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quinta-feira, 3 de julho de 2025

Timboense participa de missão na África

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Timboense participa de missão na África
David Césare Schütze é voluntário pela MIAF em Moçambique …

Neila Daronco/JMV

Foto: Arquivo Pessoal

TIMBÓ – O timboense David Cézare Schütze está compartilhando com inúmeras pessoas através de seu perfil social no Facebook, sua experiência numa missão voluntária em Espungabeira, uma pequena cidade na fronteira de Moçambique com o Zimbábue, no sudeste da Àfrica.

David viajou em 6 de julho e pretende retornar no dia 5 de agosto. De acordo com David, missionário voluntário da Missão para o Interior da África (MIAF) que está não só em Espungabeira, mas em outras cidades da Àfrica, para evangelizar as pessoas e, também, promover mudanças sociais, mudando seu modo de pensar, ajudando a melhorar a qualidade de vida. “Ajudar financeiramente é importante, mas a longo prazo somente a mudança de vida fará diferença. E para isso os missionários estão aqui. Eles deixam todo o seu conforto e vão viver, não somente um mês, mas a longo prazo com o povo, ajudando, tudo por amor a Deus e ao próximo”, afirmou David.

 

Em contato com o missionário timboense, que relatou em seus comentários a realidade da Aldeia de Bunga, em Espungabeira, tem visto tudo com seus próprios olhos. “Ninguém me contou ou mostrou. Eu vi”, diz ele num de seus relatos. Pelos seus registros, tem acompanhado diferentes experiências em relação à escassez em todas as áreas, desde saúde, educação até higiene e trabalho, vida e fé.
A MIAF é uma missão interdenominacional e internacional. Missionários que servem com MIAF vêm de muitas denominações diferentes, mas todos têm uma convicção firme na inspiração divina da Bíblia e têm uma relação viva com o Deus. A MIAF busca trabalhar com as igrejas a fim de encorajar e facilitar o envio de missionários e, desde o princípio, foi comprometida a ser uma missão de Fé. Quando os primeiros missionários saíram para a África, eles confiaram que Deus proveria todas suas necessidades movendo os cristãos individuais e igrejas para orar e sustentá-los. A missão ainda opera neste princípio. A meta da MIAF é ver uma igreja madura em todos os povos africanos – uma igreja que pode evangelizar seu próprio povo de forma efetiva.
Para compreender a importância de missões como a MIAF e do trabalho voluntário que muitos países desenvolvem na África, e das dificuldades que ainda existem, segue relato de David Schütze, do dia 17 de julho:


“Quero contar um pouco para vocês não sobre a minha viagem, nem dos pequenos progressos que espero estarmos fazendo, a conta-gotas. Quero contar (denunciar) um pouquinho sobre as crianças daqui, as crianças Ndau, as crianças do Moçambique.
O que eu escrevo eu não li e nem ouvi de histórias, eu vi com meus próprios olhos:
Bem, suas mães sequer sabem como engravidaram. Nunca ninguém lhes falou a respeito. Para elas seus filhos estão dentro delas e, ao dormir com o marido, eles crescem dentro de seu ventre, como quase que num prelúdio de toda a tragédia que está por vir.
As mães, ou avós ou tias, não montam qualquer enxoval. Os filhos são criados enrolados numa única capulana, faça frio, faça calor. Com três meses de idade, vão amarradas nas costas de suas mães para a maxamba (roça). Lá ficam por horas e horas esprimidas, suadas e maltratadas enquanto sua mãe cultiva a seca terra debaixo de sol forte. Fazem suas necessidades ali mesmo, choram e choram. A mãe, completamente alheias às fezes, urina, suor e lágrimas que escorrem pelo seu corpo e do filho, continua até quando for necessário. Tomam água contaminada, comem farinha com água e com cinco meses já estão com sérios problemas de subnutrição.
Muitas morrem de AIDS sem os pais sequer saber o motivo da sua morte, pois nunca fizeram o exame CD4. Outras órfãs da AIDS vagam de aldeia em aldeia onde buscam um pouco de comida, um pouco de calor.
Órfãs ou não, lavam suas próprias roupas no rio, sem sabão e as vestem novamente molhadas. Na única refeição diária que recebem (quando muito), comem somente após os adultos e ficam com as sobras. Andam o dia inteiro roendo cana, mandioca, ou qualquer raiz ou inseto que encontram para matar a fome.
Os órfãos com quatro ou cinco anos (e são tantos) tem que fazer sua maxamba, sozinhos para sobreviver. Suas mãozinhas calejadas lembram um pedreiro de 20 anos de casa.
De noite, se reúnem em volta da fogueira, sozinhas. Não por diversão, mas porque sentem frio. Dormem perto do fogo e, por conta disso, vários são os acidentes com queimaduras graves. São iguarias nas mãos de feiticeiros, onde são oferecidas em sacrifícios, ou liquidadas em promoções de por até 2000 meticais (menos de 200 reais).
Não tem qualquer voz, não tem qualquer respeito. São condenadas a crescer nesse meio e repetir o mesmo erro com seus filhos, num ciclo sem fim, previsto para ser eterno.
E sorriem o tempo inteiro. Sorriem, como meu amigo de futebol na foto. Sorriem, pois talvez é a única coisa que os adultos não podem tirar delas. Olham para você e seus olhinhos transbordam amor, mesmo sem ninguém nunca ter lhes ensinado o significado dessa palavra…”

David, 17.07.2012

 

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