava de três a quatro horas por dia, e os hospitais e escolas foram todos destruídos. O telefone celular voltou a funcionar, porém a internet funciona precariamente, com poucos períodos de conexão” acrescenta. Vinotti também conta que as pessoas os abordavam na rua e pediam comida, remédios, barracas, pois todos estão dormindo nas ruas, sem colchões. “Reclamamos, às vezes, do país ou região onde moramos, mas só se consegue perceber o quão maravilhoso é o Brasil, aquele que passa por uma experiência como a que vivemos”, enaltece.
Apesar do caos, o povo haitiano é muito pacato e, em nenhum momento, a equipe brasileira registrou alguma situação de violência ou ameaça por parte da população. “Eles gostam muito do povo brasileiro, e isso é mérito do futebol, que aproximou os dois países. Porém, pensar na reconstrução do Haiti é algo ainda fora da realidade, inimaginável por enquanto, pois isso vai requerer esforços do próprio país e do mundo, já que sem ajuda financeira isso será impossível”, completa.
Participaram desta missão os bombeiros voluntários Marcos Szpoganicz, José Antonio Steffens, Jardel Massi, Evandro Vinotti e Noemia Paulo, de Indaial, além de Neilor Vicenzi de Jaraguá do Sul, e Fernando Just, de Ibirama. “Foi, sem dúvida, algo muito enriquecedor para toda a equipe, e a ONG Viva Rio até cogitou a possibilidade de, num futuro, os bombeiros retornarem ao Haiti para implantar o projeto Bombeiro Mirim, que hoje é modelo na região e poderá servir para ajudar o país em sua reconstrução”, finaliza.

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